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Câncer de mama antes dos 50 anos chega a 40% dos casos

Enquanto isso, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Mastologia divergem sobre a idade mínima dos exames preventivos.

Por Priscila Doneda
Atualizado em 21 jan 2020, 03h29 - Publicado em 20 out 2016, 11h51
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Um levantamento inédito realizado pelo A.C. Camargo Cancer Center ressaltou a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, levando em conta o quanto isso está relacionado com a possibilidade de cura. Os principais pontos do estudo revelam que 11,4% das pacientes foram diagnosticadas até os 39 anos e 28,7%, entre 40 e 49 anos. Assim, quatro entre dez pacientes souberam da doença antes dos 50 anos.

Para a análise, a equipe de Epidemiologia e Departamento de Mastologia do hospital de São Paulo, que é especializado no tratamento desse tipo de câncer, contou com 4527 pacientes diagnosticadas e tratadas na instituição entre 2000 e 2010. Vale destacar, no entanto, que, apesar de ser considerada uma instituição que é referência mundial em oncologia, a pesquisa não reflete o cenário do país como um todo.

Esses dados colocam em pauta uma questão já debatida anteriormente: a idade com a qual a mulher deve começar a fazer os exames preventivos. De acordo com o Ministério da Saúde, a mamografia deve ser realizada a partir dos 50 anos e, somente em casos de câncer de mama e/ou ovário na família, essa idade deve ser inferior. Ou seja, se tivessem seguido à risca essas recomendações, 40% das pacientes do hospital não teriam descoberto seus tumores. No entanto, para a Sociedade Brasileira de Mastologia, a idade ideal deve ser 40.

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Na opinião da Dra. Fabiana Baroni Makdissi, cirurgiã oncologista e diretora do Departamento de Mastologia do A.C. Camargo Cancer Center, o assunto é polêmico, mas parece mais adequado começar a prevenção o quanto antes. “Embora o pico de incidência de câncer de mama se dê entre os 50 e 69 anos, uma parcela grande de pacientes é beneficiada pelo diagnóstico precoce antes dessa idade. É importante discutir com o médico especialista as características de cada indivíduo”, reforça.

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A pesquisa ainda traz informações de que 76% dos casos foram detectados precocemente, quando a chance de cura é maior, o que possibilitou o aumento das taxas de sobrevida global em cinco anos entre as pacientes diagnosticadas entre 2005 e 2011, em comparação com os anos de 2000 a 2004. Entre todas as pacientes do período todo (de 2000 a 2011) que descobriram a doença no estágio I, 96,1% estavam vivas após cinco anos. No estágio II, elas eram 89,2%. No estágio III, 71,6%, número que caiu para 30,3% no estágio IV, o mais avançado.

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De acordo com a Dra. Fabiana Baroni, existem alguns fatores de risco que podem fazer parte do quadro. “Ser mulher, estar envelhecendo (já que a doença aparece muito a partir dos 40 e, ainda mais, a partir dos 50), ter a primeira menstruação muito cedo, ter a última menstruação muito tarde, não ter gestações, obesidade, sedentarismo e, claro, o fator hereditário (o que representa uma parcela pequena, já que 80% das mulheres diagnosticadas não têm histórico familiar)”, enumera. Embora não seja possível atuar sobre alguns desses fatores, as mulheres podem tomar certas atitudes quanto aos outros. “Estimular as crianças a praticarem esportes para atrasar a primeira menstruação e controlar obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas pode ajudar”, aconselha.

Atualmente, o câncer de mama é a segunda maior causa de morte entre as brasileiras e o quinto câncer que mais mata no mundo: são 522 mil por ano. De acordo com o Globocan 2012, esse é o câncer mais comum entre todas as mulheres. Por ano, surgem cerca de 1,6 milhão de novos casos, o que representa 25% de todos os cânceres. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 57.960 novos casos da doença em 2016.

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