A mortalidade por infarto já é praticamente igual entre homens e mulheres nas grandes cidades
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Mais mulheres devem se enquadrar na categoria de alto risco de sofrer doenças cardiovasculares com as novas metas de níveis de colesterol ruim (LDL, a lipoproteína de baixa densidade) que serão apresentadas durante o Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, no próximo dia 28, no Rio de Janeiro.
A 5ª Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose estabelece classificações de risco para permitir o controle dos níveis de colesterol e prevenir as doenças cardiovasculares. No documento anterior, o alto risco, tanto para homens quanto para mulheres, se aplicava quando havia probabilidade de mais de 20% de ocorrer infarto, acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca nos próximos 10 anos. Agora, a regra para os homens se manteve, mas a situação das mulheres já é considerada de alto risco se essa probabilidade for de 10%.
PRIMEIROS SINAIS
Mudamos a classificação porque o risco para a mulher estava subestimado, explica o editor da Diretriz, o cardiologista Hermes Toros Xavier. Para o médico, os homens estão mais atentos aos riscos de eventos cardiovasculares porque foram o alvo das campanhas de conscientização. Mas as mulheres mudaram seu estilo de vida rapidamente e hoje vivem praticamente nas mesmas condições que os homens, tão ou mais afetadas por fatores de risco, como obesidade e tabagismo, quanto eles. De fato, uma pesquisa do Ministério da Saúde mostrou que, entre 2006 e 2012, a obesidade aumentou mais entre as mulheres (de 11% para 18%) do que entre os homens (de 11% para 16%) e o tabagismo caiu menos dentre a população feminina (de 12% para 9%) do que entre a masculina (19% para 15%).
Nas grandes cidades, já quase não há diferença entre a mortalidade por infarto entre homens e mulheres, segundo Xavier. O problema é agravado porque as mulheres não ficam atentas aos primeiros sinais de infarto, ao contrário dos homens, que costumam desconfiar logo que aparece algum sintoma, como a dor no peito que se espalha pelo braço, pescoço e costas, desencadeada por um esforço físico ou emoção forte. Identificar esses sinais é fundamental porque, em metade das ocorrências, o infarto é a primeira manifestação da doença cardiovascular e 24% das pessoas morrem antes mesmo de chegar ao hospital. E quem sobrevive precisa redobrar o cuidado: 60% das vítimas de ataque cardíaco morrem menos de um ano depois do evento.
O RISCO NA MENOPAUSA
A mulher se preocupa mais com Papanicolau, mamografia, reposição de cálcio, etc. Tudo isso é importante, mas ela precisa ficar atenta à condição cardiovascular, principalmente a partir da menopausa. Nessa fase, ela perde a proteção proporcionada pelos hormônios estrogênicos, relacionados à menstruação, afirma Xavier. O livro Coração de Mulher, lançado pelas revistas Saúde e Claudia, explica que o estrogênio é antioxidante e, por isso, impede que o colesterol se fixe nas paredes dos vasos. São principalmente as mulheres acima dos 45 anos que a mudança na meta de colesterol deve afetar. Na prática, quem se enquadra na faixa de alto risco começa a ingerir medicamentos, as estatinas, que evitam a formação de placas de gordura e faz com quem muitas das já existentes regridam.
Contudo, o melhor remédio ainda é a prevenção. Fique atenta aos fatores de risco, elencados abaixo, cultive hábitos alimentares saudáveis, abandone o sedentarismo e visite anualmente um cardiologista.
FATORES DE RISCO
– Nível de colesterol LDL
– Hipertensão
– Diabetes
– Tabagismo
– Obesidade
– Sedentarismo
– Histórico de doença cardíaca na família
AS NOVAS METAS (em miligramas por decilitro de sangue, mg/dL )
Risco alto: abaixo de 70
Risco intermediário: abaixo de 100