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Zachary Quinto: “me assumi gay em motivação aos jovens que dão fim à própria vida”

Navegando entre filmes de ação, dramas políticos e ficções científicas cultuadíssimas, Zachary Quinto construiu uma carreira sólida e coleciona milhares de fãs. Este mês, ele voltou às telas com seu carismático Comandante Spock em "Star Trek: Sem Fronteiras" e conta por que a diversidade é algo essencial.

Por Luísa Graça (Colaboradora)
Atualizado em 21 jan 2020, 04h37 - Publicado em 24 set 2016, 11h00
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Sempre é preciso coragem para encarar uma legião de fãs fervorosos e dar vida a personagens tão icônicos como os da franquia supergalática Star Trek. Mas Zachary Quinto é um ator destemido. Quando foi escolhido para interpretar o Comandante Spock no longa de 2009, ficou à altura da tarefa, dominou cenas com uma simples erguida de sobrancelhas e uma calma lógica e um humor pontual, que agradou os fãs e a crítica especializada. Este mês, ele estrela o novo filme da saga, Star Trek: Sem Fronteiras, uma homenagem aos 50 anos de lançamento do livro que inspirou o filme. Zachary também foi um dos poucos atores hollywoodianos destemidos o bastante para se assumir gay, em 2011. “Foi um ato motivado pelos jovens que estavam dando fim à própria vida”, conta. Nascido em Pittsburgh, nos Estados Unidos, ele gosta de atuar em papéis diversos, do cara charmoso ao perigoso, em filmes megacomerciais ou com forte teor político. “Diversidade é a chave. Eu me esforço para cultivar experiências criativas diferentes e acho que esse é o caminho para construir uma carreira satisfatória”, diz ele, que estrela também o filme biográfico Snowden, sobre o funcionário da Agência de Segurança Nacional norte-americana que vazou documentos confidenciais à imprensa, com estreia internacional neste mês. Em clima despojado, vestindo jeans, camiseta e sandálias Birkenstock, ele recebeu a ESTILO em Nova York, cidade onde divide um loft com o namorado, Miles McMillan, um cachorro e dois gatos.

Star Trek: Sem Fronteiras aborda a coexistência de seres diferentes numa mesma comunidade, algo que tem muito a ver com o nosso momento sociopolítico atual, não é mesmo? 
É um filme feito para entreter, acima de tudo, mas grande parte de seu valor está na exploração de temas mais abrangentes que ressoam com o público. Nós abraçamos e exploramos algumas ideias, como a de que a união sempre será superior ao ódio.

Quando lhe oferecem um papel, você se atenta às questões que o filme levanta?
Sim! A melhor versão de entretenimento é aquela que provoca reflexão e que é socialmente relevante.

Snowden também é um exemplo de longa que gera reflexão, certo? 
A história do filme é muito relevante em nossa cultura atual. Vivemos em um mundo em que a tecnologia domina as nossas conexões interpessoais e o governo tem acesso à nossa privacidade. A conversa que o filme pode gerar é incrivelmente urgente e importante. É sobre nossos direitos constitucionais.

A vida de ator tem sido como você esperava quando começou? 
Nada aconteceu exatamente como eu esperava. Tenho aprendido que expectativas raramente são atingidas e as coisas fluem a seu tempo. Olho para a minha história e percebo que tudo aconteceu do jeito como tinha que acontecer e sou muito grato por isso. 

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O que você faz para encontrar equilíbrio? 
Eu medito. Tento ler o máximo possível e tento me manter intelectualmente engajado e envolvido politicamente. Tenho uma casa no campo e saio da cidade sempre que possível. Busco me distanciar um pouco da indústria e da cidade para ter experiências que me realizam de outras maneiras e que não necessariamente tenham relação com a minha carreira, como tocar banjo. 

Há algum clichê da indústria hollywoodiana que você procura evitar a todo custo? 
Eu alcancei algum sucesso meio tarde na minha carreira, aos 20 e tantos anos. Vi jovens atores se perderem totalmente, então, sempre tentei evitar um estilo de vida com muitos excessos. Também tento me manter conectado a pessoas que são parte da minha vida há muito tempo. E gosto de fazer as coisas, resolver todas as operações do dia a dia. Não gosto que resolvam tudo por mim. 

De que maneira seu estilo de vestir evoluiu ao longo dos anos? 
Acho que eu o simplifiquei conforme fiquei mais maduro. Gosto de expressar minha perspectiva e tento me vestir com um pouco de ousadia. Para homens, isso é desafiador porque não temos tanto com o que trabalhar, mas misturo estampas, uso uma gravata menos convencional, invisto em cores e tecidos diferentes. 

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Como é manter um relacionamento tendo que viajar tanto por causa da sua carreira? 
Eu e o Miles temos sorte nesse sentido e conseguimos estar juntos com muita frequência. Ele é pintor e modelo, então, pode ser chamado para trabalhar em qualquer lugar. As viagens dele costumam durar apenas alguns dias. E, quando eu fico em locação por muito tempo, a gente dá um jeito de se encontrar. Ambos temos trabalhos flexíveis. 

Muitas pessoas públicas preferem não falar abertamente sobre a vida pessoal. No seu caso, por que foi importante falar sobre isso? 
Decidi sair do armário, em 2011, para aumentar a visibilidade de pessoas como eu diante dos mais jovens. Cada um lida de maneira diferente com essa questão, para mim, me abrir foi muito importante. Progredimos tanto nos últimos anos, mas ainda temos muito a alcançar. Uma forma de progredir ainda mais é por meio da transparência e da autenticidade. Eu não estava nem um pouco interessado em cultivar qualquer história sobre mim que não fosse verdadeira.

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