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Beyoncé vira alvo de boicote após denunciar racismo e violência policial. Entenda o caso!

Ela despertou a fúria de políticos graúdos e tem gente até tentando cancelar shows da turnê “Formation”.

Por Júlia Warken
Atualizado em 21 jan 2020, 14h43 - Publicado em 12 fev 2016, 14h39
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Beyoncé é a maior cantora pop da atualidade e causar furor a cada novo trabalho é esperado, só que dessa vez a coisa tomou novas proporções. Isso porque ela resolveu levantar a bandeira antirracismo e denunciar a violência policial em seu novo clipe, lançado na semana passada. Para completar, ela ainda se apresentou no maior evento midiático dos EUA, o intervalo do Super Bowl, num show cheio de simbologia. Se você ainda não assistiu ao clipe, dá o play para saber do que a gente tá falando:

Já no início da música, de cara vem a pergunta: “O que aconteceu depois de New Orleans?” e Beyoncé aparece em cima de um carro da polícia daquela cidade tapado de água até a metade. É uma alusão ao furacão Katrina, que dizimou a região em 2005, e a truculência da polícia local. Não por acaso, quem ouvimos dizendo a frase que introduz a música é o youtuber Messy Mya, rapaz negro e gay morto a tiros por policiais de New Orleans, em 2010. Já é pé na porta logo de cara! E as cenas que seguem também são cheias de exaltação à cultura negra do sul dos EUA, de críticas à polícia e de referências à campanha “Black Lives Matters”. Num dos momentos mais icônicos do vídeo vemos um menininho negro dançando em frente a uma barreira policial e uma parede pichada com a frase “Parem de atirar em nós”.

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Para quem não está ligado, a campanha “Black Lives Matters” balançou o EUA em agosto de 2014, quando o adolescente negro Michael Brown foi morto a tiros por um policial branco no Missouri. O garoto não estava armado nem possuía antecedentes criminais, mesmo assim a justiça americana inocentou o policial.

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O clipe de “Formation” foi estrategicamente lançado um dia antes do Super Bowl e, como já era de se prever, a apresentação da cantora seguiu a mesma linha de protesto. O que mais provocou a ira dos conservadores foi o figurino das dançarinas, inspirado nos Panteras Negras, grupo negro de resistência fundado nos EUA em 1966. O movimento armado chegou a contar com cerca de 2 mil membros no final daquela década e era conhecido por responder com tiros à perseguição racial exercida pela polícia. Estima-se que em 5 anos de atuação pelo menos 15 policiais e 34 Panteras tenham sido mortos em conflitos urbanos.

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There's no greater feeling than making history with your sisters! #SuperBowl50🏈 #Beyonce #goddesses #iSLAY #blackhistorymonth #CatchTheMessage #PROUD #Melanin #BlackPanthers

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Segundo o site Washington Examiner, oficiais da polícia desligaram seus televisores durante a apresentação em repúdio à cantora. No Facebook, membros da Associação Nacional dos Xerifes disseram ter virado as costas baixado o volume da TV na hora da performance.

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O ex-prefeito de Nova York, Rudolph “Rudy” Giuliani, também disse estar indignado com a apresentação. “Isso é futebol americano, não Hollywood, e eu achei realmente revoltante que ela tenha usado isso como uma plataforma para atacar os policiais, que são aqueles que protegem ela e protegem a gente, nos mantém vivos. E o que a gente devia fazer na comunidade afro-americana, e em todas as comunidades, é estimular o respeito aos policiais e focar no fato de que quando algo dá errado, OK, nós vamos trabalhar nisso. Mas a grande maioria dos policiais arriscam suas vidas para manter a nossa segurança”, disse ele em entrevista a Fox News.

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E Rudy não foi o único membro do Partido Republicano a se pronunciar. Em sua página no Facebook, o deputado Peter King publicou um textão dizendo que “Beyoncé pode ser talentosa para o entretenimento, mas ninguém devia se importar sobre o que ela pensa a respeito de questões sérias do nosso país” e que “por exemplo, nenhuma organização se esforçou mais para salvar vidas de negros americanos quanto a polícia de Nova York”. Casualmente, a polícia nova-iorquina também está na mira dos ativistas, por conta de casos como o de Eric Garner, homem negro estrangulado por policiais em julho de 2014.

Mas não é só nos EUA que Queen B vem sendo massacrada pelos políticos conservadores. Em entrevista ao The Sun, o parlamentar canadense Jim Karygiannis disse que a cantora devia ser impedida de se apresentar no Canadá e que devia ser investigada por estar associando sua imagem aos Panteras Negras.

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Harry How/Getty Images
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Além de provocar a fúria dos políticos é lógico que Beyoncé também vem dividindo opiniões entre os meros mortais. A hashtag #BoycottBeyoncé está pipocando nas redes sociais e um protesto está agendado para acontecer no dia 16, em frente à sede da Liga Nacional de Futebol Americano. O fio condutor do manifesto é a indignação de gente que não achou legal ver o Super Bowl sendo palco de um protesto que só diz respeito à população negra.

Também tem muita gente está dizendo que a cantora não tem propriedade para falar sobre as mazelas da comunidade afro-americana, por ser uma superstar bilionária. Ativistas negros como Shantrelle Lewis, pesquisadora ligada a ONU, acusam a cantora de fazer apropriação cultural e explorar o trauma de New Orleans em benefício próprio.

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Em meio ao quiproquó, uma coisa é certa: Beyoncé queria fazer barulho e conseguiu! Sem medo de usar a imagem para falar sobre política, ela reacendeu um assunto da maior importância e durante os últimos dias o que não falta é debate sobre o assunto. Ninguém duvida que vem muito mais bafão por aí e a turnê de “Formation” promete. Missão cumprida até aqui!

 

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