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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood

A missão ainda impossível da franquia de Tom Cruise seria manter mulheres?

Ao longo de 27 anos, as missões difíceis são dadas à Ethan Hunt (Tom Cruise), mas as mulheres desaparecem ao longo das tramas

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 12 jul 2023, 12h19 - Publicado em 23 jun 2023, 08h10
Emmanuelle Bear, como Claire Phelps, e Ingeborga Dapkunaite, como Hannah Williams, em Missão Impossível
Emmanuelle Bear, como Claire Phelps, e Ingeborga Dapkunaite, como Hannah Williams, em Missão Impossível (Richard Blanshard/Getty Images)
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Como os críticos gostam de lembrar, o protagonismo de Ethan Hunt (Tom Cruise) em Missão: Impossível nasceu em parte porque no conceito original do primeiro diretor, Brian de Palma, a proposta era de ser um único filme e, mais ainda, ao eliminar toda equipe logo de cara deixando Cruise “sozinho” deixaria mais claro que não era um reboot da série de sucesso da TV.

Pois é, 27 anos depois, às vésperas da estreia do sétimo filme, Missão Impossível é considerada uma das franquias mais lucrativas no cinema e muita coisa mudou, menos o espaço dado às mulheres. Claro, aumentou significativamente, e mais do que um “Agentes 355” há oportunidade clara para um spin-off com as parceiras (vivas) de Ethan Hunt. Eu adoraria ter acompanhado Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) em suas aventuras, por exemplo, especialmente ao lado da corajosa agente Jane Carter (Paula Patton), mas impossibilidade dessa missão, que só dependia do Sr. Tom Cruise, vai ficar no sonho, obrigada! (desculpem o spoiler)

Claro, aumentou significativamente, e mais do que um “Agentes 355” há oportunidade clara para um spin-off com as parceiras (vivas) de Ethan Hunt. Eu adoraria acompanhar Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) em suas aventuras, por exemplo, especialmente ao lado da corajosa agente Jane Carter (Paula Patton). A impossibilidade dessa missão só depende de um produtor aceitar o desafio… alô, Sr. Cruise!

Mas voltando ao tema, nem sempre as mulheres se deram muito bem, sendo que o primeiro filme não tinha quase nenhuma representante feminina confiável. Vamos rever as mulheres do universo de Ethan Hunt?

Missão: Impossível (1996)

Na estreia, a mocinha e vilã estavam em uma única personagem dúbia, Claire Phelps (Emmanuelle Béart), casada com o chefe – jamais aconteceria hoje –, Jim Phelps (Jon Voight), um homem bem mais velho que é aparentemente morto.

Tecnicamente viúva, ela “seduz” Ethan imediatamente após a suposta morte do marido. Mas descobrimos que ela estava no jogo duplo de Jim Phelps. Até se sugere que ela possa ter realmente se apaixonado pelo herói, mas morre no fogo cruzado.

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Fora Claire, mal conhecemos as duas outras mulheres da equipe, Sarah Davies (Kristin Scott-Thomas) e Hannah (Ingeborga Dapkunaite), detonadas (literalmente) por Claire e Jim.

Mas esbarramos com Max (Vanessa Redgrave), que é uma negociadora de armas simpática, que acaba presa embora simpatize com Ethan. Sem surpresa sorrimos anos depois quando sua filha, Alanna Mitsopolis (Vanessa Kirby), a Viúva Branca, cruza na vida do nosso agente favorito.

Missão: Impossível II (2000)

Veículo para uma mulher só ao lado de Tom Cruise, a incrível Thandiwe Newton, interpretando a ladra e rapidamente namorada de Ethan Hunt, Nyah Nordoff-Hall.

Ethan achou que a missão seria um roubo e por isso seguiu a escola de Jim Phelps misturando trabalho com prazer, apenas para descobrir que seu papel era meio de cafetão, forçando Nyah a voltar se relacionar com o ex tóxico e abusivo, o vilão Sean Ambrose (Dougray Scott).

