Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Quadro do ‘Fantástico’ faz parecer normal o terrível hábito de palpitar na vida alheia

E se, em vez disso, o Fantástico ensinasse às pessoas a não se meter na vida dos outros?

Por Ligia Helena
Atualizado em 12 abr 2024, 09h14 - Publicado em 28 mar 2016, 12h02
Reprodução (/)
Continua após publicidade

Mesmo quem não tem o hábito de assistir ao “Fantástico”, programa dominical da rede Globo, deve ter ouvido falar sobre o quadro “Eles Decidem”. Depois da exibição do segundo episódio, ontem (27), a repercussão nas redes sociais não foi exatamente positiva.

A ideia do quadro: reunir 20 pessoas para decidirem um dilema da vida de um indivíduo. Sabe o pesadelo que é quando sua família toda resolve dar palpite em uma decisão sua? Imagine, então, ter de ouvir o palpite de 20 desconhecidos.

Continua após a publicidade

Na noite passada a vítima foi a analista de sistemas Fernanda Navarro, que, aos 35 anos, teme não conseguir realizar o sonho de ter uma família. Então ela está cogitando fazer uma inseminação artificial para ser mãe. Mas também considera esperar ~alguém aparecer em sua vida~.

Durante uma semana, então, 20 pessoas desconhecidas passam a acompanhar a vida de Fernanda, para com todo esse conhecimento de causa, poder decidir por ela. Entre elas a assistente social Flávia, que não acha que uma mãe e um filho sejam uma família; um senhor que acha que ser mãe para ela pode ser um jeito de suprir uma carência; um rapaz que quer saber se ela tem tempo para cuidar do filho.

E os palpites não param. “Dez horas fora de casa… fica muito difícil cuidar de uma criança… não consegue”, diz a aposentada Heloísa, ao saber que Fernanda trabalha fora. Perguntam o salário dela, começam a fazer as contas, a calcular se é possível ou não criar uma criança com o dinheiro que ela tem todo mês.

O grupo de 20 pessoas acompanha Fernanda ao encontro “para arrumar namorado”, ao consultório médico, debatem o problema com os pais dela, interrogam o ex-namorado da moça, e julgam, julgam, julgam. Tudo apresentado de um jeito engraçadinho, como se passar por isso fosse mesmo divertido. Como se a decisão de ter ou não ter filho, como administrar o dinheiro e a vida não coubesse a cada um de nós. 

Continua após a publicidade

Reprodução
Reprodução ()

É a naturalização, transmitida em rede nacional, do hábito horroroso de dar palpite na vida alheia. Se já é complicado lidar com esse tipo de interferência quando ela vem de dentro da família, de gente que conhece a gente a vida toda, que dirá ter de levar em consideração o palpite de 20 desconhecidos?

Em um tempo em que as redes sociais amplificam tudo o que é dito e fazem com que a gente se sinta íntima de quem nunca viu na vida, o risco de receber esse tipo de comentário desagradável aumenta mais e mais. As mães e grávidas que o digam: ouvem palpites o tempo todo, sobre tudo.  

Continua após a publicidade

Talvez o “Fantástico” fizesse um serviço melhor se produzisse um quadro ensinando as pessoas a respeitar a individualidade de cada um, que cada um cuidasse da própria vida em vez de gastar tempo pensando e falando sobre a vida alheia

Mas isso, é claro, é só um palpite. 

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de 10,99/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.