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O jantar indiano de Zeca Camargo

“Diferentemente do que muita gente pensa, não se trata de comida apimentada, mas condimentada. Por isso, superaromática”

Por Realização e texto: Beatriz Koch | Fotos: Roberto Seba | Produção: Olivia Canato | Concepção visual: Lorena Baroni Bósio
28 nov 2018, 20h43
 (Roberto Seba/CLAUDIA)
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Aos 20 anos, com um mochilão nas costas, pulando de trem em trem pela Europa, Zeca Camargo se iniciou no que se tornaria seu principal hobby – viajar pelo mundo sozinho. Passados 35 anos, o jornalista acumula incontáveis aventuras.

Só para a Índia, já decolou oito vezes. “Cada uma delas me trouxe uma nova descoberta”, revela. Foi a dança clássica local, outra de suas paixões, que o levou para lá pela primeira vez, em 1986. “Nessa época, eu dava aula com uma amiga bailarina, a Sonia”, relembra. Tempos depois, Sossô, como é conhecida, casou-se com o empresário indiano Varunesh Tuli, com quem Zeca engatou uma forte amizade.

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(Roberto Seba/CLAUDIA)

Com Tuli, o apresentador do “É de Casa!”, da TV Globo, lançou recentemente seu primeiro livro sobre culinária. “Índia: Sabores e Sensações”, da editora Companhia das Letras, costura relatos de viagem à dieta diária – essencialmente vegetariana – da população, que hoje beira 1,3 bilhão de pessoas. “Diferentemente do que muita gente pensa, não se trata de comida apimentada, mas condimentada. Por isso, superaromática”, adianta Zeca. “Cada prato leva cerca de 35 ingredientes entre temperos e especiarias”, justifica Tuli. Ele garimpou para a obra receitas de cidades como Nova Délhi, Goa e Mumbai. “A Índia é tão grande que, a cada 200 quilômetros, tudo muda: a comida, os hábitos e até o dialeto”, conta Tuli.

Zeca admite que não se encantou pelo país à primeira vista. Na verdade, assustou-se com o grande vai e vem pelas ruas, com a poluição e a extrema pobreza. Aos poucos, foi fisgado pelo estômago. “Nesse caos, encontra-se comida fresca. É surpreendente!”, relata. Tuli explica o hábito local de não conservar comida: “Além do calor infernal, temos pouca refrigeração. Então é comum comprar, cozinhar e comer logo”.

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(Roberto Seba/CLAUDIA)

A fé é outro aspecto notável dessa cultura. No hinduísmo, a religião predominante, o deus mais popular é Ganesh, encontrado na entrada dos lares e dos templos. Na casa de Zeca, ele ocupa lugar especial numa espécie de santuário que o apresentador montou. “Ganesh dá as boas-vindas e atrai sorte”, afirma ele. Na Índia, Zeca costuma ser confundido com os locais pelos traços marcantes e a pele morena. “As pessoas me olham e começam a falar em hindi. Não respondo, é claro, e ficam bravos. Tuli só ri”, diz ele.

Zeca recebeu CLAUDIA e amigos para um almoço que traduz suas andanças pela Índia. Entre outros pratos generosos, Tuli ofereceu o arbi muglai, tipo de inhame frito com molho cremoso, que combina em geral com pães como o roti. Uma verdadeira viagem de sensações.

Mix essencial

Há muito em comum entre Índia e Brasil. Cebola, alho e arroz (basmati), por exemplo, também são a base da culinária indiana. O diferencial está nas especiarias e nos temperos contemplados nesta foto, como cardamomo, açafrão e garam masala (mistura de especiarias), já encontrados em nossos mercados.

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(Roberto Seba/CLAUDIA)

Costume peculiar

Embora seja classificado como petisco, o refogado de raiz de flor de lótus é servido com os demais pratos. “Na Índia, não existe uma ordem clara durante a refeição. Misturamos entrada com prato principal e comemos tudo junto”, explica Tuli.

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(Roberto Seba/CLAUDIA)

Entre papos e panelas

Zeca e Tuli cozinham juntos, em casa, por puro prazer. Os dois contam como tomaram gosto pela atividade, cada qual a seu modo. O jornalista resolveu se arriscar ao assistir ao programa do britânico Jamie Oliver na TV. “Ele faz tudo aquilo com tanta facilidade que comecei a acreditar na minha capacidade.”

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Passou então a convidar os amigos para provar suas aventuras. “Hoje eles confessam que sofreram na minha mão”, comenta Zeca com seu jeito extrovertido. Já Tuli aprendeu a cozinhar com a mãe para “sobreviver” durante o tempo em que morou sozinho, na Califórnia, nos Estados Unidos, onde estudou relações internacionais. “Não me acostumei com a comida de lá.”

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(Roberto Seba/CLAUDIA)

Em todos os aniversários de Zeca, o presente do indiano é uma mesa farta de sabores locais. “Certamente essa culinária e a tailandesa estão entre as que mais me agradam”, diz o apresentador. No encontro, Tuli preparou uma travessa de pimentões recheados com purê de batata e o nigauri crocante. Com aparência de pepino enrugado, esse ingrediente é encontrado em mercados orientais. “Quanto mais tostado, menor seu amargor.”

Agora é com você! Confira as receitas desta reportagem e faça você também: 

lassi-(bebida-de-iogurte-batido)
(Roberta Seba/CLAUDIA)
chai-(chá-com-especiarias)
(Roberto Seba/CLAUDIA)
arbi-muglai-(colocásia-muglai)
(Roberto Seba/CLAUDIA)
kamal-kakdi-(raiz-de-l´øtuz)
(Roberto Seba/CLAUDIA)
pudina-dhania-chutney-(chutney-de-hortelã-e-coentro)
(Roberto Seba/CLAUDIA)
andaa-masala-(ovos-cozidos-em-creme-de-leite)
(Roberto Seba/CLAUDIA)
Suukhee-daal-(lentilha-seca)
(Roberto Seba/CLAUDIA)
kurkura-karela-(nigauri-crocante)
(Roberto Seba/CLAUDIA)

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