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Para piorar, ela é infetada com o vírus mortal e salva no último minuto. Sem surpresa Nyah some da vida de Ethan depois disso tudo. É a única mulher inteligente de toda franquia.Missão: Impossível III (2006)

De poucas à muitas mulheres. Reencontramos Ethan à paisana, contemplando a aposentadoria e o futuro casamento com a médica Julia Meade (Michelle Monaghan), mas é chamado de volta à ação quando sua pupila, a agente Lindsey Farris (Keri Russell) desaparece com o ‘pé de coelho’ que o ultra cruel traficante de armas, Owen Davian (Philip Seymour Hoffman) está atrás.

Vingativo, ele sequestra Julia e Ethan monta o time para salvá-la. Infelizmente Lindsey só aparece rapidamente, sendo morta por Owen, mas temos Maggie Q. como Zhen Lei, que mal fala, mas ajuda Ethan em momentos importantes.

Julia perdoa Ethan e aprende a se defender, o final do herói é feliz com sua amada, ou assim parece. Para ser justa, há duas agentes (irrelevantes) na trama: Rachel (Bellamy Young) e Beth (Carla Gallo), que entram mudas e saem caladas.

Missão: Impossível – Protocolo Fantasma (2011)

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Equidade ainda não é bem estabelecida no Departamento de Missão Impossível, mas temos a agente Jane Carter (Paula Patton) com maior autonomia e destaque nas ações.

Reencontramos Ethan – viúvo – infiltrado em uma prisão russa. Ele é recrutado para impedir que Sabine Moreau (Léa Seydoux) venda códigos nucleares russos, mas a missão é mais pessoal para Jane, depois que Sabine mata seu colega e namorado no início do filme.

Há um drama paralelo da culpa que o agente Brandt (Jeremy Renner) sente pela ‘morte’ de Julia, mas SPOILER, ela está viva. Ethan se divorciou dela e se afastou para que ela tenha chance de sobreviver.

É um sacrifício de novo tortuoso, mas Julia é mesmo esquisita. Se casou com um cara que mentia para ela, que quase custou sua vida, precisou abrir mão de sua identidade e viver escondida apenas para terminar sem ele e com um novo nome para poder sobreviver, e, ainda assim, gostar dele. Freud explica.

Missão: Impossível – Rogue Nation (2015)

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Precisou quase uma década e duas ótimas agentes para que uma finalmente se igualasse e conquistasse Ethan Hunt: bem-vinda Ilsa Faust (Rebecca Ferguson).

Inicialmente dúbia, parece uma agente dupla agindo como agente dupla para no final das contas ser mesmo “do bem”, ela é incrível e perfeita. Salva o herói, é inteligente e hábil como seus pares. Convida a Ethan a fugir com ela, não é ele quem manda na relação, mas como precisávamos de mais filmes, os dois se despedem amigos. Ou mais que amigos… fica incerto.

Missão: Impossível – Fallout (2018)

A mulherada dá as caras, mas ainda não tem o mesmo protagonismo que Ilsa. A chefe de Ethan é Erika Sloane (Angela Bassett), que não curte ele tanto quanto os antecessores, e a antagonista simpática (sempre tem um em cada filme) é Alanna Mitsopolis (Vanessa Kirby), a Viúva Branca que é filha de Max (tinha oito anos quando Ethan mandou sua mãe para prisão).

Alanna tira umas casquinhas de Ethan, mesmo com uma diferença de idade significativa, mas é Ilsa que volta para salvá-lo. Reencontramos a santa Julia Meade (Michelle Monaghan), que agora trabalha com os Médicos Sem Fronteira e está casada novamente.

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O carinho por Ethan é o mesmo e não apenas o ajuda como pode, como dá sua benção para que ele e Ilsa finalmente fiquem oficialmente juntos.

Missão: Impossível – Dead Reckoning (2023)

Missão: Impossível – Dead Reckoning (2023)

Para quem ainda não viu a nova etapa da história de Ethan Hunt, fica o aviso/spoiler: infelizmente há sacrifícios. Além de Alanna e Ilsa, teremos novos rostos femininos no elenco, como Grace (Hayley Atwell), mas a falta de sorte de Ethan no amor coloca qualquer par romântico à prova, o que é ultra injusto com a nossa Ilsa. E só comprova que, para as mulheres no cinema encarar bombas e terroristas é fácil, impossível mesmo parece ser superar o sexismo em Hollywood!

Seja como for, sabemos que, para as mulheres, encarar bombas e terroristas é fácil, impossível mesmo parece superar o sexismo em Hollywood!

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