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“Resgatar memória é afirmar nossa vida no presente”, diz Luana Alves sobre luta antirracista

A parlamentar planeja retirar homenagens a escravocratas e tornar patrimônio histórico lugares de resistência negra e indígena em São Paulo

Por Ana Carolina Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 Maio 2021, 21h15 - Publicado em 13 Maio 2021, 21h00
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Luana Alves é vereadora da cidade de São Paulo pelo PSOL, feminista negra e psicóloga formada pela Universidade de São Paulo. Foto:  (Douglas Gonçalves/Reprodução)
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Em uma entrevista a CLAUDIA, a artista plástica Jeane Terra, que pesquisa o processo de apagamento de casas e cidades, disse que a memória é algo valioso por abrigar pessoas queridas. A relação dela com os registros do passado vão de encontro com uma preocupação de Luana Alves, vereadora da cidade de São Paulo pelo PSOL e ativista do movimento negro. A parlamentar luta para manter os feitos de seus antepassados e dos povos indígenas vivos em um presente pouco amistoso e respeitoso a esses legados.

“Queria provocar uma reflexão e lembrar que temos heróis negros e indígenas, que nos possibilitaram estar aqui hoje. Resgatar memória é afirmar nossa vida agora”, aponta a parlamentar. A provocação, inspirada por uma demanda antiga de coletivos antirracistas e das manifestações nos EUA e na Inglaterra, em 2020, culminou no projeto de lei 47/2021 criado por Luana.

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(Douglas Gonçalves/Reprodução)

A medida pretende substituir nomes de ruas, avenidas, rodovias, imagens e símbolos da cidade que homenageiam escravocratas ou/e eugenistas presentes na cidade de São Paulo.

“A derrubada de estátuas, monumentos e alteração de nomes de ruas e avenidas que homenageiam algozes da escravidão e genocidas negros e indígenas é internacional e representa o direito à cidade, à liberdade a justiça racial para a plena circulação em espaços urbanos onde não sejamos mais constrangidos por brutais personagens históricos que impuseram a violência, morte ou negação da própria humanidade a negros e indígenas”, aponta Luana.

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Fomos para a rua hoje, durante a pandemia, para defender o direito de viver e mostrar que a abolição foi falsa.

Luana Alves

Além de retirar homenagens a agentes responsáveis por assassinatos, como o bandeirante Domingos Jorge Velho, que dá nome a uma rua no centro de São Paulo e foi responsável pela morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares, o projeto também quer resgatar espaços de resistência negra, mas esquecidos. “O bairro da Liberdade era um Pelourinho para pretos na cidade e no Bixiga existia o Quilombo da Saracura. O intuito é proteger essas histórias tornando espaços como esses em patrimônios históricos”, explica Luana.

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(Douglas Gonçalves/Reprodução)
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Nesta quinta-feira (13), dia em que a abolição da escravatura completa 133 anos no Brasil, a parlamentar e outros manifestantes ocuparam esses espaços na capital paulista para ressaltar o protagonismo de afrodescendentes e povos originários por meio do movimento “SP é Solo Preto e Indígena”.

Para Luana, é de conhecimento de boa parte da população que a assinatura da princesa Isabel não libertou afrodescendentes de nenhum tipo de escravidão. “Entram dentro de nossas casas para nos matar. Não dá pra viver dessa forma. Não aceitamos mais. Precisamos que essa ideia de falsa abolição seja reconhecida de forma aberta e ampla, trabalhada nas escolas, na mídia e nos registros”, afirma a vereadora, que é formada em psicologia pela Universidade de São Paulo e atuou na implantação de cotas raciais e sociais na instituição. 

 

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