No palco do Fórum CLAUDIA #EuTenhoDireito, quatro mulheres que herdaram seus negócios e tiveram de ficar à frente de suas empresas trocam impressões sobre os desafios da situação.
Manuella Curti, do Grupo Europa, buscou inspiração para inovar e se manter firme à frente da empresa da família. Com câncer, em 2009, seu pai, Dacio Mucio de Souza, preparava o irmão, Dacio Júnior, para ser seu sucessor.
Entretanto, uma tragédia interrompeu os planos. Dacio foi assassinado e o pai, em choque, faleceu seis meses depois. O doloroso processo de luto acompanhou Manuella quando precisou assumir as rédeas do grupo. “As redes de apoio tem um poder que a gente nem sequer consegue calcular”, diz, destacando a importância da sororidade.
Ela foi uma das participantes do painel “Mentoria e sororidade: os conceitos que estão transformando a história das herdeiras”, mediado por Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza.
“As mulheres se dando as mãos e se ajudando, vendo que uma passa por coisas que outras já passaram”, disse Alessandra Restaino, da Le Postiche. Em 2010, durante uma reunião de diretoria, foi pega de surpresa pelo pai, Álvaro, que lhe convidou para assumir a presidência da rede especializada em bolsas e acessórios. Aceitou. Com mais de 200 lojas espalhadas pelo país sob seu comando, se agarrou à autonomia para liderar uma campanha de reposicionamento de marca. Assim, refrescou o nome no mercado e entrou para o time das empresas que querem combater os estereótipos de gênero ao lançar o manifesto “Meu Destino, Minhas Regras”.
“O desafio é construir a autoconfiança. Porque muitos demoram a acreditar, então a gente duvida. Tem também o preço do legado. Não é leve. E você tem que continuar fazendo dar certo, mas do seu jeito, senão não dá certo. No começo, eu copiava, porque tudo o que ele fazia dava certo. Até por eu ser mulher, tenho outras habilidades, outros talentos. Você respeita o legado que trouxe a empresa até onde ela está, e fazer a virada e a longevidade, é uma responsabilidade gigante para garantir que o negócio se perpetue”, afirma.
Para Lucy Onodera, que recebeu o bastão da mãe, Edna, outro peso é o do sobrenome. Dona da rede homônima de clínicas de estética, ela não reconsidera o pilar básico da instituição: toda unidade deve ter uma mulher à frente da operação, seja como franqueada ou como gerente. A exigência já tem quase 18 anos, quando, em 2000, a dupla resolveu acelerar o crescimento do negócio. O mantra dessa receita de sucesso? A sensibilidade feminina é essencial para se alcançar o sucesso. “Quero que a empresa seja vista como de qualidade, que aumenta a autoestima das mulheres, porque leva o nome da minha família”, diz Lucy.
“Na empresa familiar, tem que ser profissional. Na família, tem que tomar cuidado, porque vai ter que almoçar no domingo e passar o Natal juntos”, brincou Luiza Helena.
Como herdeira e mulher à frente de sua empresa, Manuella disse que ainda busca como fazer para que seu coração e sua alma falem, sem ser ridícula, sem ser ‘porque é mulher'”. Como posso fazer de uma forma tranquila, que as pessoas possam ser autênticas.
Luiza Helena disse que nunca teve dúvidas de que teria que ser ela mesma. “Isso me salvou.”