Carolina Kasting à CONTIGO!: “Parece que a brasileira sempre usa demais o corpo”
A atriz é assumidamente romântica, gosta de bordar e cozinhar. "Só não tenho tempo para fazer tudo o que quero"
Carolina Kasting no espaço de Paula Neder, na 23ª Casa Cor Rio, na Barra, onde 47 equipes de arquitetos, decoradores e paisagistas criaram, em 10 mil m², belos ambientes contemporâneos
Foto: Dário Zalis
Carolina Kasting, 38 anos, acredita que tudo acontece na hora certa. E ela diz isso do alto de uma espera de uns bons cinco meses, encolhida na primeira personalidade de sua personagem, a recatada Gina, de Amor à Vida. Mãe de Cora, 8, e casada há 14 anos com o ator e designer Maurício Grecco, 46, a atriz parece ter essa mesma paciência para os planos pessoais, como engravidar novamente. “Tentamos ter outro filho por um período e não rolou. Mas não me vejo fazendo tratamento para engravidar. Temos a necessidade de dominar tudo, mas a vida e a morte não se dominam”, acredita a atriz curitibana.
A paciência deu resultados – pelo menos profissionais. Com humildade, Carolina preparou a saída de sua personagem de trás do balcão, servindo coxinha, como uma cozinheira, para, enfim, encontrar o amor. “Agora Gina já usa batom, rímel, se cuida, está naturalmente bonita, e isso porque está amando. Ela está iluminada!”, conta feliz Carolina, no papo durante um passeio por alguns ambientes da Casa Cor Rio, na Barra da Tijuca. O momento é de uma mistura de Carolinas: a que ela é, a de Gina e a que você vê nas fotos de CONTIGO!, com figurino coloridíssimo. Ela adora os braceletes de caveira escolhidos para a produção da reportagem, para citar um acessório, mesmo não sendo uma primeira opção se estivesse fazendo compras. “Este visual das fotos é totalmente diferente da Gina e de mim. Gosto de brincar com moda, já fui modelo. Mas não costumo usar nada muito extravagante. É difícil me ver com um vestido megadecotado, sabe? Acho que, com a idade, descobri que meu estilo é mais para romântico-contemporâneo”, explica.
Mulher prendada
A conversa segue para a maternidade novamente e seus pacientes planos, antes de voltarmos a Gina. “Quero muito ser mãe de novo, mas estou tranquila. Estou muito realizada com minha profissão e minha relação com o Maurício é supersólida. Ter filho requer dedicação extrema. Nós, por exemplo, não gostamos de terceirizar a educação da Cora. Nós fazemos questão de educá-la. E lá em casa é tudo muito conversado”, diz. “Sou uma mulher prendada. Sei bordar, costurar, cozinhar, cuidar de uma casa, só não tenho tempo para fazer tudo o que eu quero e gosto”, explica a atriz, que para entrar no universo de Gina atravessou o túnel da zona sul, onde mora, para a zona norte, para conhecer uma família parecida com a dela na novela. “Passei uns dias com uma família de Del Castilho, que tem esse perfil mais batalhador, simples. Descascamos batatas juntas, cozinhamos, foi um ótimo laboratório para meu trabalho.”
Carolina no ambiente Casa de Fim de Semana, de Duda Porto, na Casa Cor
Foto: Dário Zalis
Corpo como instrumento
Carolina tem a voz doce, não mostra vaidades exageradas. Diz que não se incomodou com o figurino sem um pingo de glamour que usou em Amor à Vida, geralmente um avental e nada de maquiagem. “Ela jamais poderia aparecer com um penteado incrível. Gina até ficava meio descabelada. Mas tudo teve um propósito”, afirma. Agora ela é parada nas ruas pelos fãs ouvindo frases de incentivo. “A Gina se mostrou tão carinhosa com a família desde o início da novela, sempre ajudando os outros, que começaram a torcer por ela. Escuto coisas do tipo: Por que ela não sai para o mundo?, Por que ela não tem namorado? Esse carinho é muito bom. Houve uma empatia com o telespectador”, diz. E se Hebert for pai dela, como já foi especulado? “Acho muito difícil o público aceitar isso. Não sou avessa a polêmicas, mas acho que querem vê-la feliz com o Herbert. Na internet, as pessoas escrevem para mim: Ele não pode ser pai dela!”
Com 1,66 metro e 60 quilos, Carolina também está tranquila com a forma física. Mas depois dos 30 anos, atividade física passou a fazer parte de sua rotina. “Outro dia fui à academia e fiquei só 40 minutos na esteira. Sei que não é o ideal, procuro fazer pelo menos 50 minutos de spinning, mas foi o que deu para fazer naquele dia. Nesta vida corrida que a gente tem, é preciso saber negociar o que dá e o que não dá para cumprir”, ensina. Sem paranoias, ela até critica quem é magra demais. “Vejo muitas atrizes americanas quase anoréxicas! Fico apavorada com isso. Gina é o exemplo de uma mulher que não usa o corpo como objeto. Parece que a brasileira sempre usa demais o corpo, quer mostrar demais isso. A Gina é pobre e bonita, mas nem assim tem a perversidade de transformar o corpo num instrumento. Ela quebra um paradigma. E não é feia, recalcada. É linda e capaz. Só não tinha coragem de sair para o mundo.” Não tinha, porque agora tem.
LEIA MAIS NA EDIÇÃO 1987 DA CONTIGO!, NAS BANCAS A PARTIR DE 16/10/2013.
A atriz na chaise Copacabana, de Jaqueline Terpins, também no ambiente Casa de Fim de Semana
Foto: Dário Zalis