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Universitários simulam órgão sexual feminino em foto de divulgação

Caso aconteceu entre estudantes da Faculdade Cásper Líbero (SP). Registro serviria como divulgação para os jogos estudantis, que acontecerão em junho

Por Isabella Marinelli e Jennifer Detlinger
Atualizado em 25 Maio 2017, 19h08 - Publicado em 25 Maio 2017, 16h06
 (Reprodução/Reprodução)
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Na noite de quarta-feira (25), foi publicada, nas redes sociais, uma foto em que os estudantes de comunicação da Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, aparecem simulando o órgão sexual feminino com as mãos. Quatro jogadores do time de futebol universitário referenciaram uma vagina na imagem feita para a divulgação dos Jogos Universitários de Comunicação e Artes (JUCA), que acontecerá em junho.

Poucas horas após o compartilhamento, as organizações discentes da instituição manifestaram repúdio ao episódio. Em nota pública, a Frente LGBT+, de apoio aos direitos LGBT e a Frente Feminista Casperiana Lisandra cobraram o posicionamento dos responsáveis. “Total repúdio à foto divulgada por atletas do time de futcampo da Faculdade Cásper Líbero. Nela, homens aparecem representando vaginas com as mãos – referência clara à cultura do estupro e à fetichização de mulheres”.

Alunas e ex-alunas compartilharam a indignação com o caso. “Daqueles dias que ser mulher dói, e muito. Nós temos que lidar com isso dentro do espaço acadêmico, nas festas, nas aulas, nos jogos”, escreveu uma aluna de Jornalismo. “O abuso sexual é uma realidade nos eventos universitários e esse tipo de imagem retrata a naturalidade com que as pessoas tratam o tema“, afirmou uma estudante do curso de Rádio e TV, que não quis ser identificada.

Em resposta, a Atlética Jesse Owens, responsável por toda a preparação dos atletas e administração dos times, publicou uma retratação em que afirma que as fotos não foram devidamente revisadas. “Pedimos desculpas às frentes e as pessoas que foram ofendidas e se sentiram desconfortáveis. Encaramos um processo de mudanças e conscientização, e buscamos estender isso às equipes e a todos. Por um erro grave de revisão na edição das fotos, falhamos e as deixamos serem divulgadas sem a devida checagem”, diz o texto.

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Mais uma vez, os alunos cobraram a punição dos atores dos gestos, a suspensão do time na competição e boicote aos jogos masculinos — uma vez que, segundo estudantes, outras equipes também foram registradas com símbolos obscenos. Entretanto, não há medida alguma em andamento.

A polêmica aparece depois do caso envolvendo alunos de Medicina da Universidade de Vila Velha (UVV), no Espírito Santo, que compartilharam um clique com as calças abaixadas e, novamente, o símbolo sexual feito com as mãos. Médicos e outros profissionais da saúde sentiram-se ultrajados por considerar o ato apologético ao estupro e a instituição abriu sindicância para apurar o caso.

Em nota, a Faculdade Cásper Líbero afirmou que a foto foi tirada para fins recreativos. Leia a íntegra: “A Faculdade Cásper Líbero informa que, como instituição de ensino de comunicação, reforçamos o nosso compromisso social abordando as temáticas em questão (gênero, empoderamento, representatividade, identidade, dentre outros) em aulas, eventos e cursos de extensão como estratégia para ampliar o debate de modo que não compactuem com qualquer tipo de manifestação preconceituosa e discriminatória dentro e fora da instituição. Ressaltamos que a fotografia em questão não é um registro institucional, pois foi produzida, de maneira independente, no âmbito discente para fins recreativos”.

CULTURA DO ESTUPRO NAS UNIVERSIDADES

Em setembro 2015, CLAUDIA publicou a reportagem “Estupro na Faculdade”. A apuração mostrou que nas melhores universidades brasileiras os alunos estupram suas colegas como parte da vida recreativa estudantil.

O escândalo atingiu primeiro a Universidade de São Paulo (USP), a mais influente instituição de ensino superior da América Latina, onde alunas da tradicional Faculdade de Medicina denunciaram abusos, de que foram vítimas, em festas ocorridas às barbas da diretoria. Uma CPI instalada na Assembleia Legislativa de São Paulo apurou esses casos e ainda racismo e homofobia praticados também na Unesp, Unicamp, nos campi da USP de Ribeirão Preto e Pirassununga, e ainda na PUC de São Paulo e de Campinas.

Leia também: Bastidores da reportagem: Com quantos paus se faz um estuprador universitário?

Já os dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o DataPopular, em 2015, apontam para o escândalo: 67% das mulheres foram vítimas de violência cometida por um homem nas universidades ou festas acadêmicas. E 42% delas já sentiram medo de sofrer violência nesse mesmo ambiente. Entre os universitários homens, 38% admitiram ter cometido alguma das violências listadas pela pesquisa (assédio sexual, coerção, violência sexual, violência física, desqualificação intelectual com base em gênero e agressão moral ou psicológica).

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