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5 xingamentos machistas que a gente devia parar de usar

Que tal parar de meter a mãe dos outros na briga, por exemplo?

Por Júlia Warken
Atualizado em 20 jan 2020, 10h41 - Publicado em 10 jul 2017, 19h47
Closeup portrait of angry annoyed woman raising hand up to say no stop right there isolated on gray background. Negative human emotion facial expression (SIphotography/Getty Images)
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Já reparou que mesmo na hora de ofender um homem, o senso comum acaba ofendendo a mãe dele, por exemplo? Vide o xingamento mais popular do Brasil: “filho da puta”.

Muitas vezes, algumas expressões acabam fazendo parte do nosso vocabulário e a gente nem se dá conta sobre o que elas realmente significam. Mesmo assim, nunca é tarde para rever conceitos, né? Então confira aqui cinco xingamentos que deviam ser abolidos das nossas vidas:

1. Puta e vadia

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É bem verdade que, de tão usado, em alguns casos esse xingamento já nem está mais ligado à conotação sexual. É muito diferente dizer “ela é bem vadia, beijou cinco caras na mesma noite” e “você acredita que aquela vadia não me convidou para o aniversário dela?”.

“Puta” e “vadia” muitas vezes podem substituir o “cretina”, por exemplo, o que isenta a raiz da questão: essas palavras ganharam conotação negativa, pois denotam que é errado uma mulher se relacionar com vários homens. É aquela velha história: um cara que pega todas é O CARA, uma mina que pega todos é rechaçada por isso.

2. Mal comida

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Pare e pense: se a mulher tem uma vida sexual intensa, vários parceiros, dona de si… ela é puta. E isso é ~muito feio~, segundo o senso comum. Por outro lado, se a mina está irritada e/ou falando o que pensa, sem paciência com desaforo… aí ela é mal comida. Ou seja: deveria estar ~dando mais~. E esse paradoxo é só um dos problemas do famigerado termo “mal comida”.

Mas, talvez, o mais desconcertante seja: por que a ~culpa~ pelo suposto sexo ruim recai só sobre a mulher? Em primeiro lugar, sexo ruim não deveria nem ser usado como pretexto para atacar alguém, mas já que está sendo usado… esse xingamento não deveria recair sobre o homem que está “comendo mal”?

3. Filho da puta

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Esse xingamento envolve dois pontos bem problemáticos. Primeiro, porque ele obviamente xinga a mãe da pessoa que você está tentando ofender. Qual o sentido nisso? O que ela tem a ver com a situação?

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Em segundo lugar: mais uma vez a ofensa diz respeito à sexualidade da mulher – ou ao fato de ela trabalhar como prostituta, dependendo do ponto de vista. Até quando, minha gente?

4. Corno

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Se não xinga a mãe do sujeito, aí xinga a esposa. Parabéns, humanidade!

“Ah, mas, nesse caso, você está dizendo que o cara é tão tosco que a mulher dele tem um amante. Ou seja: o xingamento é totalmente direcionado a ele”, dirão alguns. E a gente volta a repetir: apenas pare de meter as mulheres nos xingamentos. O que elas têm a ver com a situação?

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5. Viado

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Não precisa nem explicar muito, né? A partir do momento em que a homossexualidade é usada como xingamento, isso é um problema muito claro. E, recentemente, a torcida Paysandu, time de futebol de Belém do Pará, mostrou que é possível evoluir nesse sentido. Em pleno jogo, o pessoal da arquibancada abriu uma bandeira LGBT e depois a torcida lançou um comunicado pedindo desculpas pelas letras homofóbicas que usava para desmoralizar o time adversário.

Essa atitude louvável, vinda do Pará, é a prova de que faz sentido repensar certas expressões e descartá-las, sem perder a esportiva. De uma vez por todas, a gente precisa compreender que palavras não são simplesmente inofensivas. Elas fazem parte de uma construção cultural que, lá na ponta, está gerando discriminação e violência.

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