Skin Cycling: entenda a trend de skincare e seus benefícios para a pele
Com mais de 91 milhões de visualizações no TikTok, Skin Cycling consiste em criar um cronograma cíclico do uso de cosméticos
Você já ouviu falar em Skin Cycling? Criada pela dermatologista Whitney Bowe, a rotina de skincare viralizou no TikTok pela proposta de um cronograma simples de cuidados noturnos com a pele, que intercala os produtos durante a semana e promete tornar a rotina bem mais prática. Vamos juntas entender melhor essa trend e como ela pode ser inserida no nosso dia a dia?
“Skin Cycling consiste, basicamente, em criar um cronograma noturno para a utilização dos cosméticos, intercalando o uso de certos produtos de acordo com o dia da semana no lugar de utilizar todos os produtos diariamente. Isso permite que a pele possa se recuperar e evita sobrecarregá-la, o que pode resultar em irritação e vermelhidão. Apesar de ter ganhado popularidade recentemente no TikTok, essa é uma prática recomendada por dermatologistas há muito tempo por ser realmente benéfica para a saúde e beleza do tecido cutâneo”, explica a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
A tendência foi criada pensando principalmente na utilização de produtos como o esfoliante e cosméticos formulados com ácidos, como o retinol e os alfa-hidroxiácidos (AHA’s), que, segundo a dermatologista, têm alto potencial irritativo quando utilizados em excesso, podendo causar desidratação e vermelhidão. Então, para prevenir esse problema, o Skin Cycling propõe a realização da rotina skincare noturna em um ciclo de quatro dias.
Como fazer o Skin Cycling
Dia 1
A trend propõe que, no primeiro dia, seja realizada a esfoliação. “A esfoliação remove células mortas da superfície da pele, excesso de sebo do interior dos poros e a camada superficial do tecido cutâneo, assim estimulando a renovação celular, prevenindo cravos e espinhas e tornando a textura mais homogênea. Além disso, esse hábito potencializa a capacidade de absorção dos cosméticos, aumentando a penetração e eficácia dos ativos”, diz a médica. Para essa etapa, o ideal é optar por produtos formulados com partículas pequenas ou médias feitas de ativos naturais, como esferas vulcânicas e casca de arroz. “Evite produtos que contenham microplásticos como agentes esfoliantes, que podem machucar a pele e são prejudiciais ao meio ambiente, pois chegam aos rios depois do enxágue e causam poluição e morte dos peixes”, alerta.
Dia 2
O dia seguinte à esfoliação deve ser reservado para a utilização de cosméticos com ácidos, especialmente o retinol e os alfa-hidroxiácidos. “O retinol é precursor do ácido retinóico, no qual se transforma ao ser absorvido pela pele. Algumas de suas funções mais importantes incluem regeneração celular, esfoliação e síntese de colágeno, mas também atua no controle da oleosidade e da acne e na redução da hiperpigmentação. Além disso, a substância também possui ação queratolítica, agindo na camada córnea para eliminar as células mortas e promover melhora da textura, suavizando poros dilatados, atenuando rugas e permitindo uma penetração mais eficaz de outros ativos”, destaca Ludmila Bonelli, cosmiatra, especialista em dermatocosmética e diretora científica da Be Belle.
Já os alfa-hidroxiácidos são uma categoria abrangente de ativos geralmente de origem natural, feitos de açúcar, leite e frutas. Cada tipo de AHA possui tamanho molecular diferente e propriedades específicas, mas, no geral, são clareadores, reparadores e suavizantes. Os ácidos láctico, málico, cítrico e mandélico fazem parte dessa categoria, mas o mais popular é, provavelmente, o ácido glicólico. “O ácido glicólico é um alfa-hidroxiácido obtido a partir da cana de açúcar que possui ação esfoliante da pele, removendo células córneas, reduzindo rugas, controlando a oleosidade e promovendo clareamento. Além disso, o ingrediente provoca leve vasodilatação, diminui a espessura e a compactação do estrato córneo, acelera a renovação celular, estimula a síntese de colágeno e diminui a adesão entre os corneócitos, assim melhorando a absorção de outras substâncias”, explica a especialista.
A melhor opção de ácido vai depender das necessidades de cada pessoa, mas esses ativos podem ser incorporados em diferentes tipos de produtos, como cremes, séruns, tônicos e até mesmo sabonetes.
Dia 3 e 4
Por fim, os dois últimos dias do ciclo devem focar na recuperação, o que pode ser realizado com máscaras de hidratação, séruns formulados com ativos de alta capacidade umectante, como o ácido hialurônico e a glicerina, e hidratantes mais suaves de forma a fortalecer a barreira da pele e restaurar seu pH e microbioma. “Deixar a pele se recuperar é de extrema importância, pois o uso diário de ingredientes e produtos agressivos pode prejudicar a integridade da barreira de proteção, tornando-a mais suscetível a agressões e favorecendo a inflamação, o que pode acelerar o surgimento de sinais de idade e contribuir para o aparecimento de cravos e espinhas”, explica Paola Pomerantzeff.
Após o quarto dia, o ciclo se repete, começando novamente pela esfoliação. Mas é importante lembrar que, independentemente da etapa do ciclo, a pele deve ser devidamente higienizada e hidratada diariamente. Além disso, vale ressaltar que o Skin Cycling se refere apenas à rotina noturna. “A rotina de skincare diurna deve ser realizada normalmente, com higienização, aplicação de antioxidantes, hidratação e fotoproteção”, aconselha a médica.
E, apesar de ser especialmente benéfica para pessoas com pele sensível – que tendem a sofrer mais com a ação de ingredientes agressivos – qualquer um pode desfrutar, já que os produtos que serão utilizados a cada dia podem ser escolhidos a dedo para endereçar necessidades específicas de cada um. “Para tirar máximo proveito dessa nova tendência, o ideal então é consultar um dermatologista, que, após uma avaliação profunda da sua pele, poderá indicar qual o ciclo ideal para suas características, podendo incluir outros tipos de ativos e produtos ou até mesmo mais dias dentro de um ciclo”, finaliza a dermatologista.