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Regressão espiritual: o que acontece em uma viagem para vidas passadas

Através de uma série de meditações e exercícios de respiração, é possível ativar o inconsciente para descobrir experiências de outras encarnações

Por Kalel Adolfo
30 abr 2023, 08h58
Relato pessoal de vidas passadas.
A regressão espiritual nos permite ressignificar bloqueios de vidas passadas.  (janiecbros (Getty)/Reprodução)
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Se você acredita em reencarnação, já deve ter ouvido falar sobre a famosa regressão espiritual. Nela, acessamos as nossas vidas passadas com o intuito de entender as experiências que já tivemos para nos tornar o que somos hoje. Tudo isso é feito por meio de uma série de meditações e técnicas de hipnose que nos colocam num estado de relaxamento capaz de liberar informações importantes do inconsciente.

É compreensível que as pessoas tenham pânico apenas de pensar em acessar o que vivenciamos em outras existências, além da questão de lidar com informações antes desconhecidas, ainda existem muitos tabus e desinformações acerca do tema. Para desmistificar de vez o tema, entrevistamos Cintia Balotta, psicóloga e terapeuta holística que aplica à regressão em um consultório localizado na zona sul de São Paulo há mais de vinte anos.

Além das informações gerais — como os benefícios e contraindicações —, não podíamos deixar de experimentar a regressão para contar tudo em primeira mão. Portanto, no final do conteúdo, você confere um relato pessoal do nosso repórter, Kalel Adolfo. Será que regressão é um bicho de sete-cabeças? Dá medo? É perigoso? Veja a seguir:

O que é a regressão espiritual?

Antes de mais nada, precisamos entender o que é (e como funciona) uma sessão de regressão espiritual. De cara, esqueça aquela imagem, tão difundida pelo cinema, do guru excêntrico que força os seus pacientes a se depararem com imagens tão bizarras quanto um filme do Freddy Krueger. Não é nada assim.

Inclusive, a regressão não é exclusividade dos espiritualistas: Cintia explica que, em algumas vertentes da psicologia, a técnica é comumente utilizada para acessar acontecimentos que rolaram tanto na infância quanto em nosso período intrauterino.

O que muda é: em um consultório holístico, a vivência também é aplicada num contexto de vidas passadas. “Nós apenas voltamos no tempo. A pessoa entra em um processo de relaxamento profundo, até que ela se acalme o suficiente a ponto do inconsciente começar a liberar algumas imagens”, esclarece Cintia.

E é aí que entram os benefícios: assim que temos noção do que nos aconteceu em outras encarnações, podemos acessar talentos escondidos, dons, bloqueios, origem de traumas e por aí vai.

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Balotta faz questão de deixar bem claro: “Não resgatamos a vivência para sofrer de novo. O intuito é voltar, pegar aquela emoção e ressignificá-la. Queremos proporcionar uma nova noção sobre um determinado tema para encontrar uma cura”, afirma.

Qualquer um pode acessar?

Segundo a especialista, qualquer um pode acessar as vidas passadas, não sendo necessário ter uma mediunidade extremamente aflorada. Contudo, é o inconsciente que decide aquilo que estamos preparados para ver. “Estamos viajando para outras culturas, outras épocas. Tem coisas incríveis? Com certeza! Mas também há visões traumáticas. É bastante terapêutico, porém, é preciso ser feito no momento certo”, avisa.

Por isso, é de extrema importância escolher um local responsável. “Antes de sair aplicando a técnica, pegamos o histórico do paciente. Lhe perguntamos se  já trabalhou a infância, se já fez terapia. Se ele possui uma queixa constante e não consegue encontrar a origem daquilo de forma alguma, aí vamos para as vidas passadas”, elucida. “Mas, novamente: quem manda é o inconsciente. Eu tenho um diagnóstico, realizo uma hipótese, mas quem libera o conteúdo terapêutico é o insconciente”, reforça.

Cintia também pontua que há tipos diferentes de regressão espiritual: uma delas consiste em um médium acessar as suas encarnações e compartilhar aquilo que observou. A segunda, praticada por Balotta, possibilita que o próprio indivíduo resgate imagens e emoções que precisam ser ressignificadas. “Eu te contando é uma coisa, mas quando sentimos, a cura é mais eficiente.”

Quem tem mais dificuldades?

Agora, por mais que qualquer um possa acessar essas memórias, isso não significa que todos tenham a mesma facilidade: “Pessoas mais racionais sentem uma maior dificuldade, pois a mente tende a desmerecer a vivência ou duvidar daquilo que está vendo, se é real ou não. Quem está mais conectado ao lado emocional ou intuitivo acaba acessando mais rápido”, revela.

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Contraindicações

Cintia Balotta afirma que ninguém “fica preso” ou sai com sequelas após uma sessão de regressão. Isso é apenas uma lenda urbana. Contudo, é contraindicado que pacientes em estado profundo de depressão abracem a prática: “Se a pessoa está debilitada e com a energia baixa, ela não terá ferramentas e estruturas para lidar com visões traumáticas, como a hora de sua morte. Nestes casos, precisamos primeiro fortalecer a aura, os chakras e a energia para que ela possa entrar neste porão da alma”, indica.

Ela traz um exemplo pessoal: “Em minha última regressão, descobri que morri por conta de um acidente de carruagem. Isso me fez sentir muita angústia e fiquei três dias com dor no peito. Então, se você está vulnerável, esse tipo de vivência acaba te trazendo um peso ainda maior”.

Quanto tempo dura o tratamento?

