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Exposição de Tina Turner no MIS honra a vida da artista

Ensaios fotográficos se misturam com cenas interativas e muita informação sobre a vida de Tina Turner e os elementos que ela revolucionou não só na música

Por Adriana Marruffo
29 jun 2023, 09h34
Nova exposição do MIS tem imagens inéditas da carreira de Tina Turner
Nova exposição do MIS tem imagens inéditas da carreira de Tina Turner (Ebet Roberts/Getty Images)
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A cantora norte-americana Tina Turner deixou um legado musical e cultural inigualável, sendo um dos maiores ícones do rock do século 20. Sua morte, no final de maio, deixou milhares de fãs e admiradores desolados. Diversos veículos e colunas tentam relembrar a genialidade de Turner, com homenagens. O brilho e a criatividade da rockstar podem ser conferidos na exposição fotográfica Tina Turner: Uma Viagem Para o Futuro, do Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. A primeira exposição brasileira dedicada à artista fica em cartaz até o dia 9 de julho. 

A mostra foi organizada em torno de quatro temas: sua inigualável carreira musical, o poder feminino, sua participação na sétima arte e seu estilo único refletido nos figurinos e penteados icônicos. Os ensaios fotográficos desvendam o início da carreira da queridinha rainha do rock dos anos 1960 até o final dos anos 1990, sob as lentes de profissionais que fizeram parte da revolução musical e cultural. O MIS reuniu cerca de 120 fotos do acervo da The Music Photo Gallery, realizadas pelos fotógrafos Ebet Roberts, Bob Gruen, Lynn Goldsmith e Ian Dickinson, além de contar com conteúdos audiovisuais e instalações. Por ser a única focada na carreira da artista, o museu tem recebido uma quantidade maior de visitantes após o falecimento dela.

A carreira

Com quase 200 milhões de discos vendidos e 12 Grammys, Tina Turner começou a carreira artística em 1957, sob o nome de Little Ann, ao lado de Ike Turner, com quem foi casada até 1978. Porém, Tina só alcançou seu primeiro hit 24 anos depois do seu primeiro single, com “What ‘s Love Got to Do It”, que garantiu a ela os primeiros Grammys e o 1º lugar da Billboard Hot 100, nos Estados Unidos. Desde então, ela foi criando uma vida de legados, amplamente representados na exposição. 

“Foi muito com essa perspectiva, de mostrar uma história de superação, sobretudo. Uma história feliz no final, de sucessos e de se estabelecer, de chegar ali no lugar em que poucos chegaram”, explica Lia Vissotto, idealizadora da exposição, a respeito do objetivo da mostra. 

Os ensaios fotográficos não mostram unicamente a paixão de Tina pela música, mas também momentos emblemáticos de sua carreira. Em um dos espaços, é possível assistir à apresentação histórica no Maracanã, que possui o recorde de uma artista solo mulher, com mais de 188 mil pagantes. Além disso, a exposição conta com diversas fotos da estrela ao lado de seus companheiros na fama, como David Bowie, Mick Jagger e Keith Richards

Keith Richards e David Bowie ao lado de Tina Turner em acervo inédito do Museu da Imagem e do Som
Keith Richards e David Bowie ao lado de Tina Turner em acervo inédito do Museu da Imagem e do Som (Bob Gruen/Divulgação)
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“As fotos, a priori, trazem um lado muito positivo da Tina. Ela era uma pessoa positiva, raras vezes você a via retratada em uma atitude que não fosse de guerreira. Então as fotos conseguem transmitir isso, essa energia da Tina, essa presença que parece que sai da parede”, comentou Vissotto sobre a voz icônica de Turner, que transpassa as imagens dos fotógrafos.

O poder feminino

Outro dos nichos retratados na exposição do MIS é o poder feminino de Turner. A trajetória da cantora sempre mostrou grandes marcas da luta feminista. Um dos posicionamentos mais conhecidos de Tina Turner foi sua luta contra o etarismo, que iluminou a vida de outras mulheres para se sentirem confiantes na própria pele e na própria idade: “Os 50 são os novos 30. Os 70 são os novos 50. Não há regras que digam que você deve se vestir de determinada maneira ou que deve ser de determinada maneira. Estamos vivendo um tempo empolgante para as mulheres”, afirmou Turner ao Daily Express.

Foi assim também que ela desafiou os limites das vestimentas “adequadas” para mulheres. É possível ver, por meio das fotos expostas, cada look usado durante suas turnês. O destaque fica para 1990, quando cantora tinha 51 anos e continuava a iluminar os palcos com o seu sorriso, usando roupas vibrantes, coloridas e que, principalmente, faziam ela se sentir confortável com sua  identidade. 

“Tina Turner é uma artista que sempre esteve à frente de seu tempo: antecipou tendências e simbolizou o espírito afrofuturista antes mesmo de seu reconhecimento cultural enquanto movimento. Por isso, para adentrarmos essa história, não basta apenas uma lente no passado, mas também uma perspectiva de futuro, como uma metáfora de um olhar visionário sobre Tina, que, sobretudo, é uma inspiração”, conta Julia Borges Araña, outra idealizadora do evento. 

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Além disso, a artista também trouxe à tona os severos abusos que sofreu de Ike Turner. Ela comentava, principalmente, da necessidade de haver uma luta pelas mulheres cuja maior preocupação era sobreviver em seus lares. Ela comentava que, apesar de terem sido tempos difíceis, jamais se elogiava pelo tempo que passou com Ike, mas, sim, pela recuperação de amor próprio e respeito que ganhou após o divórcio. A artista inspirou diversas mulheres a saírem de situações de abuso, além de abrir cenário para a pauta na sociedade americana. 

Mais sobre looks

Um dos elementos que fez de Tina um fenômeno foram os looks icônicos. O estilo foi fundamental como ferramenta de reafirmação e presença. Nos palcos, chamava a atenção com perucas e peças que destacavam suas pernas, tão elogiadas por todos. As perucas eram confeccionadas a partir de fios naturais com texturas de cabelos negros, nunca apagando sua verdadeira identidade. Na exposição do MIS, há uma atividade interativa homenageando esse símbolo de beleza da artista. 

Entre as perucas disponíveis para os visitantes, o cabelo solto e repicado (foto abaixo), que foi inspiração para as futuras gerações do rock, mostrando a liberdade e energia do gênero. “O cabelo é um ponto focal, tanto que a gente colocou a possibilidade das pessoas vestirem as perucas e os diversos penteados que ela tinha. O cabelo dela é um cabelo que ficou marcado para sempre, tanto que isso foi transmutado para outras linguagens, como no Mad Max”, indicou Lia a respeito dos cabelos de Turner como parte focal da exposição. 

E por falar no filme, Tina expandiu o seu alcance criativo e participou da indústria cinematográfica, em produções como Procura Insaciável (1971), Tommy (1975) e Mad Max 3 – Além da cúpula do trovão (1985) – sua participação também está contemplada na mostra. Apesar de não ser conhecida pela atuação, Tina Turner fez da sua participação em filmes para além do “mais uma cantora tentando ser atriz”. Ela fez disso uma experiência imersiva em Hollywood.

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Cabelo icônico de Tina Turner está em destaque em exposição do MIS
Cabelo icônico de Tina Turner está em destaque em exposição do MIS (Bob Gruen/Divulgação)

Tina Turner: uma viagem para o futuro

Data: 04 de maio a 09 de julho de 2023

Horários: Terças a sextas, das 11h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h

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Local: Espaço expositivo 1º andar (Museu da Imagem e do Som Avenida Europa, 158, São Paulo-SP)

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) Terças: ingresso gratuito 

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