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“Parem com a loucura da beleza”: escritora confronta padrões em projeto de campanha publicitária

Em entrevista, a escritora britânica Robin Rice diz que 'quando a beleza se torna o único elogio que se pode fazer a uma pessoa, há um problema'. Ela questiona os padrões de beleza através de anúncios publicitários

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 19h57 - Publicado em 19 ago 2014, 22h00

Anúncio da campanha “Stop the beauty madness”.
Foto: Stop the beauty madness

“Bastam os padrões impossíveis. Basta a imagem ideal. Além de tudo, basta o sentimento de não se sentir o bastante quando se trata da nossa beleza. Chegou o momento em que uma cultura inteira de mulheres já se cansou”. É assim que a escritora Robin Rice explica seu projeto Stop the beauty madness (em português, Parem com a loucura da beleza), uma série de anúncios criados para chocar ao mostrar o que existiria por trás das tradicionais campanhas publicitárias. 

Mais do que defender os diversos tipos de beleza, Rice ataca a preocupação por padrões inatingíveis. “Todo o foco é na aparência. E a educação? E a personalidade? E se fizer um bom trabalho no mundo?”,  pergunta a britânica. Aqui, ela fala com CLAUDIA sobre o projeto.

Como você decidiu se envolver com essa questão?

Todo ano eu crio um projeto para uma mudança social. Não há financiamento nem custos envolvidos. Neste ano, escolhi a beleza. Eu nunca tinha escrito propagandas assim, mas sabia que era o melhor jeito de captar a atenção das pessoas.

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Qual o propósito do projeto?

Fazer com que as mulheres – através dos anúncios reais – enxerguem o que acontece nas próprias mentes, assim como o que acontece quando pensamos e julgamos os outros, baseando-nos apenas na aparência. Além de mostrar que isso não é um problema de uma mulher, mas de todas e do mundo todo. 

O que descobriu sobre as mulheres que almejam a perfeição?

A busca pela perfeição é construída de acordo com a cultura. Nós vemos isso de forma pessoal e, se não somos perfeitos, é nossa culpa. Algumas são mais influenciadas do que outras, capazes de buscarem medidas extremas para terem a certeza de que são vistas como perfeitas, mas devemos ver isso como uma doença, não uma virtude. Precisamos parar de elogiar aqueles que alcançam padrões próximos à perfeição porque, quando o fazemos, encorajamos essa busca.

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Anúncio da campanha “Stop the beauty madness”
Foto: Stop the beauty madness

Afinal, o que é a perfeição?

No contexto da beleza, buscamos a simetria, o que é natural e biológico. Mas quando nós necessitamos – realmente necessitamos – sentir que somos perfeitos, estamos cobrindo feridas muito profundas achando que outras partes de nós, como o caráter ou a personalidade, não são bons o bastante. A perfeição atualmente é “ser bom o bastante”, e isso é a loucura da beleza da qual estamos falando na campanha. 

Como a publicidade controla nossos pensamentos e reforça os padrões? 

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Imagens repetidas são uma forma de educação. Quando vemos algo repedidas vezes começamos a acreditar que é a realidade; o que não é. Mas nós naturalmente queremos fazer parte desse mundo – que eles fazem parecer convidativo e adorável – e sentimos que estamos fora do padrão, que devemos mudar para ser aceito. O problema é que esse “mundo” não existe de verdade fora das revistas. Todas as mulheres têm defeitos, apesar de algumas chegarem perto dos padrões expostos, mesmo modelos são tratadas com photoshop. 

Há um culpado?

Se o dinheiro é o ponto de partida, e é, e a publicidade é como se faz dinheiro, a culpa tem que vir dela. Entretanto, ter um culpado não nos ajudará. Cada mulher tem que decidir por ela mesma que deve ter sua própria ideia de beleza e verdade para que isso mude. 

"Parem com a loucura da beleza": escritora confronta padrões em projeto de campanha publicitária

Anúncio da campanha “Stop the beauty madness”
Foto: Stop the beauty madness

A beleza deixa a vida mais fácil?

Com certeza sim, em alguns casos. Existem certos trabalhos que procuram mulheres lindas – como o de vendas. Já para uma juíza ou advogada, ser muito bonita pode ser um empecilho. Culturalmente nós admiramos e veneramos mulheres maravilhosas e nos perguntamos se é possível ser inteligente e bonita. Claro que sim! Beleza não é o problema, é maravilhoso! Mas uma definição singular dela que, virtualmente, faz todas as mulheres se sentirem terríveis, é um problema. 

Quando a magra se torna anoréxica e a gorda se torna obesa?

Não há definições existentes. O governo pode ter opiniões de especialistas, mas as revistas vão divulgar outras, e alguns estudos mostram uma gama muito vasta do que é saudável. Nós focamos em magra ou gorda, mas pode ser melhor focarmos em sã ou insana. A comida te leva a loucura? A maioria dos seus pensamentos não são saudáveis? 

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"Parem com a loucura da beleza": escritora confronta padrões em projeto de campanha publicitária

Anúncio da campanha “Stop the beauty madness”
Foto: Stop the beauty madness

O uso da internet faz com que nos tornemos anônimos, dando um “poder de julgamento” sobre outros sem sermos vistos. Isso contribui para o crescente ciberbullying que existe?

Com certeza. São muitos os indivíduos sacanas da internet que comentam com má-intenção, mas nós também permitimos julgamento. Queremos saber se somos feias, então nos colocamos em sites nos quais as pessoas podem nos dizer. É loucura dar esse poder a qualquer um, mas mulheres fazem isso o tempo todo. Você não pensa no quão longe isso pode ir, nem como o bullying pode prejudicar, até que tenha visto com seus próprios olhos. 

Alguns defendem o fim dos padrões de beleza, mas quando veem uma celebridade mais “cheinha” em alguma foto demonstram indignação comentando o caso. O que poderia fazê-las enxergar que isso é prejudicial para elas mesmas?

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Todo o foco é em como a aparência da pessoa está. E que tal a educação? E sua personalidade? E se ela fizer um bom trabalho no mundo? Quando o único elogio a se fazer é “você está bonita!” sabe-se que a loucura da beleza  existe. Novamente, a beleza não é algo errado, mas se tornar a única forma de julgar se a pessoa está bem ou não, é um problema. 

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