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Como evitar que a sinceridade no trabalho atrapalhe sua carreira

Para a colunista Cynthia de Almeida, existe um padrão de bons modos que recomenda evitar dizer sempre aquilo que vem à cabeça. Ignorá-lo pode acabar em "sincericídio" corporativo

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 31 out 2016, 11h32 - Publicado em 3 set 2013, 22h00

“Temos que estar conscientes de que a transparência é até mais transgressora do que a mentira”, afirma a colunista
Foto: Getty Images

Insinceridade é como gravidez: nenhuma mulher fica meio grávida assim como ninguém é meio sincero. Se a palavra não admite gradações e a antítese do termo atende pelo embaraçoso nome de hipocrisia, não deveria existir, a princípio, qualquer restrição ao seu uso pleno. No entanto, há uma linha tênue entre a sinceridade e o “sincericídio” – e uma grande controvérsia sobre os reais benefícios da verdade sem filtros. Como aqui falamos de carreira, deixemos de lado a questão da franqueza no âmbito pessoal e vamos analisar sua prática no ambiente de trabalho.

Lembro de uma jovem profissional muito sincera que, certo dia, perguntada sobre a razão de seu atraso ao chegar a uma reunião respondeu, com absoluta honestidade, que as pessoas com quem ela almoçara não estavam com pressa e, assim, a refeição acabara sendo bem mais longa do que o previsto. O subtexto: “Gente, estava mais divertido lá com eles do que aqui”. Por mais verdadeira que fosse, a resposta soou inadequada, quase insolente. Naquele momento, para a maioria dos presentes, ficou decidido que a moça não tinha o grau de comprometimento exigido pelo cargo que ocupava. E, pior, nenhuma habilidade política para contornar um eventual deslize de agenda com uma desculpa aceitável, embora mentirosa – sua falta, aliás, revoltou a todos mais do que o atraso. Veredicto imediato: corporativamente culpada.

Exposição inconsequente

Alguém ali poderia, entretanto, pensar fora da caixa e ver na resposta honesta uma postura ética, valor imprescindível no exercício de qualquer função. Ou apreciar a originalidade surpreendente da resposta. Mas, se a moça ganhou pontos nesses quesitos, não foram suficientes para beneficiar sua carreira no grupo. Para sorte ou azar dela, teve vida brevíssima por ali. Desnecessário dizer que a jovem era uma autêntica representante da geração Y (de nascidos a partir dos anos 1980), pouco treinada no jogo “meio sincero” do mundo profissional. Não era burra ou cínica, mas iludida por uma falsa valorização da total exposição pessoal – induzida a erro pela cultura das redes sociais, que faz crer que nossa vida é sempre um post aberto.

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A conclusão do desfecho desse episódio tão prosaico não é a simples vitória do cinismo sobre a franqueza. É a constatação de que, ao impormos a verdade sem condescendência, temos que estar conscientes de que a transparência é até mais transgressora do que a mentira. E, para chegarmos aonde planejamos, devemos pensar e agir de modo estratégico: quando, como e com quem seremos corajosamente sinceros? A arte de escolher bem os interlocutores e saber quem é merecedor da nossa transparência irrestrita é uma ferramenta poderosa para alcançar objetivos. Um mentor jamais recomendaria o “sincericídio” como argumento de negociação ou justificativa de uma falha menor.

Veja bem: não se trata de fazer apologia da inverdade, mas de saber que há um padrão, digamos, de bons modos, um manual de civilidade que nos recomenda evitar dizer com todas as letras aquilo que nos vem à cabeça. As nossas relações – de casamentos e amizades a empregos – não resistiriam a um surto de verdades sem filtro.

Cynthia de Almeida é jornalista e estudiosa do comportamento feminino
 

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