“Eu, no lugar dela, teria ciúmes”, diz Anderson Di Rizzi, de Amor à Vida, sobre a namorada
O ator-jardineiro revela sua dedicação às plantas - que para ele é terapia - e fala sobre relacionamentos
Claro que humor não poderia faltar em Carlito, aqui sentado entre peças do garden center Chácara Tropical
Foto: Marcio Nunes
Ele passou a infância numa cidade onde é normal matar galinha torcendo o pescoço da ave enquanto se coloca a prosa em dia. Mas não conseguia fazer isso. “Se eu ficasse no meio de uma selva, morreria de fome, não conseguiria matar para viver. Não pesco nem um peixinho”, conta Anderson Di Rizzi, 35 anos, o Carlito, ou Palhaço, de Amor à Vida. É das lembranças desse tempo em família, em Machado, no sul de Minas Gerais, que vem a dedicação ao plantio de flores – sim, ele sabe fazer arranjos -, uma paixão que o faz pensar em matricular-se em um curso de paisagismo, assim que a rotina de trabalhos deixar. “Cuidar de plantas me remete às férias que passava no sítio do meu tio. Esse contato com a terra sempre esteve muito presente, mas aflorou de uns anos para cá. Fiquei mais sensível às coisas, desde o desmatamento até bichos sendo maltratados, perdendo seu hábitat”, diz o ator, que nasceu em Campinas, São Paulo.
“Quase” vegetariano
Para Anderson, a defesa do meio ambiente passa por pequenas atitudes do cotidiano: “Gosto de me virar com o que tenho, de reaproveitar. Desde replantar a plantinha que está morrendo, por exemplo, até o cuidado com a poda de uma árvore. Mexo na terra. Se tiver mato, pego a enxada e capino, limpo tudo”, explica. Ele concorda com o senso comum de que a mão de jardineiro é fundamental para a planta vingar. “Quando estou jardinando, fico feliz, converso bastante com as plantas. E não é doideira (risos)! Para mim é uma terapia mesmo”, garante. A preocupação com a natureza talvez o leve, algum dia, a virar vegetariano – mas isso está longe de acontecer por enquanto. “Ainda não deixei de comer carne branca, peixe e frango, mas se não tiver o aspecto do bicho. Se colocarem um frango assado na mesa, não como. Mas, se vier um filezinho de peixe, sem a cabeça, aí vai. Já teve dia em que não consegui, porque fiquei lembrando do bichinho morrendo”, diz.
Fora da jardinagem, Anderson vê seu personagem não medindo esforços para ter um final feliz com a periguete Valdirene (Tatá Werneck, 30). “Não me permitiria viver a situação de meu personagem, porque me respeito, sei o que é bom e o que quero para minha vida”, diz. E como é a vida real de Anderson? Bom, o ator namora há quase três anos com a professora paulistana Taíse Galante, 27, e eles imaginam, a médio prazo, ter um sítio para acolher, tratar e encaminhar para adoção animais recolhidos nas ruas – enquanto ele se dedica às plantas, ela se dedica aos animais. O problema de Anderson é arrumar tempo. Ao terminar a novela, no fim de janeiro de 2014, ele já tem dois trabalhos agendados para o primeiro semestre: protagonizar o filme Eu Te Levo, de Marcello Muller, 35, e participar de uma peça escrita por Marcelo Serrado, 46, de nome ainda não definido.
“Quando estou jardinando, fico feliz, converso com as plantas. E não é doideira (risos)!”
Foto: Marcio Nunes
Ponte aérea
Ele considera Taíse uma companheira perfeita. “Esse cuidado que ela tem com os bichos nos aproximou muito. Hoje eu já apoio algumas ONGs que priorizam programas de recolhimento de animais de rua”, conta. De plantas, Taíse ainda está aprendendo a gostar mais por influência do namorado. “Se tiver de ficar perto de mim num jardim, cuidando, ela fica. Se tiver de sair para comprar alguma muda, ela vai”, conta.
Não é apenas o fato de, às vezes, gravar aos sábados que impede Anderson de ir a São Paulo encontrar a namorada ou vice-versa. O lado financeiro também pesa – a vida real acontece para atores de novela, sim. “Ficamos até um mês sem nos ver. Tem fim de semana que ela vem, quando posso eu vou. A ponte aérea hoje está muito cara, então teríamos de comprar a passagem com uma certa antecedência. No meu caso é impossível, por causa das gravações”, lamenta. Mas Anderson garante que Taíse lida bem com isso. Ela é capaz de ver, ler, estudar junto e até dar pitaco em suas cenas. “O coraçãozinho que o Palhaço faz foi ideia dela”, entrega. Já as sequências mais picantes, inicialmente a namorada não quis ver, depois cedeu. “Isso nunca atrapalhou a nossa relação. Eu, no lugar dela, teria ciúme. Não é que ela não tenha. A gente só não briga por causa disso. Estamos juntos há quase três anos e nunca fiz nada que a tenha magoado. Eu me esforço para não fazer a outra pessoa sofrer”, conclui.
Habilidade
Anderson Di Rizzi já criou dois jardins. Um na casa dos pais e outro no salão de beleza Toda Bela-Guanabara, administrado por sua mãe, Ione, 59 anos. Anderson comprovou seu talento com os arranjos para a CONTIGO! no garden center Chácara Tropical, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, ao plantar e decorar um vaso de orquídeas. “Como minha mãe não cuida das plantas como eu, preferi fazer um jardim de inverno na casa dela com menos plantas e mais pedras coloridas. Já no salão de beleza, peguei uma parte inútil, de 2 por 3 metros, e a transformei num jardim suspenso, com uma espécie de deck feito de madeira de caixas de frutas, que eu mesmo envernizei, além de treliças que consegui do teto de uma agência bancária que fechou em um shopping. Gosto de inventar, por isso não vejo a hora de fazer um curso de paisagismo “, diz o ator.
ESTA ENTREVISTA FAZ PARTE DA EDIÇÃO 1992 DA REVISTA CONTIGO!, NAS BANCAS EM 20/13/2013.
Anderson cuida e conversa com as plantas
Foto: Marcio Nunes