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Conto de fadas brasileiro fala sobre o amor entre duas mulheres

Quem disse que o “felizes para sempre” precisa ser sempre igual?

Por Júlia Warken
Atualizado em 5 jul 2022, 22h04 - Publicado em 2 dez 2015, 09h02

Nem adormecida, nem aceitando casar com um desconhecido, nem à espera do bonitão num cavalo branco… convenhamos, essa fórmula já está um pouco batida. Desde “Mulan” até “Frozen”, passando pela “Princesa e o Sapo”, felizmente estamos vendo algumas mudanças no conceito de conto de fadas. Mas a psicóloga Janaína Leslão quis ir além. “Até onde pesquisei esse é o primeiro conto de fadas de amor entre mulheres, no Brasil e no mundo. Existem sim outros livros sobre casais de mulheres voltados para o público infanto-juvenil, mas não são do gênero conto de fadas, que é bem específico”, diz a autora de “A Princesa e a Costureira”.

Recém lançado, após cinco anos de trabalho e uma campanha de crowdfunding, o livro conta a história da princesa Cíntia, que está prometida em casamento, mas acaba se apaixonando pela costureira que iria fazer seu vestido de noiva. O pai de Cíntia se revolta com a notícia e a prende numa torre, mas ela consegue o final feliz com a ajuda da irmã, de uma fada madrinha, de uma agulha mágica e até do príncipe com quem se casaria.

“Histórias de amor existem várias, mas a modalidade retratada nos contos tradicionais é basicamente a formula da moça que é salva da pobreza/morte/prisão por um príncipe que geralmente ela não conhece, mas que a escolheu, e isso basta para eles serem felizes para sempre”, comenta Janaína.

Ilustração: Júnior Caramez Ilustração: Júnior Caramez

Além de falar sobre um relacionamento lésbico, “A Princesa a Costureira” também se propõe a desconstruir estereótipos raciais. “Não vemos muitas princesas negras e famílias reais negras retratadas em contos. Assim, achei que seria ótimo ter uma protagonista princesa negra, pois as meninas negras geralmente não se veem representadas neste lugar”.

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Ilustração: Júnior Caramez Ilustração: Júnior Caramez

Depois do sucesso do crowdfunding criado para financiar as ilustrações de “A Princesa e a Costureira”, Janaína já está trabalhando na produção de mais um conto de fadas LGBT. “Joana Princesa” fala sobre uma menina transexual. “Esse outro livro traz a história da princesa Joana que quando nasceu foi chamada de príncipe João​, mas que após alguns anos insistiu aos pais que a considerassem uma menina. Provavelmente será lançado em meados de 2016”.

Ilustração: Marina Tranquilin Ilustração: Marina Tranquilin

Para a autora, é importante falar sobre o universo LGBT já na infância, pois desde muito cedo as crianças aprendem que essa realidade existe, mas geralmente sob uma ótica pejorativa. “Quando um menino é xingado de ‘bicha’ ou ‘viadinho’ na escola, ainda que ele não entenda exatamente o que significa isso, já estamos dizendo algo desse universo. De forma pejorativa, a criança aprende que essas pessoas são sinônimos de xingamentos. Quando ligamos a televisão e nos programa ditos humorísticos as pessoas LGBT são sinônimos de piadas, também estamos comunicando algo. Ou seja, não é verdade que as crianças não estão em contato com o universo LGBT. Elas estão, o tempo todo, mas tendenciosamente esse universo incute sofrimento e preconceito”.

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Oficialmente lançado há poucos dias, o livro já conta com bastante repercussão e Janaína comemora a receptividade. “Está sendo muito boa! Sobretudo de famílias dizendo que desejam ter o material para conversar com seus filhos sobre diversidade humana; já adolescentes e jovens adultos estão me dizendo que finalmente se veem representados em um conto de fadas. Também existem as pessoas que reagem mal a proposta. Mas essas pessoas sempre foram representadas em contos de fadas e continuarão sendo”.

Ilustração: Júnior Caramez Ilustração: Júnior Caramez

Vale lembrar que, em agosto desse ano, ninguém menos que o Papa Francisco mostrou-se favorável à publicação de um livro infantil italiano que estava sendo duramente rechaçado por conter personagens gays. Novos tempos e novas histórias para uma educação cada vez mais inclusiva e humana. As futuras gerações agradecem!

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