A frente da Gucci desde janeiro de 2015, quando foi oficializado diretor criativo da marca, Alessandro Michele está fazendo uma pequena revolução fashion: devolvendo emoção aos desfiles. E na última quarta-feira, dia 21, ao abrir o verão 2017 da semana de moda de Milão, a genialidade do estilista chegou ao ápice.
Em um momento no qual a moda discute – já algum tempo – a frieza dos processos, que resultam em coleções voltadas apenas para o lucro imediato, o artista vai lá e, pá, faz as pessoas sonharem de novo, lembra que moda também é sobre emocionar.
A Gucci trouxe sonho para a passarela.
A moda vive um momento estranho no qual você pode comprar as roupas imediatamente após o desfile delas, o tal do “see now, buy now”. Essa tendência, levada às últimas consequências na semana de moda de Nova Iorque, cidade que sempre abre a temporada de desfiles, traz uma consequência clara: as roupas perdem o lado lúdico, conceitual, para se tornarem extremamente comerciais. Porque produzir em grande escala custa muito dinheiro e o retorno precisa ser garantido. Na contramão desse ~fenômeno~, temos Alessandro Michele e a Gucci. Inspirado por Elton John, cemitérios de Los Angeles, o início da Revolução Francesa e outras referências mil, o estilista trouxe uma apresentação emocionante. Chamada de Lanternas Mágicas, a coleção, definitivamente, tirou a moda do tédio. Foram pouco mais de 15 minutos em um mundo mágico, onírico, especial. As últimas trends não pareciam importar, era tudo sobre as roupas, admirá-las, sobre entender que, muito mais do que embelezar, elas são sobre você expressar alguma coisa.
Trouxe anos 1980.
Se Pretty in Pink, sucesso dos anos 1980 estrelado por Molly Ringwald, fosse filmado em 2016, certamente, o vestido acima seria a escolha da protagonista para a cena final, no baile do colégio. Além do look, Michele levou muito mais do exagero da década para a passarela, seja nos volumes presentes em várias produções, seja no foco nos ombros.
E muito rock.
Elton John foi um dos reis dos anos 1970. Extravagante, excêntrico e com um talento descomunal, o britânico foi um dos nomes mais quentes da década. Goodbye Yellow Brick Road, clássico lançado em 1973, fincou o nome do cantor de vez na história da música e trouxe hits memoráveis como “Bennie and the Jets” e “Candle In The Wind”. E é justamente dessa frutífera fase do artista que Alessandro Michele se inspirou para trazer à passarela óculos com armações gigantes, chapéus exuberantes, terninhos, exagero e muita, mas MUITA cor.
Foi um desfile sobre roupas.
Celebridades, como Kim a Kardashian (alô, Balmain!), fazem todo mundo falar sobre um desfile no dia seguinte e não tem mal nenhum nisso, já que, no fim das contas, todo estilista quer vender roupa. Cenários suntuosos também ajudam a contar uma história – e a mostrar todo o orçamento milionário de uma grife. Porém, o último desfile da Gucci não contou com esse tipo de distração: uma passarela enevoada e paredes com ladrilhos foram o suficiente. As roupas, o trabalho minucioso dos costureiros, o styling exagerado e até as lantejoulas foram o bastante para contar a história.
E sobre como elas podem ser maravilhosas.
Esse look. <3
Como podem tirar qualquer red carpet do tédio.
Porque nem só de transparência vive um tapete vermelho, não é mesmo?
Foi um desfile sobre como a moda pode emocionar.
E como ela pode levar você para um novo mundo!
Confira a coleção completa.