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Rádio mulher: mulheres se unem contra violência doméstica no Complexo do Alemão

Mulheres criam rádio comunitária para conscientizar as vizinhas sobre seus direitos e como se proteger contra a violência doméstica, entre dicas de bem-estar e saúde

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 out 2016, 03h08 - Publicado em 21 jul 2014, 22h00

Rádio mulher: mulheres se unem contra violência doméstica no Complexo do Alemão

O microfone: arma para dizer às mulheres que elas têm o direito de ser livres e viver longe de ameaça
Foto: Nana Moraes

A gôndola vermelha içada por cabos percorre poeticamente, até o cume, uma extensão de 3,5 quilômetros sobre as entranhas do Complexo do Alemão, todo banhado de sol. Quanto mais alto sobe o teleférico, inaugurado há pouco mais de dois anos, mais intrigante o cenário, que mistura a agitação desse conjunto de favelas do Rio de Janeiro e o trânsito calmo das gôndolas – ao todo 152 – levando moradores e turistas.

Numa das seis estações, Palmeiras, fica uma sala ocupada pela Rádio Mulher. Ela abriga a nova parafernália da emissora comunitária: o suporte de banda larga que colocará a programação na web para atingir mais gente, entre os 60 mil moradores. A sintonia, por enquanto, é só no 98,7 FM do dial. As três vozes que comandam a principal atração, Manhã no Complexo, gozam de popularidade na estação. Sheyla Santos, 37 anos, Anatália dos Santos, 51, e Rose Sabino, 56, são “as moças do rádio”.

Cleber Araújo, da barraca de artesanato, adora ouvi-las: “Acho bacana como valorizam a mulher, ensinam as meninas. São informais, é como se conversassem aqui com a gente”. Marilene Silva, responsável por uma horta na região, sugere às âncoras montar ali uma banca com as comidinhas ensinadas no programa. Elas se envaidecem.

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Rádio mulher: mulheres se unem contra violência doméstica no Complexo do Alemão

Foto: Nana Moraes

O trio fala sobre bem-estar, saúde, comportamento. Mas o forte é o combate à violência doméstica, tema espinhoso tratado de um jeito peculiar. A razão: se a rádio adotasse tom policialesco, noticiasse números de vítimas, talvez não tocasse quem precisa saber do direito de viver em paz.

“É para levantar o astral, para que as mulheres se gostem, curtam a vida, conheçam a Lei Maria da Penha (LMP) e se protejam”,

explica Sheyla. “Vai na contramão da mídia, que só vê no Complexo do Alemão tiros e tragédias.”

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Agora, as radialistas estão no pequeno estúdio, que fica bem abaixo da Palmeiras, num casarão do século 19, antiga sede de uma fazenda, no bairro Casinhas. Tensão. Sheyla pede silêncio, o programa já vai começar. Ela conduz os quadros e solta as vinhetas, como esta: “Rádio Mulher, um ambiente comunitário, 24 horas no ar”. Então, respira, liga seu microfone e entra.

10 horas em ponto

“Bom dia! Começa mais um Manhã no Complexo, com muita informação, uma entrevista com a juíza Adriana Ramos, boa música, dicas.” Sobe o som, é Beth Carvalho interpretando Nome Sagrado. A escolha da música teria sido por este trecho, em que o autor, Nelson Cavaquinho, escreve: “Deus, Nosso Senhor, devia castigar o infeliz que faz uma mulher chorar”? Tudo ali é medido e pesado, sim. Anatália emposta um pouco a voz, comenta que a violência doméstica sempre existiu. “A diferença, hoje, é que a mulher denuncia. Não tem mais porque sofrer sozinha.”

É a deixa para Sheyla plugar a gravação da conversa entre Anatália e a magistrada Adriana Ramos, do Primeiro Juizado Especial de Violência Doméstica. Ela conta que nessa vara estão acelerando a expedição da medida protetiva de urgência (que afasta o agressor de casa e estabelece a distância a ser mantida da mulher.) “A lei estabelece prazo de dois dias, nós concedemos em poucas horas”, conta ela.

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