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Vírus do beijo pode provocar doença autoimune grave, aponta estudo

A vacina contra o Epstein-Barr, conhecido como vírus do beijo, poderia impedir o surgimento de esclerose múltipla

Por Kalel Adolfo
14 jan 2022, 18h15
Epsteinn-Barr
Epsteinn-Barr (MEpedia/Reprodução)
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A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o cérebro, os nervos ópticos e até mesmo a medula espinhal. Segundo pesquisadores da Escola de Saúde Pública TH Chan, de Harvard, nos Estados Unidos, a enfermidade é provocada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), responsável pela famosa “Doença do Beijo”. A informação foi divulgada na renomada revista Science.

De acordo com Alberto Ascherio, professor de epidemiologia e nutrição e autor sênior do artigo, esse é o primeiro estudo que fornece evidência sólidas da causalidade entre as duas condições: “Esse é um grande passo, porque sugere que grande parte dos quadros de esclerose múltipla podem ser evitados ao interrompermos a contaminação pelo EBV, e que direcionar (as pesquisas) ao vírus pode levar a descoberta de uma cura”, explicou no artigo.

Infelizmente, acredita-se que 95% da população adulta já se contaminou com o vírus do beijo em algum momento da vida. Febre, fadiga, inflamação da garganta e inchaço dos linfonodos estão entre os sintomas mais comuns. Algumas pessoas podem notar placas esbranquiçadas na boca. Portanto, é importante investigar a relação a fundo.

Como os pesquisadores comprovaram uma possível conexão entre as doenças

Para comprovar a relação entre os quadros, os pesquisadores reuniram mais de 10 milhões de jovens adultos que estavam trabalhando ativamente nas Forças Armadas dos EUA. Desses, 955 receberam o diagnóstico de esclerose múltipla durante o tempo de serviço. Depois, a equipe passou a analisar amostras de soro coletadas a cada dois anos dos militares.

Com isso, foi possível determinar o status de EBV no momento da primeira amostra e a relação entre a contaminação pelo vírus e o surgimento da esclerose múltipla. A conclusão? O risco de desenvolver esclerose foi 32 vezes maior em quem possuía o EBV no corpo. Caso o indivíduo fosse infectado por outro vírus, o risco permanecia inalterado.

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Além disso, os níveis séricos da cadeia leve do neurofilamento — uma espécie de biomarcador que acompanha uma degeneração nervosa típica da EM — aumentaram bastante após a contaminação pelo EBV. Os cientistas afirmam que as descobertas não podem ser explicadas por nenhum outro fator de risco.

Para completar, Ascherio afirma que o intervalo entre a infecção pelo EBV e o início da esclerose é longo porque os sintomas da doença autoimune demoram para aparecer. “Atualmente, não há como prevenir ou tratar efetivamente a infecção pelo EBV, mas uma vacina contra o vírus ou medicamentos antivirais específicos para ele poderiam prevenir ou curar a esclerose múltipla”, concluiu Ascherio.

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