Alta-costura outono/inverno 2023: os destaques do primeiro dia
Schiaparelli, Dior, Thom Browne e Iris Van Herpen trouxeram referências da arte e da arquitetura para os desfiles
A Semana de Alta-Costura outono/inverno 2023 chegou à Paris nesta segunda-feira (03). Nem metade das 32 grifes que vão aterrisar na capital francesa até o dia 6 se apresentaram, mas os desfiles deste primeiro dia já arrebataram os corações daqueles que amam moda. Entre os destaques de hoje, Schiaparelli, Dior, Thom Browne e Iris Van Herpen conquistaram os críticos.
Depois do real, o surreal de novo
Schiaparelli deu o start nos trabalhos de mais uma edição da haute couture. Se na temporada passada a inspiração saiu do livro O Inferno, de Dante Alighieri, resultando em looks virais com cabeças de animais, agora, Roseberry expandiu o foco para o legado da maison, traduzindo obras de diversos artistas.
O azul Klein, descoberto pelo artista francês Yves Klein, em 1958, coloriu vestidos e saias arquitetônicas; a obra Palm Leaf, Tangier, de Henri Matisse, serviu como base para uma estampa. O trabalho de ilustrações infantis do espanhol Joan Miró foi mais um referenciado, assim como as esculturas metálicas de Alberto Giacometti — que viraram um conjunto de casaqueto e saia espelhados.
A coleção aborda a ideia de liberdade, rebeldia e surrealismo, tudo em paralelo com a essência da marca, criada para romper paradigmas. Casacos de pelo e puff com silhuetas nada convencionais, separates de saia, top dramáticos e fendas profundas ajudaram a contar essa história. Vale lembrar dos acessórios icônicos, como a pulseira no formato de máscaras.
Pediram movimento?
Quando parecia impossível nos deslumbrar mais, Iris Van Herpen surgiu com uma coleção futurista. Architectonics trata de um universo único, onde criaturas aquáticas coabitam cidades flutuantes conosco. Para isso, contaram não só com a ajuda das ideias visionárias do arquiteto e oceanógrafo Jacques Rougerie, mas também com o design biônico.
Fluidez, fragmentação e mudança são evidentes nos padrões de luz e sombra que vibram ao redor do corpo, redefinindo os limites tradicionais da moda. As cores escolhidas remetem a corais, mas também a pedras preciosas terrestres. O que vimos de mais curioso são as hastes finas de fibra de vidro, cuidadosamente balanceadas para distribuir peso e vibração, criando uma interação de fluidez e fragmentação.
Branco, branco… e mais branco
Diretamente do Museu Rodin, em Paris, o desfile da Dior trouxe modelos inspirados em deusas greco-romanas. Tudo foi milimetricamente pensado, inclusive as paredes: na decoração, usaram obras da artista Marta Roberti que retratavam a aura feminina na posição de deusa ao longo da história.
Com mais de 66 looks, majoritariamente brancos ‒ fazendo jus à túnicas gregas ‒, Maria Grazia Chiuri pensou suas criações a partir de uma frase de Christian Dior sobre seu trabalho ser como os vestidos da antiguidade, que usavam da simplicidade para ganhar sofisticação.
Os detalhes ganham destaque justamente por não serem exagerados. A construção têxtil nos vestidos e os bordados simétricos, por exemplo, reinaram entre as roupas.
Moda nas retas
Uma das estreias mais aguardadas desta semana, Thom Browne deu um show nos corredores do auditório da casa de Ópera Garnier. Invertendo os papéis, ele colocou seus convidados no palco, enquanto a plateia era ocupada por imagens iguais de um homem.
O tradicional terno cinza, característico do estilista americano, apareceu transformado em criações futuristas. Com jogos de volume e silhuetas diferentes, explorou a moda no seu mais íntimo possível. O grande destaque, vale ressaltar, são as meias brancas de cano alto com listras na parte da panturrilha. A combinação do item com saltos grandes, inclusive, fez sucesso.