Tratamentos para colágeno funcionam? A verdade sobre o culto à proteína
Colágeno é vendido como a proteína da juventude, mas não é bem assim
A busca por procedimentos em busca do rejuvenescimento da pele está em pleno crescimento, mas muitas vezes com falsas promessas de desaceleração e até reversão do envelhecimento. Desde suplementos de colágeno até injeções nos rosto, o que não faltam são opções para estimular a “proteína da juventude”. Mas será que funciona mesmo?
“O uso colágeno é um apelo da indústria farmacêutica, porque, na realidade, a formação do mesmo é dependente da presença de aminoácidos, que a gente obtém através de uma dieta equilibrada em proteínas, do whey protein e dos peptídeos de colágeno”, explica Ana Maria Pellegrini, dermatologista especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Apesar disso, nunca se falou tanto quanto agora sobre a necessidade de rejuvenescimento, especialmente no caso das mulheres que, a partir dos 35 anos, já recebem uma imensidão de sugestões para aderirem ao anti-ageing, como o estímulo e a poupança de colágeno. Mas, se a produção de colágeno é melhor estimulada por meio da alimentação, será que essa fixação social por tratamentos com colágeno é válida? Confira:
Afinal, os tratamentos com colágeno funcionam?
É inegável que as fibras de colágeno desempenham uma função importante na saúde e beleza da pele, sendo sim fundamentais para dar uma sensação jovial ao tecido cutâneo.
A especialista conta que as fibras conferem um suporte estrutural para a pele, mantendo-a íntegra e firme, mas é inevitável que com o passar do anos haja uma queda natural na produção e qualidade do colágeno no cutâneo. Dentre os fatores que podem levar ao envelhecimento das fibras, a dermatologista destaca fatores como a exposição excessiva ao sol sem protetor solar, poluição e tabagismo.
Assim, procedimentos como o ultrassom microfocado e bioestimuladores de colágeno melhoram a produção e, claro, a qualidade destas fibras, porém, não garantem um retrocesso do envelhecimento da forma como, muitas vezes, prometem.
“Os processos de suplementação, isoladamente, não vão promover nenhum tipo de rejuvenescimento. Não há nenhum estudo, com evidência alta, para que a gente indique isso rotineiramente”, revela Ana Maria.
Os tratamentos também atuam de maneira preventiva ao criarem uma poupança dessas proteínas, minimizando a perda relacionada ao processo de envelhecimento – mas não podem ser considerados uma cura milagrosa.
“Os tratamentos só ajudam no caso do paciente ter uma dieta muito pobre em proteínas. Se você está ingerindo proteínas de forma adequada, você está obtendo na sua dieta os mesmos aminoácidos que você está comprando”, acrescenta.
O culto aos tratamentos com colágeno
Peles sem rugas, suave e sem nenhum traço de linhas de expressão – apesar de serem inevitáveis revelem nossa jornada – são louvadas e almejadas por todos ao nosso redor. A
o olhar para peles maduras, marcadas pelos anos, podemos notar certo desespero. É a partir dessa lógica etarista que a indústria farmacêutica vem se aproveitando de milhares de pacientes e suas inseguranças, assegurando terem a ‘poção mágica’.
“O problema de reduzir o envelhecimento facial ao colágeno é ignorar a natureza multifatorial desse processo. Essa obsessão pelo colágeno cria a impressão de investir somente em procedimentos e estratégias para estimular a produção dessas fibras (de colágeno) é suficiente para reverter ou impedir a progressão de envelhecimento”, conta.
A especialista ainda ressalta que o exagero dado à eficiência do colágeno para tratamentos de rejuvenescimento pode gerar frustrações com os resultados obtidos, além de gerar expectativas irreais em pessoas nas redes sociais, além de futuros pacientes.
“Não é incomum que os pacientes cheguem ao consultório com reclamações relacionadas à realização de tratamentos estéticos que não produziram os resultados esperados no combate ao envelhecimento, como o desaparecimento de manchas e rugas”, relata.
Para além dos procedimentos
“A procura por esses procedimentos é muito grande, só que a gente não tem que focar só no colágeno, a gente também tem alteração no nível ósseo e nos pontos de gordura da face. O volume proporcionado pelos compartimentos de gordura presentes na face também é responsável por sustentar o tecido cutâneo”, explica.
Acima da realização de procedimentos que criem uma reserva de colágeno, existem outros cuidados a se levar em consideração para desacelerar os efeitos comuns do envelhecimento.
“Focar em um estilo de vida saudável em relação à pele, adotando medidas de proteção da radiação solar”, recomenda. A especialista também destaca a possibilidade de preenchedores injetáveis de ácido hialurônico, sendo grandes aliados em protocolos de rejuvenescimento, já que repõe o volume facial perdido ao longo dos anos.
Componentes como a elastina, responsável pela elasticidade do tecido cutâneo, e o ácido hialurônico também têm sua produção afetada com o passar dos anos, sendo possível estimular a síntese dessas substâncias a partir de aplicações de um ácido hialurônico de alto e baixo peso molecular que estimula as células a atuarem de maneira mais eficaz na produção desses componentes.
“Isso promove uma melhora significativa da qualidade da pele, que adquire um aspecto mais hidratado, firme, elástico e com menos sinais do envelhecimento, como rugas”, aponta.
Mas além de tudo, é importante relembrar que não existe uma cura milagrosa ou, de fato, rejuvenescimento. Assim, apesar do estímulo de colágeno ser extremamente benéfico, deve ser indicado caso a caso, de acordo com o grau de envelhecimento e as necessidades de cada paciente, sendo muitas vezes combinado com outros procedimentos, como preenchedores, a toxina botulínica e a radiofrequência microagulhada.
Então, para garantir resultados naturais e realmente satisfatórios, o mais importante é passar por uma avaliação com um dermatologista, pareado a uma rotina saudável de alimentação.