Guia antiressaca: O que fazer antes e depois de beber
Alimentos, bebidas e outras recomendações importantes para evitar os efeitos desagradáveis no pós-festas
Quantas confraternizações as pessoas costumam ter no fim do ano? Muitas vezes, estas reuniões descontraídas são acompanhadas de muitas taças de champanhe, drinks elaborados, ou copos e copos de cervejas. Afinal, comemoram-se muitas conquistas e também se descontam muitas frustrações passadas ao longo do ano. Tudo isso, é claro, não deixa de ser acompanhado de sintomas terríveis no dia seguinte! Há, no entanto, esperança: aqui, preparamos um verdadeiro guia antiressaca para por em prática!
Infelizmente, o excesso de álcool desta época tão festiva pode acarretar em sintomas desagradáveis para o corpo e para a mente, a famosa ressaca. Por isso, para ajudar no pré e nos pós-consumo de bebidas alcoólicas, preparamos um guia completo com informações importantes para ter um ‘day-after’ muito melhor. Confira!
O que acontece no nosso corpo quando bebemos?
Segundo Giovanna Carpentieri, médica endocrinologista e metabologista da Clínica Vivere Sanus, o consumo de álcool em níveis tolerados, de acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), pode ter efeitos variados no corpo.
“A OMS define o consumo moderado de álcool como até 20 gramas de álcool puro por dia para os homens, o equivalente a 2 taças de vinho ou 1 dose de destilados ou 2 cervejas, e até 10 gramas para as mulheres. É importante notar que essas recomendações podem variar entre diferentes países e organizações de saúde”, explica a endocrinologista.
Algumas possíveis alterações no corpo associadas ao consumo moderado de álcool podem estar associadas ao cérebro e ao corpo, como proporcionar um efeito relaxante e de desinibição, devido à depressão do sistema nervoso central; possível melhora na circulação sanguínea cerebral em pequenas quantidades; e dilatação dos vasos sanguíneos, o que pode resultar em uma leve redução da pressão arterial.
Dentre os possíveis efeitos negativos do baixo consumo estão a irritação do revestimento do trato gastrointestinal em algumas pessoas, afetar o padrão de sono, interferindo na qualidade do descanso, além de contribuir para o ganho de peso.
“É crucial notar que o impacto do álcool no corpo varia entre indivíduos, dependendo de fatores como genética, saúde geral, idade e outros hábitos de vida. Além disso, qualquer quantidade de álcool pode representar riscos para certas pessoas, como mulheres grávidas e indivíduos com certas condições médicas”, aponta Giovanna.
E quando bebemos em excesso?
O consumo excessivo de álcool pode ter uma variedade de efeitos prejudiciais à saúde, afetando vários sistemas do corpo. Aqui estão alguns dos principais efeitos maléficos do álcool quando consumido em excesso:
- Problemas Hepáticos: Esteatose Hepática. Hepatite Alcoólica. Cirrose.
- Problemas Cardiovasculares: Hipertensão. Arritmias.
- Problemas Gastrointestinais: Pancreatite. Gastrite e Úlceras.
- Problemas Neurológicos: Dificuldades Cognitivas. Neuropatias.
- Problemas Psicológicos: Dependência e Abuso.
- Problemas de Saúde Mental: O álcool pode agravar condições como depressão e ansiedade.
- Problemas no Sistema Reprodutivo: Disfunção Sexual.
- Riscos na Gravidez: Pode causar danos ao feto durante a gravidez.
- Problemas Renais:
- Aumento do Risco de Doença Renal.
Isso tudo, claro, quando pensamos no efeito em médio e longo prazo. No curto, ou seja, dia seguinte, o mais comum é sofrer com a chamada ressaca, também conhecida como veisalgia, nome dado ao conjunto de sintomas desagradáveis que muitas pessoas experimentam após consumir uma quantidade excessiva de álcool.
Esses sintomas podem variar de leves a intensos e incluem dor de cabeça, náusea, fadiga, boca seca, sensibilidade à luz e tontura. A médica ressalta que, embora a ressaca seja um fenômeno comum, os mecanismos exatos que a causam ainda não são completamente compreendidos.
Em termos técnico, conforme explica a nutróloga Liliane Oppermann, a ressaca tem três fatores, que são o acúmulo de um metabólito tóxico na circulação, o acetaldeído; a diminuição da taxa de glicose, algo que gera uma hipoglicemia e causa fraqueza e tremedeira; e desidratação, que acarreta na alteração de eletrólitos, que são minerais que circulam no organismo. “São esses três fatores que geram os famosos sintomas da ressaca”, destaca Liliane.
Principais sintomas da ressaca (e seus motivos)
- Desidratação: O álcool é um diurético, o que significa que aumenta a produção de urina e pode levar à desidratação. A desidratação pode contribuir para sintomas como dor de cabeça e boca seca.