Essa é uma das perguntas mais frequentes no consultório da terapeuta. Todavia, não existe o tempo de tratamento, e, sim, a queixa. “Há quem faça quatro consultas ou passe quatro meses em tratamento. Tudo vai depender daquilo que queremos trabalhar. Não acredite naqueles lugares que a cura em uma única consulta. Se temos um padrão de vidas passadas, aquilo está mais preso em nós do que imaginamos. É um processo contínuo de remover aquele comportamento que vem se repetindo a cada reencarnação”, conclui.

O que acontece em uma regressão para vidas passadas? Um relato pessoal

Relato pessoal de quem vivenciou a regressão.
Experiência foi vivida no Instituto Cintia Balotta. (David Wall (Getty)/Reprodução)

“Sempre tive vontade de acessar as minhas vidas passadas, mas não sabia exatamente como e onde. Quando pesquisava, me deparava com relatos  assustadores de pessoas falando sobre como nunca mais voltaram a ser elas mesmas após a vivência. E aí, por conta desse pânico todo, fiquei um tempinho deixando a ideia em standby. Eis que, motivado por uma série de experiências que venho abraçando — participei de rituais de ayahuasca, passei a ler cartas de tarot, entre outras coisitas —, decidi unir o útil ao agradável: entrevistar a Cintia sobre o assunto e (por que não?) dar uma chance pra famosa regressão.

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Tudo começa como uma sessão de terapia: a especialista te faz perguntas, você explica um pouco sobre o momento em que está em sua vida, quais são as suas maiores dificuldades emocionais, qual é a sua trajetória. E aí, passada essa parte mais “burocrática”, seguimos para a fase em que o bicho pega.

Primeiro, deitei sobre um colchonete com um cristal energético em cima do meu peito. Aí, as orientações começam a pipocar. A mais importante é: nunca deixar de prestar atenção na voz da terapeuta. Então, sempre que quaisquer distrações surgirem, o melhor caminho é voltar para a voz de quem está te guiando na jornada. Feitos alguns exercícios de respiração, orações (ditas pela profissional), meditações e rituais de proteção, chega a hora de finalmente acessar aquilo que tanto esperávamos.

Vou fazer uma contagem regressiva de dez a um, e quanto mais próxima eu estiver do um, mais relaxado você ficará”, disse Cíntia. Obedeci, sem grandes esforços, já que naquele ponto, eu sentia que estava cada vez mais distante de meu corpo. Era como se eu estivesse entrando num estado de dormência, onde eu sabia o que estava acontecendo, mas não sentia nada fisicamente.

Nessa hora, percebi que o negócio tinha ficado sério. A energia no ambiente muda e toda a experiência ganha aquela roupagem mística (que eu adoro). A partir daí, precisamos visualizar uma narrativa na cabeça — tudo seguido de instruções. Primeiro, nos imaginamos em um jardim ensolarado ao lado de uma entidade que nos inspire proteção. Depois, tentamos nos enxergar descendo uma grande escada em espiral. Uma nova contagem regressiva é iniciada pela terapeuta conforme vamos chegando a níveis mais profundos da escadaria, com o propósito de expandir o estado de transe. Chegando no fundo, é hora de visualizar um grande portão. E assim que passei por ele, minhas amigas, o negócio fica louco.

Lembro que comecei a sentir uma enorme tontura ao atravessar o bendito portão. Era como se estivesse dentro de um liquidificador, girando sem parar. A maior amostra grátis de labirintite que já experimentei. E aí, no meio desse furacão de sensações, a primeira imagem vem à cabeça: “do nada”, me vejo vestido com um terno cinza, antigo, dentro do que parecia ser uma grande biblioteca decorada por móveis amadeirados.

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Por ser sensitiva, Cintia soube imediatamente que eu havia adentrado alguma de minhas encarnações. Bate um medinho? Bate! Mas como um bom virginiano teimoso, eu não iria arregar até passar por toda a experiência. Então, ela começou a perguntar o que estava acontecendo naquele ambiente. Claro que, meio desnorteado, fica difícil ter uma clareza sobre a visão. Mas, de repente, antes mesmo que eu pudesse racionalizar, fui confrontado com um grande sentimento de tristeza. Lágrimas desceram de meus olhos.

Tudo o que eu podia sentir era melancolia. Lembro-me de dizer que eu estava muito frustrado pelas pessoas não me compreenderem. Sentia como se ninguém me valorizasse ou aceitasse as minhas ideias. Logo em seguida, observei o meu eu do passado escrevendo livros e livros de um assunto que não soube identificar.

Só sei que as cenas foram acontecendo (algumas inclusive já me escaparam à mente), as peças foram se juntando e, após algum tempo de sessão, visualizei o que havia acontecido: em uma de minhas últimas vidas, desisti dos meus sonhos e entrei em depressão por deixar que as opiniões alheias interferissem em meus propósitos. E aí, claro, após vivenciar essa visão nada alegre, entramos num processo de ressignificação e cura desta experiência. Juntos, Cintia e eu mentalizamos energias que pudessem cortar os meus laços com esse passado.

Finalizado o processo, confesso que me senti aliviado. Foi como deixar um peso para trás, inexplicavelmente. Realizei todo o percurso de volta — atravessar o portão, subir as escadas e retornar ao jardim —, me despedi da entidade que escolhi para me proteger e abri os olhos com a permissão da terapeuta. Honestamente? Vai ser difícil esquecer essa experiência.

Instituto Cintia Balotta

Ficou curiosa para experimentar a regressão? Então segue as informações do Instituto Cintia Balotta (consultório holístico onde a vivência aconteceu):

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  • Endereço: Rua Tabapuã, 100 – Itaim Bibi
  • Telefone: (11) 94780-1212
  • Site: www.cintiabalotta.com.br
  • Valores: a partir de R$ 350,00 por sessão
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