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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.

Comunicação assertiva: 7 dicas para melhorar a qualidade de suas relações

Quando bem usadas, as palavras são ferramentas que nos ajudam a construir relações mais fortes

Por Stéphanie Habrich
11 dez 2024, 17h43
Como melhorar a comunicação em casa?
Se comunicar de forma assertiva potencializa a conexão que temos com outras pessoas  (Christina Morillo/Pexels)
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Sempre admirei pessoas bem articuladas, que falam bem independentemente da ocasião, que têm sempre uma resposta na ponta da língua para qualquer pergunta que seja feita. A admiração talvez venha da minha timidez e do fato de ser uma pessoa mais quieta.

Entretanto, cada vez mais percebo que a comunicação não é apenas sobre ter respostas prontas. É sobre como nos conectamos com os outros — e aprender a usá-las é um caminho para descobrirmos nossa própria voz. Meu interesse pelo tema é grande, por isso decidi conversar a respeito com a Denise Mendes Gomes, que é psicóloga, terapeuta de casais e famílias e formadora no Instituto Sistemas Humanos (Instagram: @denisemendesgomes).

Ela é uma grande conhecedora do assunto e começou nossa conversa apresentando a palavra como uma ferramenta que serve para nomearmos nossos sentimentos, pensamentos e nossas experiências. Mas, como qualquer ferramenta, ela precisa ser bem usada. Não basta dizer que “esse é o meu jeito”. A comunicação exige adaptação, aprendizado e intenção.

Imagine que você está construindo uma casa nas suas relações. Essa casa precisa de vários cômodos: um para confidências, outro para risos, um espaço para tratar de assuntos difíceis e um canto confortável para conversas leves. “Um único martelo não é suficiente para construir todos esses espaços. Da mesma forma, um único jeito de se comunicar não é suficiente para todas as situações da vida”, disse Denise.

Então, precisamos ter vários jeitos de usar a palavra. A palavra é um instrumento para fazer mediação, para resolver conflito, para expressar o que eu sinto, para compartilhar experiências vividas, para brincar, para muitas coisas.

O meu jeito, que é de escutar e observar mais do que falar, pode ser bom em alguns momentos. Porém, se eu não falar o que eu sinto ou o que eu penso em determinadas situações, posso me atrapalhar ou deixar uma impressão de “pouco caso” para quem está comigo. “Se você não se posiciona, a outra pessoa pode ficar na dúvida se pode contar com você”, afirmou Denise.

Por outro lado, uma pessoa que fala muito também pode ofuscar a outra e não deixar espaço para um diálogo ou para a resolução de conflitos. Por isso o cuidado com o uso das palavras é tão importante. Conflitos vão acontecer o tempo todo, porque as pessoas são diferentes, e para resolvê-los, dependemos das palavras. Isso pode acontecer entre casais, amigos, sócios ou até mesmo em equipes de trabalho.

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Como se comunicar melhor

Dito isso, pedi à Denise que desse algumas dicas de como construir uma boa comunicação. Ela me trouxe sete passos que podem ser um bom ponto de partida para todas nós:

1. Entenda como você está se comunicando

Pense em um casal em que um deseja a segurança financeira e o outro quer gastar e usufruir do prazer imediato. Vai ser preciso muita conversa para que essas diferenças sejam aparadas e o tema não vire um conflito. E o primeiro passo para conversar da forma correta é o autoconhecimento.

Precisamos saber como é a nossa forma de nos comunicar, pois a partir desse entendimento conseguiremos desenvolver novas habilidades para diferentes situações. A dica da Denise para descobrirmos nossa forma de comunicação é simples, porém pouco utilizada: perguntando.

“Precisamos ter a curiosidade de perguntar ao outro se entendemos bem o que ele queria falar, porque o modo automático de todas nós é achar que já entendemos o que a pessoa está falando, antes mesmo de ela terminar de falar, tanto que é muito comum uma pessoa cortar ou falar por cima de outra”, destaca.

Sendo assim, precisamos sempre observar: eu estou curioso sobre o que o outro tem a dizer? Estou querendo que o outro entenda o que eu estou querendo dizer? Eu estou disponível para ouvir o que o outro está dizendo? São perguntas simples que nem sempre nos fazemos.

