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Grife com peças de mil reais é acusada de trabalho escravo

A marca de luxo Amissima oferecia o valor de R$ 3 por peça aos costureiros

Por Anna Laura Moura Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 dez 2018, 18h28 - Publicado em 20 dez 2018, 18h26
 (Shopping Cidade Jardim/Reprodução)
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A grife Amissima foi autuada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo por contratar pelo menos duas oficinas de confecção, em que os funcionários eram submetidos à escravidão.

A denúncia foi feito pelo veículo The Intercept, que teve acesso exclusivo a uma investigação de auditores fiscais do trabalho em São Paulo que descobriu que, em pelo menos duas das 25 oficinas de costura que produzem exclusivamente para a marca, os trabalhadores são submetidos à condições análogas à de escravo. Ainda segundo os agentes, as demais 23 oficinas apresentam indícios de condições semelhantes, o que será verificado em desdobramentos da operação.

A marca de roupas está presente em dois templos paulistanos do luxo (os shoppings Cidade Jardim e JK Iguatemi), liderada pela diretora de estilo da marca, a sul-coreana Suzana Cha. Boa parte de sua propaganda se dá por influenciadoras de moda como Thássia Naves, que chegam a cobrar 30 000 reais por um post patrocinado. 

Segundo a reportagem, as oficinas terceirizadas que produzem com exclusividade para a marca funcionam em imóveis degradados em bairros periféricos de São Paulo. Ali, os trabalhadores aceitam um esquema de divisão de pagamento chamado “um terço”: um terço do valor da peça fica com o trabalhador, outro terço vai para as despesas da casa, divididas igualmente entre todos, e o último terço para o dono da oficina (a pessoa que assume a negociação com a empresa).

Assim, dos R$ 9 que a Amissima paga para a oficina por peça, R$ 3,00 vão para o costureiro. O resto vai para a casa e para o dono da oficina – em geral, outro migrante nas mesmas condições. Os funcionários, imigrantes em sua grande maioria, trabalhavam mais de 12 horas por dia e viviam no local de trabalho, com higiene precária e pouca privacidade. As peças da marca chegam a custar mil reais.

Em nota, a Amissima diz reconhecer ter falhado na fiscalização de seus fornecedores, afirma ter pago as indenizações morais e trabalhistas das pessoas envolvidas e ter dado início a um processo de auditoria de toda a produção, para rastrear quaisquer problemas.

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