- Inflamação: O consumo excessivo de álcool pode levar a uma resposta inflamatória no corpo, que pode contribuir para a sensação de mal-estar.
- Efeito no Sistema Nervoso Central: O álcool afeta o sistema nervoso central, e quando seus efeitos diminuem, pode ocorrer uma espécie de “rebote”, que contribui para sintomas como irritabilidade e insônia.
- Disruptores do Sono: O álcool pode interferir no ciclo de sono, resultando em uma qualidade de sono reduzida. Isso pode contribuir para a fadiga e a sensação de cansaço durante a ressaca.
- Inflamação Gastrointestinal: O álcool pode irritar o revestimento do trato gastrointestinal, contribuindo para náuseas e desconforto abdominal.
- Liberação de Citocinas: O álcool pode desencadear a liberação de certas substâncias, como citocinas, que desempenham um papel na resposta inflamatória do corpo.
O urologista e sexólogo Danilo Galante faz questão de ressaltar que o rim é uma espécie de filtro do nosso corpo. “Ele filtra o sangue, retirando toxinas, que são excretadas junto com um pouco de água, que saem pela urina. O objetivo do rim é segurar a água, ação feita pelo hormônio antidiurético, secretado pelo hipotálamo. O álcool tem duas questões, que é a de diminuir a produção do hormônio antidiurético, algo que faz com que o rim elimine mais água, fazendo com que a pessoa vá mais ao banheiro, além da produção de toxinas. É mito que a gente achar que as bebidas alcoólicas melhoram a função do rim ou que elas aumentam a quantidade de urina. Na verdade, elas atrapalham”, reforça Danilo.
Como não ter ou diminuir a ressaca
Os especialistas explicam que, embora não haja uma maneira garantida de evitar completamente a ressaca, algumas dicas podem ajudar a diminuir a probabilidade de experimentar sintomas intensos ou prolongados. Aqui estão algumas dicas para o pré e o pós-consumo de álcool:
Pré-Consumo de Álcool
- Coma antes de beber: Ter alimentos no estômago pode ajudar a diminuir a absorção do álcool, reduzindo assim seus efeitos.
- Hidrate-se: Beba água antes de começar a consumir álcool e intercale bebidas alcoólicas com água durante a noite para evitar a desidratação.
- Escolha bebidas com menor teor alcoólico: Optar por bebidas com menor teor alcoólico pode reduzir a quantidade total de álcool ingerida.
- Evite misturas açucaradas: Bebidas açucaradas podem aumentar a desidratação e intensificar os efeitos da ressaca. Tente escolher misturas mais leves.
- Conheça seus limites: Esteja ciente dos seus limites pessoais e evite consumir álcool em excesso.
Pós-Consumo de Álcool
- Hidrate-se continuamente: Beba bastante água antes de dormir e no dia seguinte para compensar a desidratação causada pelo álcool.
- Coma alimentos nutritivos: Consuma alimentos leves e nutritivos para ajudar a repor vitaminas e minerais essenciais.
- Evite cafeína antes de dormir: A cafeína pode interferir na qualidade do sono. Evite bebidas cafeinadas antes de dormir.
- Suplementos: Alguns suplementos, como vitamina B e C, podem ajudar a aliviar os sintomas da ressaca. Consulte um profissional de saúde antes de tomar suplementos.
- Descanse: Dê ao seu corpo tempo para se recuperar. Descanse o suficiente para permitir que o corpo se recupere do estresse causado pelo álcool.
- Evite mais álcool: Resistir à tentação de continuar bebendo para “curar” a ressaca. Isso só pode piorar a situação.
- Analise seus padrões de consumo: Considere revisar seus padrões de consumo de álcool se você estiver experimentando ressacas frequentes.
- Medicações sintomáticas: Medicamentos de venda livre, como analgésicos e anti-inflamatórios, podem ajudar a aliviar sintomas específicos, mas evite o uso excessivo
O que comer na ressaca
Quando se está lidando com uma ressaca, é essencial reabastecer o corpo com nutrientes e líquidos para ajudar a aliviar os sintomas. A nutricionista Camila Malacrida preparou uma lista de alimentos e bebidas para lidar melhor com uma ressaca.
- Alimentos ricos em eletrólitos: Bebidas esportivas ou água de coco podem ajudar a repor os eletrólitos perdidos durante a intoxicação alcoólica.
- Bananas: Elas são ricas em potássio, que pode estar em falta devido à desidratação. Além disso, as bananas são suaves para o estômago.
- Ovos: Contém cisteína, que pode ajudar a quebrar as toxinas remanescentes do álcool no corpo.
- Aveia ou pão integral: Esses alimentos podem ajudar a estabilizar os níveis de açúcar no sangue, que podem estar desequilibrados após a ingestão de álcool.
- Sopas leves ou caldos: Podem ser reconfortantes e ajudar na hidratação.
- Frutas cítricas: Elas contêm vitaminas e antioxidantes que podem ajudar a reabastecer o corpo.