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2. Tem algo te incomodando? Fale

Tão importante quanto entender o outro, é estarmos dispostos a externar o que estamos sentindo, expondo nossos desconfortos e deixando claro quando algo que o outro falou nos chateou. Quando nos incomodamos, o melhor é falar para o outro: “tem alguma coisa me incomodando no jeito que você está falando”.

Quando nos calamos, o que nos incomodou segue conosco, gerando um incômodo crônico, que vai minando a relação. “A gente evita falar porque não quer conflito, mas isso não resolve, o incômodo não vai embora”, afirma Denise.

Quando somos capazes de falar numa boa, criamos intimidade, ou seja, vamos construindo os cômodos dessa relação, para que um fique à vontade diante do outro.

“A palavra bem usada não é a palavra que serve para evitar conflito, é a palavra que permite que as pessoas possam se aceitar e aceitar a emoção do outro sem crítica. Isso é sabedoria. É a possibilidade de enxergar o quanto a humanidade do outro é feita de sensibilidade, de dores, de medos, porque todas as pessoas passam por situações difíceis na vida, todas as pessoas têm medo de serem abandonadas, de serem rejeitadas, de ficarem de fora, serem criticadas, não valorizadas e maltratadas”.

3. Peça um tempo para pensar

Nem sempre precisamos responder imediatamente. Se uma conversa estiver carregada de emoções ou envolver um tema delicado, pedir um tempo para refletir antes de responder é fundamental. Frases como “Posso pensar sobre isso e te responder amanhã?” ajudam a acalmar os ânimos, organizar as ideias e evitar reações impulsivas que podem gerar mal-entendidos.

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4. Fale na primeira pessoa

Expressar sentimentos na primeira pessoa cria um espaço mais seguro para a conversa. Em vez de apontar o dedo e culpar o outro, diga como você se sente: “Eu me sinto magoada” ou “Eu percebo que isso me deixa desconfortável”. Essa abordagem reduz as chances de o outro se sentir atacado e promove um diálogo mais construtivo e empático.

4. Espere o outro falar até o final e faça perguntas

Ouvir é uma parte essencial da comunicação. Permitir que a outra pessoa conclua o que está dizendo demonstra respeito e interesse genuíno. Após ouvir, faça perguntas para mostrar que você está engajado e busca compreender melhor. Por exemplo: “Você poderia me explicar melhor o que quis dizer?” ou “Isso significa que você se sentiu…?”. Esse gesto reforça a conexão e diminui a possibilidade de interpretações erradas.

5. Prepare-se para a conversa e escolha um foco

DRs (discussão de relacionamento) não podem durar mais do que 1 hora. Conversas difíceis não precisam ser exaustivas para serem eficazes. É importante focar em um único tema. Tentar resolver todos os problemas de uma relação em uma única conversa só gera frustração e cansaço. Aborde os pontos cruciais de forma clara e deixe os demais para momentos futuros.

6. Use o humor como antídoto

O humor pode ser um grande aliado na resolução de conflitos. Uma abordagem leve, com toques de descontração, ajuda a aliviar tensões e a criar um ambiente mais receptivo. Claro, é importante usar o humor com sensibilidade, para não minimizar sentimentos ou desrespeitar o outro. Uma piada bem colocada pode transformar um momento difícil em uma oportunidade de conexão.

7. A comunicação sem palavras

Não podemos ainda desprezar o poder da comunicação não verbal. A comunicação sem palavras é uma poderosa forma de expressar sentimentos e criar conexões profundas entre as pessoas.

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O silêncio, o toque, o sorriso e até uma lágrima podem comunicar muito mais do que qualquer palavra poderia traduzir e ultrapassar barreiras que a linguagem falada não consegue romper, especialmente em momentos de grande tensão emocional, onde as palavras podem ser insuficientes ou até mesmo prejudiciais.

Segundo Denise, exercícios simples, como ficar de frente um para o outro em silêncio por alguns minutos têm o poder de revelar emoções, reduzir tensões e até salvar relações desgastadas.

Nesses momentos, o silêncio não representa ausência de comunicação, mas sim uma forma de falar com o olhar, com o corpo e com a presença. Essa troca, ainda que sem palavras, muitas vezes diz mais sobre quem somos e o que sentimos do que qualquer discurso elaborado.

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