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Alexandre Simone e Lucas Galdino, comunicadores e criadores do @historiasdeterapia, contam causos que vão do emocionante ao cômico
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Um teto todo meu: deixei a casa onde vivi por 25 anos

Nossas casas testemunham o melhor e o pior da nossa vida. Afastar-se de um lar que nos acolheu por tanto tempo é também uma separação

Por Alexandre Simone e Lucas Galdino
22 jan 2024, 10h40

Sylvia Loeb é uma grande amiga nossa que, aos quase 80 anos, se viu no maior desafio da sua vida: deixar a casa em que viveu por 25 anos para dar início a um novo capítulo da sua trajetória. Mas ué… Estamos em uma coluna de relacionamentos, e resolvemos falar sobre uma… casa? Leitores, prometemos que não começamos 2024 malucos, não! Uma casa é muito mais do que a soma de paredes, chão, teto — e vocês já vão entender. Mas voltemos à Sylvia.

Até os 54 anos, Sylvia nunca havia morado sozinha. Ela passou a infância com os pais, aos 17 anos casou-se pela primeira vez, teve filhos, separou, depois se casou novamente, separou mais uma vez — e foi só depois dos 50 anos que teve a oportunidade de viver sozinha. 

Para muita gente, morar sozinha nessa idade pode parecer solitário ou entristecedor, mas, para Sylvia, foi uma verdadeira revolução. Ela resolveu curtir. Ao longo de duas décadas e meia, celebrou muito, deu grandes festas, recebeu amigos, filhos — e alguns amores também.

Foi na sua casa que viu as netas crescerem e teve o privilégio de curtir cada centímetro quadrado daquele lar, que montou com tanto carinho e afeto, em sua própria companhia. Mas a vida não é só feita desses momentos, é claro. 

Esses 25 anos também testemunharam momentos difíceis: dias de solidão, de tristeza, de melancolia. Sob aquele teto, chorou suas desilusões e suas perdas também. 

A casa de Sylvia foi fiel a ela durante 25 anos. Na alegria e na tristeza, como dizem os votos. Mas “o afeto da gente é meio vagabundo”, nas palavras de Sylvia — e a fidelidade um dia se rompeu.

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Em dezembro de 2022, ela recebeu uma proposta de uma construtora para vender seu lar. Uma proposta financeiramente irrecusável, ainda por cima. E ela aceitou. 

O lar que faz parte da história de Sylvia, que guardou suas memórias por um quarto de século, viria abaixo para dar lugar a mais um condomínio, em mais um grande centro urbano qualquer.

Um ambiente sem personalidade com varandas gourmet, desses que cobrem o céu, tapam as vistas da janela, e deixam a cidade ainda mais contida. 

Sylvia, porém, não é gente que abandona sua casa sem um grand finale. Em fevereiro de 2023, ela ainda estava sob o teto do traído lar quando teve um princípio de infarto.

Era uma noite de verão e ela havia ido ao teatro com uma amiga, com quem jantaria depois. Mas Sylvia não estava se sentindo bem e resolveu voltar para casa. No meio da noite, acordou com uma dor insuportável e ligou para sua filha, a Carla, que chamou uma ambulância para a mãe. 

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Sylvia nunca temeu a morte ou a velhice. Ela sabe que, hoje, tem mais passado do que futuro pela frente, mas a morte nunca foi um problema. Ou melhor, não era — até a possibilidade bater à porta. 

O infarto fez com que Sylvia começasse a elaborar tudo que estava acontecendo naquele momento: o turbilhão de emoções internas, o passado recheado de memórias. Assim, decidiu escrever uma carta de despedida para a casa, sua fiel companheira.

Por mais que possa soar materialista ter tanto apego a uma construção de cimento e tijolos, Sylvia faz muito bem em se despedir do lugar em que buscou refúgio no dia que passou mal, e para onde voltou depois que ela saiu do hospital.

Sua casa nunca falhou com ela: sempre esteve lá, íntegra, disponível… até não estar mais. 

Hoje, o lugar onde ela viveu por 25 anos é um canteiro de obras. A história daquela casa, porém, segue viva na memória de quem pôde estar sob aquele teto que já não existe mais.

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E a Sylvia, que hoje já vive em outra casa, em outro bairro, agora está construindo novas memórias e uma nova relação. Afinal, sabemos: dor de amor se cura com uma nova paixão.  

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