Vivi Duarte: ela faz a diferença na vida de milhares de mulheres e meninas
Fundadora do Plano Feminino e do Plano de Menina, Vivi conta um pouco de sua trajetória e compartilha suas táticas para se destacar no corporativo
“O mundo dos negócios sempre foi dado aos homens, brancos, héteros e privilegiados e espaços de poder sempre foram povoados por eles. Ocupar estes espaços como mulher e negra é desafiador”, diz com propriedade Viviane Duarte, de 42 anos, sobre os desafios de ser uma líder que inspira.
Vivi, que é fundadora da consultoria Plano Feminino, é uma mulher carismática que decidiu se mexer para fazer a diferença na vida de milhares de mulheres e meninas graças ao comichão da indignação.
“O Plano Feminino nasceu das minhas inquietações e indignações em relação às narrativas da propaganda, que insistiam em nos colocar num lugar sexista e machista, sem representatividade”, diz a criadora da empresa que é pioneira em ressignificar narrativas na propaganda e criar campanhas com diversidade e representatividade colocando as mulheres em seu lugar de mérito.
Ela, que é jornalista formada e há 11 anos assume a liderança deste projeto, afirma que todo esse período serviu para que ela se construísse como líder, um processo longo e constante.
“Acerto. Erro. Acerto de novo. Recalculo rota. Tenho medos e coragem pra realizar. É importante e gosto de falar sobre vulnerabilidades, porque todas temos em qualquer posição e precisamos desmistificar a síndrome da impostora.”
A figura inspiradora de Vivi, que participa de um projeto de mentoria inovador da Todas Group e assumiu recentemente o cargo de CEO do Buzzfeed, tem orgulho em falar que tudo isto foi parte de seu planejamento como forma de “abrir mais espaço para diversificar negócios e skills.”
“É um desafio que traz muito significado pra minha construção como líder”, diz ela, que quer mudar o quadro das mulheres que, por toda a opressão que sofrem, esperam ter 200% da capacidade para se jogar em um novo desafio, enquanto os homens o fazem apenas com 30%.
“Quero impactar a vida de meninas e mulheres de forma que elas potencializem autoconfiança e autoestima para ocupar espaços de poder.”
Uma mulher de negócios
Quando o assunto é levar o Plano Feminino para as empresas ou se posicionar no mundo dos negócios, Vivi expõe que trabalha intensamente suas habilidades emocionais e resiliência, além da autoconfiança em ser quem ela é, para entrar nestes espaços de forma estratégica e fazer valer a sua voz, que representa o grito de diversas outras mulheres.
“Construir repertório, se capacitar tecnicamente e estar sempre de olho em inovação, além de criar rede de contato e fazer networking estratégico no mercado também é bastante importante para os negócios. E acima de tudo, entregar o que se propõe a fazer de forma eficaz.”
Ela, que conseguiu romper com um padrão de publicidade sexista, homofóbica e racistas, provou que não era maluca, como muitos já haviam conjecturado, mas possuía inteligência e visão de mercado, comprovando que falar de forma mais eficaz com este público, aumenta engajamento, resultado de venda e traz reputação a marca.
“Consegui o primeiro projeto de 1,5 milhão em 2012 com Fbiz e Unilever, que trazia diversidade de cabelos e mulheres e culturas na campanha que foi extremamente bem sucedida. De lá pra cá, atendemos marcas como Hershey’s, Seda, Banco Pan, The Body Shop, Jeep, Eqlibri, Quem Disse Berenice, Itaú, Bayer, Sanofi, Netflix, entre outras.”
Uma visão humanista do que as mulheres e meninas precisam
Assim como as mulheres lidam com diversas coisas ao mesmo tempo, a plataforma consegue conciliar empoderamento, sonhos, carreira e conforto emocional, tratando desses assuntos com profundidade em workshops online e encontros presenciais, que estão temporariamente suspensos em consequência da pandemia da Covid-19.
“Criamos verticais que trazem cursos sobre habilidades técnicas e emocionais, patrocinados por marcas com propósito de dialogar e promover conexões verdadeiras com as mulheres.”
No entanto, além das mulheres no mercado de trabalho, outro público também se tornou alvo de Vivi: as meninas periféricas, que – em sua maioria – nascem sem oportunidades para realizar seus sonhos e consequentemente não têm repertório para competir com meninas de classe média, estando expostas ao subemprego ou ao desemprego.
“Elas desistem de seus planos. Enquanto meninas privilegiadas se tornam executivas de globais no país.”
Viviane foi uma menina da periferia de São Paulo. Ela, aos 42 anos, conquistou espaços que, de acordo com ela, são de privilégios. Praticamente 1 em 1 milhão que alcançam este lugar.
Assim, ela criou o Plano de Menina, um instituto que oferece workshops de habilidades técnicas e emocionais, conecta meninas à vagas de emprego em globais e todos os anos lança uma campanha com novos planos para estas meninas. Ela avisa que os planos de 2021 ainda são um mistério, mas que logo ela os divulgará!
Em 4 anos de Instituto, são 2 mil meninas impactadas diretamente e milhões por meio dos workshops e conteúdos online sobre carreira, empreendedorismo, autoestima, finanças e outros temas.
“Em plena pandemia conseguimos a contratação de centenas de meninas em empresas como: The Body Shop, Ambev, Amaro, Unilever, entre outras.”
“Minha missão é usar meus privilégios com meu Instituto para que meninas periféricas tenham oportunidades.”
“No projeto eu aprendi a me colocar em primeiro lugar e focar na minha saúde mental, pois só assim poderia seguir realizando meus planos”
Fala de uma das meninas auxiliadas pelo projeto
Vivi, que não tem medo de demonstrar suas fraquezas, não esconde que a pandemia lhe trouxe uma ansiedade e gatilhos intensos, os quais busca aliviar com terapia e atividade física.
“O meu melhor aprendizado de tudo isso é a importância da saúde mental para fazer acontecer e da rede de cúmplices de nossos planos a nosso favor na vitória e na guerra.”