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Por trás da moda

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Renata Brosina é jornalista, host de podcast e editora de moda com foco em luxo e sustentabilidade. Com 15 anos de carreira e alguns títulos internacionais no currículo, ela é curiosa, gosta de entrevistar e vestir pessoas, e analisar as transformações que vêm acontecendo no mercado.

Vestir perfumes? Grandes estilistas ajudam a criar fragrâncias icônicas

Movimento reforça valores e leva a história de suas maisons para o futuro

Por Renata Brosina
10 dez 2023, 06h53
A união bem-sucedida de moda e perfumes não é algo novo.  (Fotos: Getty Images. Colagens: Catarina Moura/CLAUDIA)
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Ainda que seja considerado um dos principais acontecimentos na moda, o New Look, de Christian Dior, só ocorreu às 10h30 daquela quarta-feira, 12 de fevereiro de 1947, graças à finalização de um item que vai além das saias amplas e bainhas longas conhecidas por todos: o perfume Miss Dior.

Em homenagem à querida irmã Catherine, Monsieur Dior encomendou aos perfumistas Jean Carles e Paul Vacher uma fragrância para ser lançada no momento da sua estreia. Caso contrário, sem o perfume, o desfile não seria realizado.

Segundo Jean Cocteau, poeta francês e grande amigo do estilista, na época, a apresentação recebeu a importância da bomba atômica. Em uma época de miséria no período pós-guerra e do severo racionamento de tecidos, Christian Dior tinha desejo em ver suas damas vestidas tais como flores, com ombros arredondados e silhuetas marcadas, em uma atmosfera que exalasse feminilidade.

O Miss Dior, por sua vez, era a conexão perfeita entre a delicadeza e o poder que o costureiro queria resgatar em cada uma daquelas mulheres prestes a acompanhar sua passarela.

Apaixonado por flores e jardins, herança da mãe Madeleine, ao longo da vida, ele mostrou que sabia relacionar pétalas e notas olfativas às suas coleções como ninguém — e os códigos que traduziam essa conexão surgiram renovados a cada estação.

Mesmo que não tenha desenvolvido o Miss Dior com as próprias mãos, a sua aprovação estava ali, ao mesmo tempo em que carregava seus alfinetes para o ateliê de costura. Apesar de não ser habitual esse encontro entre estilistas e laboratórios químicos nos dias de hoje, a relação entre a moda e a perfumaria é de longa data — e foi importante para a consolidação de diversas etiquetas na indústria fashion.

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Outro grande exemplo histórico é o Chanel Nº5 que, há mais de cem anos, é conhecido por traduzir a personalidade forte, paradoxal e misteriosa da sua co-criadora Gabrielle Chanel.

Um ano antes do seu lançamento, em 1920, a estilista conheceu Ernest Beaux, ex-perfumista da corte russa, em uma viagem a Grasse, e o convidou para a incrível missão de compor “um perfume feminino com cheiro de mulher”, como a Mademoiselle gostava de descrever.

O resultado foi uma combinação de ingredientes que conquistou o público feminino que se espelhava na imagem e atitude disruptiva de Coco Chanel — e, desde a sua criação, já ganhou diversas versões, das mais frescas às concentradas.

Antes mesmo de ter contato com as primeiras bolsas ou prêt-à-porter da maison, muitas consumidoras tinham interesse no Nº5, seja entrando em contato com o frasco na penteadeira das mulheres da família ou vendo os anúncios deslumbrantes em revistas e outdoors.

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No entanto, a maioria das marcas de luxo encontrou caminhos para terceirizar a produção de fragrâncias e tratá-las como “produto acessível” para disseminar seu nome pelo mercado. Como consequência desse desprendimento, muitas vezes, a comunicação entre os dois segmentos se perde e gera dificuldade em encontrar uma sintonia entre vestuário e olfato.

Afinal, a idealização do consumidor deveria ser a mesma, certo? Mas há, sim, exceções. De um lado, existe o movimento de reinterpretar os valores da marca para uma nova geração e conquistá-la com o seu universo como um todo.

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(Fotos: Getty Images. Colagens: Catarina Moura/CLAUDIA)

Um exemplo é a Pacollection, linha da Rabanne lançada em 2019, sob direção criativa da Julien Dossena, o estilista da casa francesa. Mesmo ao lado de cinco perfumistas, Dossena foi o responsável por conduzir o desenvolvimento das nove fragrâncias, tanto o conceito olfativo para serem compartilhados (ou seja, unissex) quanto as embalagens metalizadas inquebráveis, que estão relacionadas diretamente à ousadia e inovação da Rabanne em explorar de um jeito incomum as estruturas metálicas, característica principal do trabalho do fundador da marca, Paco Rabanne.

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Já dentro da dinâmica da espanhola Loewe, Jonathan Anderson criou uma atmosfera de desejo absoluto na categoria de perfumaria (e velas também).

Ainda que a primeira fragrância tivesse sido apresentada em 1972, a L de Loewe, foi em 2016 que Anderson mostrou ao mercado que era possível atualizar os pilares da marca.

Embora denominadas “Woman” e “Man”, os dois são compartilháveis e o consumidor pode combiná-los entre si para criar “seu próprio cheiro”.

A modernidade, que é vista na passarela da Loewe, surge nos frascos minimalistas (desenhados pelo próprio Jonathan) que seguem como estética reconhecível pelos fãs.

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O que muda além da combinação de notas? As cores dos vidros. O conceito “arco-íris botânico”, inspirado nos elementos da natureza, permite brincar com a experiência sensorial relacionada aos aromas e a liberdade de descobrir seu próprio perfume.

Sabe o lado lúdico que o designer gosta de explorar, com seus vestidos-antúrios e saltos fincados em ovos? É isso, só que na versão perfume, de passar no corpo ou vestir. 

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