Microagulhas ou séruns? Entenda a blindagem facial
Desde microagulhas até séruns que prometem o mesmo efeito, qual é a melhor opção quando se trata de blindagem facial?
É inegável que o mundo continua sobrevalorizando o culto à juventude. Tememos os primeiros sinais de aparecimento de rugas e, quando a passagem do tempo é visível no rosto, muitos procuram os melhores produtos e tratamentos para “rejuvenescer” a pele. Existem, claro, diversas contradições para o argumento de rejuvenescimento em diversos desses procedimentos, sendo uma falsa esperança de reverter o tempo. Dentre eles, a blindagem facial tem tomado conta das redes sociais, consistindo em técnicas de microagulhamento e até injeções à base de ácido hialurônico.
Ainda nos últimos anos, surgiu o lançamento de diversos blindadores faciais, que prometem melhorar o viço da pele sem a necessidade de agulhas, apenas algumas gotas de sérum.
Com isso, tem se tornado cada vez mais difícil decifrar o que faz sentido para a pele (e a rotina), com diversas opções que geram confusão e, em alguns casos, não temos ideia de seu funcionamento geral.
Para desvendar os tratamentos e produtos, conversamos com Danilo Talarico (@drdanilotalarico), médico pós-graduado em Dermatologia Clínica-Cirúrgica e Medicina Estética, Maria Eugenia Ayres, pós-graduada em Farmacologia Clínica, e Abdo Salomão Jr (@drabdosalomao), doutor e sócio Efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
“Com o avançar dos anos, é natural observar mudanças na estrutura geométrica facial devido ao processo natural de envelhecimento. O rosto, que antes exibia contornos definidos e simetria, pode perder gradativamente sua forma original devido a uma combinação de fatores como a diminuição da produção de colágeno e elastina, perda de gordura facial e ação da gravidade”, comenta Ayres.
O que é blindagem facial?
“A blindagem facial é um nome comercial dado a um agrupamento de técnicas estéticas, mas não são rigorosamente os mesmos, podendo ser aplicados em diversas áreas da face. A maioria dos tratamentos conta com técnicas de microagulhamento e até injeções com ativos à base de ácido hialurônico, booster de peptídeos de colágeno e diversas vitaminas”, explica Danilo sobre a prática com efeito lifting.
O uso de ácidos ou peptídeos deve ser recomendado por um profissional da área, avaliando o que cada derme está pedindo, desde uma maior retenção de água até a produção de colágeno, que diminui ao longo do tempo.
Maria Eugenia ainda aponta que essa aplicação de produtos promove a reposição dessas estruturas cruciais para a saúde da pele.
“Assim, a técnica de blindagem facial surge como uma abordagem não invasiva e inovadora no universo do cuidado facial, focada na restauração de estruturas fundamentais para a pele de maneira suave e eficaz”, relata a farmacóloga.
Quais os benefícios da blindagem facial?
O profissional também conta que, dentre os possíveis benefícios, a blindagem facial garante um efeito antioxidante, comumente conhecido como um efeito anti-envelhecimento.
Contudo, cabe manter em mente que isso não significa que os microagulhamentos e boosters sejam a chave para o anti-ageing, aumentando apenas a produção destes componentes na derme ou, em peles mais jovens, se mostrando como uma ação preventiva ao criar uma ‘poupança’.
“A blindagem facial contribui para a definição e melhoria dos contornos faciais, atenuando áreas de perda de volume e proporcionando uma harmonização estética”, coloca Ayres.
Portanto, se você está pensando em realizar algum tratamento de blindagem, é sempre válido lembrar que eles não conseguem apagar toda a passagem do tempo.
“Os procedimentos também possuem um efeito antipoluição e desinflamatório. Então, podemos dizer que a blindagem atua na redução das linhas de expressão e rugas, além do aumento da firmeza e elasticidade da derme”, comenta Talarico.
Ademais, os procedimentos podem trazer uma melhora na textura da pele, além de uma redução de manchas e dos poros.
Efeitos negativos e contraindicações da blindagem facial
Assim como em qualquer outro procedimento, é interessante se atentar aos possíveis efeitos negativos e contraindicações que podem vir a representar uma finalização indesejada.
“Os efeitos negativos são fruto como ardência, vermelhidão, leve inchaço e alguns hematomas que cedem em poucos dias”, coloca Talarico.
