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Malalai: aplicativo analisa se rotas são inseguras para mulheres

"O app está relacionado à liberdade da mulher, mais do que com segurança. A partir do momento que há medo de ir e de vir, a liberdade acaba", diz fundadora

Por Maria Beatriz Melero Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 set 2017, 19h44 - Publicado em 27 set 2017, 10h49
 (Divulgação/Divulgação)
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A busca para garantir segurança às mulheres em seu deslocamento nas grandes cidades está cada vez maior. Por um lado, iniciativas de serviços de carona disponibilizam a opção de motoristas mulheres às usuárias para evitar os recorrentes casos de assédio – e até estupro, como o da escritora Clara Averbuck . Por outro, há ferramentas que visam assegurar a liberdade de mulheres para que elas possam andar pelos centros urbanos com maior segurança. É o caso do aplicativo Malalai.

A ferramenta criada pela arquiteta Priscila Gama, 34 anos, tem como objetivo analisar os pontos positivos e negativos da rota planejada pela usuária em seu deslocamento pela cidade. “A ideia é informar se o caminho escolhido é inseguro para que ela possa tomar a decisão de prosseguir por ele ou não”, explica Priscila.

Para saber quais são os riscos do trajeto, basta que a mulher informe ao sistema do app a localização atual e o destino final. O sistema analisa cinco questões referentes ao caminho desejado: se as ruas são movimentadas, se há policiamento fixo nas proximidades, edificações com porteiros ou estabelecimentos comerciais abertos, trechos com iluminação pública ou ocorrências de assédios ao longo da rota sinalizada.

As informações apresentadas no aplicativo são geradas de forma colaborativa pelas próprias usuárias da ferramenta. “Tentamos contato  com a Secretaria de Segurança Pública, mas é muito difícil conseguir parcerias sem uma base de usuários relevantes”, explica a fundadora do aplicativo, que tem 5 mil downloads no Google Play.

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Origem

A questão da insegurança sentida por mulheres diariamente nos espaços urbanos das cidades tornou-se pertinente para Priscila após duas experiências vividas por ela em 2015. “Foi uma sequência de incômodos.”

A primeira foi a campanha #PrimeiroAssédio, encabeçada naquele ano pela ONG ThinkOlga, que convidava mulheres para relatarem o primeiro assédio que sofreram em suas vidas.

A segunda foi uma viagem feita pela mineira de Belo Horizonte ao Rio de Janeiro para visitar uma amiga. “Desembarquei no Galeão e perguntei à minha colega onde deveria pegar um táxi com maior segurança. Ela me orientou um ponto, mas pediu para que, assim que arranjasse um motorista, que enviasse a placa do carro. Pensei comigo: ‘então não é tão seguro quanto você falou, hein?’.”

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Priscila levou, então, sua história e a proposta do Malalai para a Startup Weekend BH – evento que reúne empreendedores para apresentarem ideias inovadoras. “Entre as 15 ideias apresentadas, a nossa ficou em segundo lugar na competição para projetos a serem desenvolvidos. Dois meses depois do evento, eu e meu sócio estávamos desenvolvendo a ideia sem necessariamente programar, mas fazendo questionários sobre a segurança da mulher”, conta Priscila.

Entre as pesquisa realizadas pelo Malalai com 2 mil brasileiras, a equipe notou que entre os principais comportamentos realizados pelas mulheres ao andarem pelas ruas das cidades estão dar preferência por passar por lugares movimentados, avisar alguém sobre a localização e não mexer no celular por receio de atrair a atenção de outras pessoas.

O medo de mulheres em manusear celulares pelas ruas das cidades fez com que a startup investisse na criação de um aparelho que funcione como o Malalai sem a ajuda do mobile. O lançamento da versão física do aplicativo – uma espécie de pingente – ainda não tem previsão de lançamento e depende de um crowndfounding que será lançado no mês. A campanha de arrecadação de fundos  também contribuirá no desenvolvimento da versão definitiva do aplicativo para Android e para iOS.

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Liberdade para a mulher

Você notou que o nome do aplicativo e o da ativista dos direitos das mulheres Malala Yousafzai, 20 anos, são bem parecidos? Na verdade, a semelhança é intencional.

A paquistanesa serviu de inspiração para Priscila para o batismo da ferramenta que criou em 2015. “A proposta do Malalai está relacionada à liberdade da mulher, mais do que com segurança. A partir do momento que há medo de ir e de vir, a liberdade acaba, bem como as oportunidades de mulher fazer cursos, de ter vida social… E uma das causas da Malala é a luta pela liberdade das mulheres.”

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