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Helen Mirren esbanja serenidade ao defender que nenhum sucesso dura pra sempre

A atriz Helen Mirren, de 68 anos, diz: "Em uma hora, você está por cima; em outra, por baixo. Precisa se acostumar"

Por Mariane Morisawa (colaboradora)
Atualizado em 31 out 2016, 11h32 - Publicado em 22 set 2013, 22h00

Em cena de Red – Aposentados e Perigosos, que agora tem continuação
Foto: Michael Gibson

Helen Mirren já foi bruxa, em Excalibur; detetive, no premiado seriado de TV Prime Suspect; e rainha algumas vezes – Charlotte, em As Loucuras do Rei George; Elizabeth I, na série de mesmo nome; e Elizabeth II, em A Rainha e na peça The Audience, que encerrou recentemente temporada em Londres. Recebeu praticamente todos os prêmios importantes: Oscar, Globo de Ouro, Emmy e Laurence Olivier, além do título de “dame”, o equivalente para as mulheres da conhecida honraria britânica “sir”. Mas, aos 68 anos, a atriz ainda acha uma brecha na carreira para se divertir empunhando fuzis enormes e dando conselhos sentimentais no divertido Aposentados e Ainda Mais Perigosos, uma das estreias deste mês. No filme de Dean Parisot, que é uma continuação de Red – Aposentados e Perigosos (2010), ela interpreta Victoria, recrutada para perseguir dois amigos, os agentes aposentados Frank Moses (Bruce Willis) e Marvin Boggs (John Malkovich), que procuram aparatos nucleares perdidos. “A maior atração de participar desse filme é trabalhar com gente assim”, diz Mirren, que, por pena de “perdê-los”, tentou convencer o diretor a reduzir a matança da trama. “Falei que, se era para atirar neles, que fosse só para incapacitá-los por um tempo”, conta, aos risos.

Atriz reconhecida, que está na estrada desde os anos 1960, Helen sabe bem que qualquer carreira é feita de altos e baixos. Histórias de família reforçam essa lição e ajudam a manter seus pés bem firmes no chão. O avô paterno de Ilyena Lydia Mironov (o nome real da atriz) era um oficial do Exército Imperial Russo e diplomata, mas teve de trabalhar como taxista na Inglaterra depois que a Revolução Comunista estourou no país dele. O pai, Vasily, tocava na Filarmônica de Londres e, após a Segunda Guerra Mundial, também teve de se virar como taxista. A maturidade e a sabedoria que vem com ela são fatores importantes no seu longo casamento com o cineasta Taylor Hackford, que ela conheceu quando estava com 41 anos e com quem se casou há 16. Em geral, os dois dividem o tempo entre Los Angeles, Londres e uma casa no sul da Itália. Mas foi em Nova York, serena e usando vestido e casaquinho creme, que Helen falou a CLAUDIA.

Sua personagem adora dar conselhos. Você é boa nisso?

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Sou muito boa. Quer dizer, eu ouço as pessoas. É perigoso dar conselhos, porque as pessoas são profundas e complexas. O principal é ouvir e fazer perguntas em vez de dizer a elas o que fazer. Assim, você ajuda cada um a decidir por si mesmo o que é melhor.

Qual o segredo de casamentos duradouros como o seu?

Lealdade, confiança e dar ao outro a liberdade de ser quem é e fazer o que faz. Não estou falando de fazer o que quiser, mas de exercer a profissão com liberdade e apoio.

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Seu trabalho é uma unanimidade…

(gargalha) Não tenho certeza se é verdade. Faço meu trabalho da melhor forma possível. Se ele ganha elogios e prêmios, fico grata. Se recebe críticas, me sinto mal, acho que sou um fracasso e espero que da próxima vez seja melhor. Mas é um processo. Minha vida e minha carreira sempre foram de altos e baixos. Em uma hora, você está por cima e, em outra, por baixo. Precisa se acostumar.

Você tem algum medo?

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Às vezes, homens me dão medo. Mas é um tipo específico de homem, com muita testosterona, que são bullies. Você não quer encontrar um desses num beco escuro. Bêbados também me dão medo.

Você já foi símbolo sexual. Isso atrapalhou a carreira?

Quando eu era mais jovem, sim. Eu nunca disse nada, mas acho que aconteceu. É ruim se colocam você em um escaninho. E eu não procurei isso, não vendi isso. Se você olhar meu trabalho, nunca foi nessa direção. Ainda assim, muita gente tem mente estreita e julga. Você tem de aceitar e deixar que as pessoas pensem o que quiserem.

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As coisas mudaram muito para as mulheres?

No mundo ocidental, sim.

Mas as mulheres ainda sofrem muita pressão para serem sexy, bonitas e tudo o mais.

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Sempre foi assim e não acredito mesmo que muita coisa tenha mudado nesse sentido. A humanidade adora a beleza, embora ela seja apenas uma de suas muitas qualidades. Claro que é algo bastante valorizado na nossa sociedade. Mas acho que outras qualidades são apreciadas também, só que de maneira mais discreta. O fato é que hoje há mulheres doutoras, cientistas, CEOs. E não são todas modelos. Então, ninguém deve se desesperar.

Embora não tenha filhos, o que acha da pressão sobre a mulher para ser boa profissional e também boa mãe?

É um grande desafio e sempre será o maior para as mulheres. A única maneira de conseguir investir em ambos os projetos é contratar alguém para cuidar dos filhos. Mas, até que parem de amá-los (sorri, mostrando que sabe ser impossível), elas nunca vão conseguir ter tudo.

Sua família é da classe trabalhadora. O que isso ensinou?

Fui bastante privilegiada porque minha família não tinha dinheiro sobrando. Quando meu pai morreu, não havia um tostão. Nada. E acho isso um privilégio. Tinha muito amor na minha família, o que é bem mais importante do que dinheiro. Eu sempre fui ensinada a cuidar de mim. Não tive ajuda financeira. Até foi bom, porque ser independente é fundamental para o ser humano.

No filme, alguns personagens estão aposentados. Isso passa pela sua cabeça de vez em quando?

Passa, com frequência. Tenho vontade de fazer algo totalmente diferente. Mas, aí, você sabe… Meu marido sempre diz: “Você nunca vai se aposentar, porque, enquanto chamarem, vai trabalhar”. Nesse meu negócio, porém, eles podem aposentar a pessoa. Em geral não é você que decide se aposentar, mas a indústria. Cedo ou tarde, isso deve acontecer. E aí vou cuidar do jardim (sorri).

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