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Renata Brosina é jornalista, host de podcast e editora de moda com foco em luxo e sustentabilidade. Com 15 anos de carreira e alguns títulos internacionais no currículo, ela é curiosa, gosta de entrevistar e vestir pessoas, e analisar as transformações que vêm acontecendo no mercado.
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Estilo Old Money: porque a tendência precisa ser questionada

A moda é feita de idas e voltas de movimentos e tendências. Mas será que tudo cabe em 2022?

Por Renata Brosina
Atualizado em 20 ago 2022, 08h40 - Publicado em 20 ago 2022, 08h40

É natural nos depararmos com estéticas boas décadas após o seu surgimento. Esse revival de diversos movimentos é característico da moda e é esperado, principalmente, pelas novas gerações que se deparam com visuais que são novidade – e sentem sede por reproduzir o que foi usado no passado. Afinal, é o primeiro contato real desses jovens com uma estética gerada a partir do reflexo de outras épocas, mas nem tudo merece ser ressuscitado. Pelo menos, eu enxergo dessa forma. Até porque são novos tempos. 

Antes mesmo de começar a ser perseguida por um grupo de pessoas a bordo de suas camisas pólo engomadas com seus tacos de golfe e suas taças de champanhe à luz do dia, quero dizer que esses elementos, por mais clássicos que sejam do estilo old money, não são exclusivos desse universo da ostentação que fez parte do lifestyle dos herdeiros das décadas de 1970 e 1980. Afinal, eu adoro vestidos com gola pólo, tênis é meu esporte preferido e o drink mimosa é ótimo para curar ressaca. Mas, no TikTok, a geração Z tem investido nesse movimento à exaustão e, diferente de várias tendências de estilo que vão e vêm na moda, essa é altamente questionável. Ainda mais porque carrega um nível de empoderamento baseado em heranças, mais precisamente da sociedade norte-americana da década de 1970. 

O termo old money, que vem do inglês “dinheiro velho”, tem significado literal: são fortunas acumuladas ao longo de gerações burguesas que desaguam em herdeiros prontos para usar suas camisas com bordado de cavalinho da Ralph Lauren ou que sonham com o guarda-roupa de Blair Waldorf, de Gossip Girl. Esse movimento, que também ficou conhecido como preppy e faz referência às “escolas preparatórias” norte-americanas, segue um ritmo especial e fechado para definir o lifestyle dos jovens pertencentes à elite da época e que, na década de 1990, era comum ouvir por aí termos como “patricinha” ou “mauricinho”.

Diferente de subculturas que surgiram a partir de conexões estéticas baseadas em gostos musicais e interesses culturais, entre eles os mods, ou, até mesmo, caracterizando um movimento anti-moda, como os próprios punks, para ser preppy era preciso ter um crachá de acesso aos grupos elitizados da escola, que só o dinheiro poderia te dar. Com o tempo, looks compostos por coletes, saias com pregas, suéteres (muitos deles, amarrados no pescoço) e as camisas pólos começaram a tomar forma no guarda-roupa destes jovens, assim como marcas que foram adotadas como queridinhas dos preppies. Lacoste, Ralph Lauren e Tommy Hilfiger, que refletem o lifestyle esportivo do tênis, hipismo e golfe, se tornaram clássicos dos herdeiros da época. Quem conseguiu sair ilesa foi a Fred Perry, criada pelo tenista de mesmo nome, que manteve sua identidade vinculada principalmente à música. Mas, dentro dessa celebração preppy, qual é a necessidade de se vestir como rico?

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A ostentação do old money tem uma equação diferente. Os traços têm um quê antiquado – aqui, você pode fechar os olhos e imaginar aquele conjuntinho empoeirado de tweed, meio sem corte e bem pesado, da garota popular da escola. O que vai contra a onda da logomania que, para o arrepio dos herdeiros, foi assumida pelos novos ricos, muitos deles, artistas que enriqueceram e não carregam a tradição de um sobrenome polido. Mas carregam as glórias de terem enriquecido.

A celebração do movimento divide hashtags com a estética que combina elementos dos anos 2000, também conhecida por Y2K, e vem sendo adotada também pela geração Z. Mas, em oposição ao glitter e às cinturas baixas usadas pelas divas do pop, há este ar conservador, que muitos validam como elegância atemporal e que parece fazer uma ode ao lifestyle composto por uma luxúria restrita. E, em meio a tanta necessidade de validar questões de inclusão, e muitas delas sendo feitas pelas marcas de luxo, é curioso como o movimento ganha cada vez mais adeptos – e sabe o que mais causa espanto? Muitos encaram a moda como um simples visual bonito e legal de incorporar no dia a dia, mas parecem não se interessar muito pelos seus significados, sobre como e onde tudo começou. 

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