“O fortalecimento espiritual faz uma diferença e tanto.’ Foi com essa mensagem que a médica hematologista, professora de meditação guiada e escritora Regina Chamon, abriu a programação da última edição da Casa Clã MAMA 2024, evento feminino voltado a debates sobre autocuidado e prevenção do câncer de mama.
O evento, realizado no último dia 04 de outubro, no Casarão Higienópolis, em São Paulo, contou com talks promovidos em parceria entre CLAUDIA e VEJA SAÚDE, reunindo diversos profissionais da saúde e pacientes contra a desinformação e a promoção de práticas de bem-estar para pacientes diagnosticadas com a doença.
Entre as experiências oferecidas na programação, uma sessão de meditação guiada, conduzida por Regina, foi destaque no debate sobre como a prática milenar pode ser considerada uma alternativa restauradora na saúde física e psíquica de mulheres em tratamentos oncológicos.
Na prática, que contou com cerca de 50 convidados participantes, a hematologista reforçou as evidências positivas que auto meditação oferece durante as etapas de adaptação à sessões de quimioterapia e radioterapia.
“Durante o tratamento oncológico, é comum os pacientes relatarem diversas barreiras que resultam em alterações consideráveis na saúde, para além dos efeitos colaterais já conhecidos”, revela a hematologista que é mestre em saúde integrativa e autora do livro Meditação e Saúde: Dos mosteiros aos consultórios médicos, que dinamiza de forma científica a prática da meditação para além do exercício de autoconhecimento.
“Entre as principais queixas, 70% dos pacientes já relataram terem dificuldades para pegar no sono, terem enfrentado crises de ansiedade ou sentiram tensões musculares tão intensas que dificultavam a locomoção ou o sono. A meditação, no caso, entra como uma espécie de regulador dessas emoções, ajudando diminuir essas barreiras e trazendo alívio para momentos de estresse”, comenta.
De acordo com a Sociedade de Oncologia Integrativa, um outro sintoma bastante comum relatado, principalmente, por mulheres diagnosticadas com câncer de mama é o chamado Chemo Brain, alteração cognitiva que, segundo Chamon, prejudica não só a memória de algumas pacientes mas também a capacidade de raciocínio após sessões medicamentosas.
“Os exercícios mentais servem justamente para isso, como um treino de fortalecimento da mente. Seja com palavras cruzadas, sudoku, jogo da memória ou a própria meditação, essa redução significativa de estresse potencializa a melhorar a adesão ao tratamento, e consequentemente, o bem-estar do paciente”, pontua Regina.
Meditação como um ato de cuidado
Com todo cuidado informativo que o tratamento oncológico necessita, a médica ressalva que a meditação não substituí a prática de um acompanhamento psicológico especializado, já que cerca de 21,4% das pacientes diagnosticadas com câncer de mama, segundo o Observatório de Saúde Pública, estão sujeitas a desenvolverem quadros depressivos e ansiosos durante o tratamento.
“Cada dia é um novo estado para quem está em tratamento e, trabalhar essas virtudes, sentimentos, dificuldades e qualidades fazem parte da meditação. Isso não significa que devem ser negligenciadas pois vai depender muito de cada pessoa”, pontua.
“A observação do estado emocional nos ajuda a entender a necessidade psíquica de cada paciente nesse momento. Meditar não é um ato religioso, mas sim um ato de compaixão, de exercício da religiosidade em si mesmo”.
No podcast Desestresse, idealizado por Regina Chamon, a especialista reforça por meio de debates entre convidados a importância dessa prática para acessibilidade de bem-estar entre pacientes em tratamento contra o câncer e outras condições médicas de tratamentos extensos.
A seguir, confira uma playlist com alguns dos episódios que destacam essa prática como uma alternativa restaurativa durante tratamentos médicos.
Para mais informações sobre diagnósticos, prevenção e desmistificação sobre tratamento contra o câncer de mama, conheça o Manual “Culturas de prevenção do câncer de mama” lançado na última edição da Casa Clã MAMA 2024.
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