Tarot: Entenda as cartas mais polêmicas e controversas do baralho
Cartas como “O Diabo” e “A Morte” assustam à primeira vista, mas sempre trazem mudanças necessárias para a nossa rotina
Apesar do tarô ser uma excelente ferramenta de autoconhecimento, ele também é capaz de provocar um certo medo em quem se aventura neste oráculo. Isso porque — dependendo da carta que você tirar — é possível ser confrontado com questões emocionais densas ou previsões para lá de desconfortáveis. Mas será que precisamos encarar dessa forma?
Arcanos como “O Diabo”, “A Torre” ou “A Morte” realmente trazem apenas notícias ruins? E o futuro apresentado durante uma tiragem é escrito em pedra ou representa somente uma probabilidade? Para responder a essas perguntas, Claudia bateu um papo com Pam Ribeiro, criadora da página de espiritualidade e astrologia @abruxapreta. Veja a seguir:
O Enforcado (Arcano 12)
“Eu prefiro chamar de ‘O Pendurado’, porque se você reparar, o personagem está pendurado por uma cordinha, não literalmente enforcado”, declara. Segundo a especialista, essa carta comunica a necessidade de enxergar a vida por novas perspectivas. Portanto, pode respirar aliviado: ninguém vai te enforcar.
“Alguns autores dizem que este arcano fala sobre o auto sacrifício e iluminação. Você se sacrifica por algo, e logo em seguida, recebe uma recompensa. Em tiragens sobre relacionamentos, pode representar que um dos lados está se doando sem a presença de reciprocidade.”
Outro ponto importante: não podemos esquecer que não há movimento nesta figura. Portanto, a astróloga recomenda evitar a pressa: “Novas perspectivas e iluminações não vem da noite para o dia. Há uma série de questões a serem ressignificadas e estruturadas antes disso.”
A Morte (Arcano 13)
Muitas pessoas acreditam que “A Morte” vem para prever o falecimento de pessoas próximas (ou até de nós mesmos). Contudo, Pam Ribeiro garante que a carta tem um significado muito mais simbólico: “No tarô, ela representa a transformação e o encerramento de ciclos. E isso não vem como uma surpresa. Na maioria das vezes, a própria pessoa já sabe que precisa interromper certas situações”, afirma.
A astróloga explica que, por vivermos em uma sociedade ocidental que evita falar sobre a morte, o arcano acaba sendo alvo de mitos e preconceitos. “O que morre aqui são percepções e ideias. Estamos em constante evolução, e por isso, vivemos pequenos lutos diariamente. Mas claro, quase ninguém percebe isso.”
O Diabo (Arcano 15)
Apesar da igreja católica sempre associar a figura de Lúcifer à algo negativo e sombrio, essa é uma das melhores cartas do tarô: “Ela simboliza os desejos humanos, as nossas vontades e prazeres. É um ótimo sinal se este arcano cair para questões profissionais, pois antecipa os ganhos financeiros e o aumento de poder.”
Por outro lado, “O Diabo” também expõe a dualidade dos desejos humanos: “Dependendo da tiragem, assuntos como obsessões, vícios, sombras e tudo aquilo que é desagradável em nós mesmos podem estar envolvidos. Contudo, este é um convite para usar esses defeitos a nosso favor. Com sagacidade, é possível contornar os erros. O diabo é bem espertinho, e podemos aprender com isso”, declara.
Uma curiosidade: a taróloga compartilha que, comumente, essa carta está associada a advogados. Interessante, né?
A Torre (Arcano 16)
Quem está mais familiarizado com o tarô, sabe que “A Torre” é uma das cartas mais temidas do baralho. Não que ela seja exclusivamente negativa… Longe disso. Porém, esse arcano vem para destruir estruturas que não fazem mais sentido em nossas vidas.
Segundo a taróloga, a carta representa uma espécie de emancipação. Porém, nem todos os movimentos de liberdade em nossas vidas estão isentos de dor. “Se ‘A Torre’ cair numa tiragem sobre relacionamento, fique em alerta. Ela fala sobre rupturas e separações. E um ponto importante: tudo o que esse arcano tira de você, não volta mais. Ela varre tudo e usa a gente como vassoura”, brinca.
O Sol (Arcano 19)
Por incrível que pareça, “O Sol” nem sempre é uma carta positiva: “As vezes, esse arcano vem para falar sobre orgulho e possessividade. É aquela pessoa que deseja ter razão acima de tudo. Fica até difícil lidar com essa energia de ego inflado”, explica.
A taróloga relembra que, em excesso, o astro pode nos queimar: “Nem todo o brilho é positivo. Às vezes, as luzes podem revelar coisas negativas que estão escondidas. Além disso, a infantilidade e a falta de maturidade para lidar com as situações da vida podem ser expostas nesta figura. Tudo depende do contexto e natureza da tiragem.”
O Julgamento (Arcano 20)
“Esta foi a carta que representou 2020, o ano inicial da pandemia”, revela. A taróloga esclarece que, apesar de “A Torre” te pegar de surpresa, “O Julgamento” destrói o nosso ego e nos força a olhar tudo o que é ruim. “É um chacoalhão que nos desperta para a realidade. É aquela coisa: você está desperto, mas a que preço?”, brinca.
Pam também compartilha que, em alguns decks, esse arcano é apresentado como uma carta cármica. Ou seja: o que você estiver vivenciando agora, pode ser o resultado de antigas questões mal resolvidas.
Futuro do tarô é determinista?
O futuro mostrado durante uma tiragem é apenas uma previsão de acordo com as suas energias atuais. A espiritualista reitera que, acima de tudo, as cartas respeitam o nosso livre arbítrio. Por isso, sempre teremos liberdade para mudar o nosso destino.