Já se você está pensando em fazer a blindagem facial, é importante que a pele esteja livre de qualquer infecção ativa, hipersensibilidade ou alergia a qualquer dos compostos que serão injetados.
Para garantir com que você esteja no caminho certo, é indispensável que você tenha uma consulta com seu dermatologista.
Microagulhas ou séruns?
Com o surgimento de produtos que prometem uma melhora na pele sob o nome de “blindador facial”, é fácil ser levado a acreditar que podem ter o mesmo efeito que os boosters de colágeno ou injeções de ácido hialurônico.
E claro, todos queremos evitar injeções no rosto, mas parece difícil de acreditar que algumas simples gotas de sérum podem se equiparar aos procedimentos feitos em clínicas estéticas.
“Essa estratégia de marketing e propaganda dos produtos ao utilizarem chamadas que remetem aos efeitos dos procedimentos estéticos é muito efetiva para cativar os compradores, mas não tem o mesmo poder. Esses produtos usam bastante tensores e hidratantes para promover essa sensação que infelizmente é passageira na pele de quem o usa”, reflete Danilo sobre os produtos.
Portanto, ao realizar a análise do que convém mais para você e a saúde da sua pele, é sempre importante considerar que os séruns blindadores têm como propósito ter essas sensação passageira, oposto às microagulhas.
Mas ainda é válido entender se essa é a solução que funciona para você e sua rotina, não é mesmo? O doutor Abdo Salomão explica que se trata da aplicação de produtos que possuem uma base siliconada em sua composição, sendo útil para que os tensores limitem a saída de água.
O profissional ainda ressalta que “blindador facial” não deveria ser a descrição certa destes produtos, não tendo a ação definitiva da técnica, assim funcionando com maior eficácia para impedir que a maquiagem ‘derreta’.
“Você aplica na superfície da pele e impede que o suor acabe estragando a maquiagem. Ele mantém a pele com aquelas características por um bom tempo, por isso que se chama blindagem. Ou seja, suando ou não, acaba ficando restrito por um tempo e a maquiagem acaba durando mais, mas o correto até seria blindagem de makeup”, coloca Salomão.
Logo, se você está procurando um efeito temporário, os blindadores podem ser uma opção interessante para a qual recorrer: “A blindagem impede a sudorese e paralisa um pouco a pele, porque aquele óleo impede as contrações mais discretas. Isso dá uma impressão temporária, tipo efeito cinderela, de melhora da aparência da pele, mas isso não é real”, ressalta Abdo.
E, claro, estes séruns requerem menos cuidados que um procedimento estético, mas Salomão explica que é necessário ter total atenção à remoção total do produto, além de não ser recomendado o uso diário, podendo aumentar casos de acne, glândulas sebáceas dilatadas e hiperplasia sebácea.
O culto à juventude ou autocuidado
Nos últimos anos, temos visto o crescimento de duas forças opositoras: o culto à juventude e não aceitação da passagem do tempo. Ao mesmo tempo que existe quem abraça as linhas de expressão, as manchas e os cabelos grisalhos, vemos um movimentos de jovens que se recusam a pensar na possibilidade do tempo aparecer em seus rostos, temendo a aparição das primeiras ruguinhas e comprando todos os produtos que possam retardar o (inevitável) cenário.
E não é segredo que esse pânico vem se aplicando nas novas gerações, com jovens que não chegaram à adolescência, mas já procuram produtos com compostos de retinol e outros ácidos nocivos a uma derme tão jovem, podendo até se tornar um problema no futuro.
Por isso, quando se trata de uma conversa a respeito da realização de procedimentos como a blindagem facial, existe um certo receio: Será que estamos realizando por pressão, e isso significa que eu não me amo o suficiente?
Antes de tudo, é importante avaliar se é algo que faz sentido para as necessidades da nossa pele, porque nem tudo que funciona em outros pode ser a nossa solução.
É importante ver esses momentos como um ponto de reflexão. Não há nada de errado em querer tratar algumas das marcas do tempo (desde que por vontade própria), assim como é completamente saudável deixá-las expostas.
Sem ou com tratamentos, tudo que fazemos com a nossa pele deve ser visto como um cuidado próprio, e não uma forma de fugir dos comentários de outros.