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Em livro sobre 4 gerações de mulheres, Adriana Falcão se inspira em sua família

O livro "Correnteza" é inspirado na vida da autora, que é cercada por uma potente energia feminina

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 out 2021, 10h00
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número 3 é profético na família de Adriana Falcão. A autora e roteirista é a caçula das três filhas que sua mãe teve. Adriana também é mãe de três meninas e avó de três netas. Para além do misticismo ou das coincidências da vida, dependendo do seu grau de ceticismo, a composição familiar permitiu uma convivência intensa com mulheres – e o acúmulo de conhecimento sobre diferentes personalidades e vidas femininas.

Até que demorou para que essa experiência virasse um bom texto, mas o resultado de quatro anos (ufa, outro número) de empenho sobre as palavras deu origem ao livro Correnteza, que será lançado em novembro pela Ventania Editorial, editora independente.

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“Não que seja uma trama baseada em alguém que conheço, os personagens são fictícios, mas carrego as mulheres da minha vida comigo, como inspiração para criar”, fala Adriana, de seu apartamento, no Rio de Janeiro.

Em Correnteza, quatro gerações convivem: a avó, nascida na década de 1930, a mãe, a filha e a neta, uma representante fiel da geração Z. Elas vivem, sozinhas, desafios e contradições e, juntas, amor, questionamentos dos valores e o choque das idades. “É uma celebração do mundo sob o ponto de vista das mulheres e uma análise de como eu fui transformada pela convivência com as minhas filhas e netas. Parece que nasci para escrever isso”, acredita Adriana.

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Adriana Falcão está abraçada com uma escada e um pé apoiado na outra perna
(Lucas Seixas/CLAUDIA)

No livro, a autora fala sobre os desafios das diferentes fases da vida, de gravidez, casamento, traição e dos duros rótulos impostos a mulheres por uma sociedade machista. “Minha avó se apaixonou por outro homem que não era seu marido, pediu para se separar e causou uma crise na cidade em que vivia. Ficou mal falada, foi julgada. Pensa na coragem dela para fazer isso e o que ela deve ter aguentado”, fala Adriana, que até virar mãe achou que a sociedade tinha mudado bastante do tempo da sua avó.

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“Cresci nos anos 1970. As minhas musas eram a Leila Diniz, a Marieta Severo, a Dina Sfat, mulheres tão fortes e revolucionárias. Elas simbolizavam liberdade, feminismo, democracia. Eu também me achava feminista. Aí os anos passaram e minhas filhas me apresentaram tantas coisas. Agora eu olho para trás e penso: ‘Como eu aguentei certas coisas?’”, fala ela, se referindo a episódios de abuso verbal e sexual que passou trabalhando em agências de publicidade. “Tinha uma época que eu não podia ir buscar café no escritório, porque, no caminho, tinha um redator conhecido que tentava me agarrar”, relata.

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“Eu sabia que aquilo era errado, mas achava que era uma questão pessoal, não compreendia como eu era vítima de um sistema e que todas as mulheres eram subjugadas a esse tipo de comportamento. Hoje, entendo que apenas unidas conseguimos lutar para que o mundo seja melhor para todas”, fala Adriana, que foi estimulada pelo então namorado, hoje marido, a fazer uma denúncia, mas nunca teve coragem. “Eu preferia sair do trabalho, tinha um perfil conciliador e não queria arrumar briga, tinha certeza que sairia perdendo”, revela.

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A atual onda do feminismo e a força das mulheres que lutam pelos direitos nas redes sociais, no mundo acadêmico, nas manifestações, nos postos governamentais, encantam Adriana, que se viu repensando conceitos mais uma vez quando se tornou avó. “Esse é mais um livro de sentimentos, de tudo isso que refleti, do que de fatos”, descreve. Claro que a família de mulheres teve a chance de conferir a trama de antemão e deu o selo de aprovação.

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Um novo método

Apesar de ser uma autora conhecida nacionalmente por títulos como A Máquina (Salamandra), adaptado para o cinema e para o teatro, e o infantil Mania de Explicação (Salamandra), Adriana teve dificuldade de encontrar uma editora para publicar seu novo livro. Foi quando conheceu Rosa Amanda Strausz, que está por trás da Ventania Editorial.

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“Ela é uma artesã da palavra e propõe um modo diferenciado de trabalhar. Meu livro foi feito com financiamento coletivo e eu demorei um pouco para entender que isso não era a mesma coisa que aquelas vaquinhas online. A Rosa faz uma pré-venda que permite que mais unidades sejam impressas depois. E essas são vendidas online”, explica ela, que admite que sentirá falta de ver o livro exposto nas livrarias.

“São tempos difíceis para a cultura, vemos as livrarias fechando, sem nenhum tipo de apoio governamental. O acesso a livros está tão caro. O processo todo para um livro chegar ao destino é muito custoso, mas essa tristeza vamos tentando driblar com criatividade!”, completa.

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