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Figurinista da Globo há 44 anos conta qual foi sua novela mais importante

Em conversa com o MdeMulher, a veterana Marília Carneiro falou sobre carreira, tendências de moda e o que mudou de quando começou para os dias atuais.

Por Ketlyn Araujo
Atualizado em 15 jan 2020, 20h06 - Publicado em 16 abr 2019, 17h17

Quem presta atenção nos créditos exibidos durante novelas e programas da TV Globo, com certeza já se deparou com o nome de Marília Carneiro. A figurinista carioca, que trabalha para a emissora há aproximadamente 44 anos, até o momento foi responsável por criar peças para seriados, minisséries e mais de 32 novelas, entre elas importantes sucessos de audiência como “Gabriela” (1975), “Rainha da Sucata” (1990) e a segunda fase de  “O Clone” (2001).

Em entrevista ao MdeMulher, Marília, que atualmente assina os modelitos retrô da novela das 19h ,“Verão 90”, falou sobre o início da carreira, seu processo criativo e contou qual foi o figurino mais marcante de sua trajetória.

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Antes da TV

Ao contrário do que possa parecer, Marília não começou a carreira direto na televisão, e nem mesmo trabalhando como figurinista. Filha de uma dona de casa e de um arquiteto, antes de entrar no universo das roupas ela chegou a estudar Filosofia e Comunicação Social, atuou como estagiária de jornalismo no jornal carioca Tribuna da Imprensa, e ainda trabalhou como atriz em cinco filmes nacionais, entre eles o longa “Capitu” (1968), adaptação para os cinemas do romance homônimo de Machado de Assis.

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Foi só no fim dos anos 60 que ela passou a trabalhar com moda, estreando como figurinista em 1968, no filme “O Homem que Comprou o Mundo”. Ao mesmo tempo, Marília tocava a Truc, uma boutique em Ipanema, Zona Sul do Rio, trazendo peças de vestuário e acessórios vindos de Londres para cá.

Foi por indicação de uma amiga, após sair da Truc e completar sua formação de moda trabalhando em outra loja, a Obvious, que ela finalmente foi parar na Globo, desenvolvendo criações para a novela “Os Ossos do Barão” (1973), segunda trama exibida no formato colorido pelo canal.

Foi Marília quem mudou o modo como se fazia figurino na Rede Globo. É que a princípio, as peças para novelas eram confeccionadas pelo setor de costura, dentro da própria emissora – o que tomava tempo de produção. Para facilitar o processo, ela passou a garimpar em lojas e brechós as roupas e acessórios já prontos, que posteriormente seriam usados em cena.

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Quem não se lembra da personagem Darlene (Deborah Secco) na novela Celebridade (2003)? Marília Carneiro, figurinista da obra, criou um visual de lolita moderna para Deborah Secco, que usava microssaias de pregas, sandálias plataformas de salto grosso, além de blusas justas e meias coloridas. “Na ocasião, encontrei a saia numa loja badalada da rua Oscar Freire, em São Paulo”, lembra. Não demorou para que a peça logo ganhasse as ruas, as barracas de camelôs e, claro, as vitrines. #mariliacarneiro #figurino #novelas #tvglobo #deborahsecco

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Processo criativo

“O figurino é uma profissão maravilhosa, mas feita para quem é apaixonado pelo que faz. É preciso gostar para valer”, fala Marília, que aponta o surgimento da internet como a principal mudança no seu trabalho se compararmos o início de sua carreira aos dias atuais. Mesmo assim, criar todos os trajes de uma história exige dedicação em tempo integral e olhos sempre atentos, principalmente por meio de leituras, pesquisas e conversas com quem vive determinada realidade.

Para montar o figurino de “Gabriela”, adaptação do clássico escrito por Jorge Amado em 1958, por exemplo, ela foi até Ilhéus, na Bahia, realizar uma pesquisa de campo que envolvia a análise de fotografias de moradores da região, o que mais tarde serviu de referência para que peças de vestuário e acessórios, fieis à realidade, fossem desenvolvidos.

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Foi Marília, também, quem assinou os trajes da segunda fase da novela “O Clone”, de Glória Perez. Na época, a maquiagem e os acessórios usados pela protagonista Jade (Giovanna Antonelli), caíram nas graças do público e acabaram virando tendência.

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Um dos trabalhos que Marília Carneiro sente mais saudade foi a novela “O Clone”(2001). “Tive muito prazer em criar o figurino, em especial o da Jade ( Giovanna Antonelli). Na época, busquei inspiração na coleção que Yves Saint Laurent fez homenageando o Marrocos”, explica a figurinista. O estilista fez essa homenagem ao seu país pouco antes de morrer. Marília conta que precisou desenhar tudo, já que não se encontrava nada parecido nas lojas. “Usei estampas que mandava pintar e tecidos marroquinos, além das pantalonas largas com lenços amarrados na cintura”. Na época, Giovanna e Murilo Benício estavam se envolvendo também fora da novela e o casal criou uma empatia forte com o público. #oclone #figurino #figurinodenovela #tvglobo #mariliacarneiro #giovanaantonelli #yvessaintlaurent #murilobenicio #marrocos

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E por falar em tendência…

Na opinião de Marília, para que um figurino de novela ultrapasse a ficção e acabe copiado pelas pessoas nas ruas, é necessário que, antes de mais nada, ele seja bem adequado à trama:

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“Ele precisa ser bem feito, e precisa estar numa novela de sucesso – de preferência, vestido por atores e atrizes carismáticos”, afirma.

Um exemplo disso é o figurino da novela Dancin’ Days” (1978/79), pessoalmente a mais marcante em sua carreira. Protagonizada por Sônia Braga (a personagem Júlia Mattos), a história fez todo mundo querer usar, entre outras coisas, calças de cetim e meias de lurex combinadas a sandálias de salto – referência lembrada até hoje.

Mas por que será que “Dancin’ Days” fez tanto sucesso?

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“Sem dúvida nenhuma foi o conjunto da obra, junto com o texto da boate escrito por Nelson Motta, além do enorme carisma da Sônia Braga”, fala a profissional.

dancin-days-figurino
(Memória Globo/Divulgação)

Corta para 2019 e para as criações de Marília em “Verão 90”. Ela conta que os figurinos da trama têm sido bastante trabalhosos, mas a vantagem é que a década nunca esteve tão em alta como agora:

“Os anos 90 estão na moda e as tendências dessa época estão sendo muito usadas. Se prestar atenção, vai reparar que os maiôs e biquínis de hoje em dia, por exemplo, estão muito cavados, como nos anos 90. As cinturas altas das saias e das calças [de hoje e de antigamente] estão no mesmo lugar, e os coloridos continuam vibrantes”, explica.

E mesmo com tantas histórias diferentes no currículo, Marília assume que ainda espera se surpreender em seus trabalhos futuros:

“Acredito que já percorri uma imensa galeria de tipos de figurinos. Mas eu adoraria fazer uma série, filme ou novela passado nos anos 1940… de preferência na época da Segunda Guerra Mundial”, finaliza.

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