BBB: como a falta de sexo afeta os participantes do reality
A abstinência sexual pode estimular alterações emocionais quando o indivíduo é sexualmente ativo
Com a exposição dos reality shows, muitos participantes abandonam a prática sexual durante as gravações do programa. No Big Brother Brasil, por exemplo, a maioria das pessoas opta por não transar. E essa abstinência resulta em efeitos psicológicos, segundo uma pesquisa do Journal of Personality and Social Psychology.
O estudo monitorou 100 participantes de reality shows antes e depois deles entrarem no programa. Após dois meses, pessoas sexualmente ativas apresentaram níveis significativamente mais altos de ansiedade e estresse.
A pressão do jogo somada à privação sexual pode estimular grandes mudanças emocionais, segundo Claudia Petry, membro da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana.
“A falta de atividade sexual e de tudo que a cerca, como toques, carícias e estímulos, pode causar uma exacerbação dos sentidos e das emoções, gerando irritabilidade constante”, concorda a sexóloga Bárbara Bastos, pós-graduanda em Sexualidade Humana pelo Child Behavior Institute of Miami.
As consequências variam conforme o indivíduo, uma vez que a sexualidade tem uma importância diferente para cada pessoa, segundo Bárbara. A seguir, listamos as implicações mais recorrentes.
Os efeitos da privação sexual em reality shows como o BBB
Aumento da ansiedade e do estresse
Entre os impactos, o aumento da ansiedade e do estresse é um destaque. “A ausência de sexo inibe a liberação de hormônios responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar, como ocitocina, dopamina e endorfina, assim como eleva os níveis de cortisol, o hormônio do estresse”, diz Claudia Petry, especialista em Educação para a Sexualidade.
Em programas como o BBB, os participantes recebem estímulos para o estresse a todo momento e possuem menos alternativas disponíveis para liberar hormônios do prazer. Nesse contexto, a privação do sexo ganha uma carga muito maior do que fora do reality.
Fome emocional
A fome emocional, consequentemente, entra como válvula de escape para alguns dos participantes. Segundo estudos da escritora e professora Jena La Flamme, publicados em seu livro Pleasurable Weight Loss, a compulsão por doces tem relação com a falta de sexo.
“A preferência é por alimentos ricos em açúcar e carboidratos. Eles oferecem a sensação rápida de prazer, já que ativam o sistema límbico no cérebro, região envolvida com o mecanismo de ‘ganho e recompensa’. Ao comer doces, por exemplo, há uma diminuição momentânea da ansiedade, cujo efeito acaba sendo registrado pelo cérebro como uma solução para lidar com o sintoma”, explica Claudia Petry.
Qualidade do sono
De acordo com um estudo do Journal of Sleep Research, homens e mulheres relataram que o sexo em parceria e a masturbação melhoraram a qualidade do sono. A atividade sexual com orgasmo também reduziu o risco de latência do sono, que é a demora para adormecer.
“O sexo estimula a liberação de prolactina, um hormônio associado à lactação e aos ritmos circadianos”, explica Claudia Petry.
Quando a importância dada a vida sexual é alarmante
“A privação do sexo pode não pesar tanto para algumas pessoas, mas, para outras, pode ser inimaginável ficar uma semana sem ter relações”, diz Bárbara.
Essa necessidade, porém, nem sempre é saudável, e a recomendação é procurar ajuda profissional. “O ideal é buscar um terapeuta sexual, que irá avaliar se sua relação com o sexo é saudável ou se demanda atenção”, finaliza a sexóloga.