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Feminismo: diferentes visões na luta pela igualdade de direitos

O movimento feminista surgiu há séculos e ganhou diversas vertentes ao longo dos anos para abraçar as demandas e lutas de todas as mulheres

Por Maria Beatriz Melero Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 abr 2024, 16h20 - Publicado em 6 abr 2017, 18h28
Gender design over white background, vector illustration (Reprodução/ThinkStock)
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O feminismo é um movimento de luta pela igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres que surgiu há séculos e que ganhou força na metade do século XX.

Por ser um movimento antigo, a militância feminista ganhou diversas vertentes ao longo dos anos para conseguir abraçar as demandas e lutas de todas as mulheres e de todas as minorias.

“Hoje vivemos os ‘feminismos’. Sempre temos que falar no plural, pois este é um movimento marcado por uma dinâmica horizontal”, disse a pesquisadora Carolina Branco de Castro Ferreira, do núcleo de estudos de gênero Pagu, da Unicamp, em entrevista ao HuffingtonPost Brasil.

Atualmente, existem diversas vertentes e minivertentes dentro do feminismo. Assim, destacamos a principais correntes do movimento e o que cada um defende.

Feminismo negro

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A ativista Stephanie Ribeiro é um dos principais nomes do feminismo negro no Brasil atualmente (Mariana Pekin/CLAUDIA)

O feminismo negro é uma vertente que ganhou força especialmente nos anos 1980, quando o movimento negro se fortaleceu no Brasil e no mundo. Ele surge e defende a ideia de que a mulher negra sofre dupla opressão, por ser mulher e afrodescendente, como explica Natalia Monteiro, em seu artigo publicado no Coletivo Minissaia.

Ou seja: além de lutar pela igualdade de oportunidades para homens e mulheres, o feminismo negro batalha para inserir a mulher negra na sociedade.

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Entre as pautas presente nesse braço da militância feminista estão a luta contra a intolerância religiosa e a valorização das religiões de matriz africana, a inclusão de mulheres negras na moda, a criação de produtos de beleza feitos para peles negras, a luta para combater a padronização da beleza e apresentar as mulheres negras também como belas.

Além disso, fala-se muito sobre a solidão da mulher negra, que não é “vista como sujeito para ser amado”, como disse Stéphanie Ribeiro a CLAUDIA, mas seu corpo é constantemente fetichizado. Em relação ao salário, mulheres negras também ficam atrás, ganhando salários 37,5% menores, e esse quadro também precisa mudar.

Leia mais: “Ser negra no Brasil é nascer sabendo que terá de resistir”

Feminismo interseccional

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Jesz Ipólito, além de mulher, é gorda, negra, lésbica e pobre. Por isso, ela sabe da importância de um feminismo que respeite todas as minorias (Arquivo Pessoal/Reprodução)

O feminismo interseccional, ou feminismo pós-moderno, procura conciliar as pautas ligadas às mulheres aos temas que são pertinentes às demais minorias – como classe social, raça, orientação sexual, deficiência física.

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Dessa forma, o feminismo interseccional é definido como uma grande colcha de retalhos na qual aparecem reinvindicações do feminismo negro, do LGBT, do asiático e do transfeminismo.

A corrente foi apresentada em 1989, quando o termo foi inicialmente usado pela professora norte-americana Kimberlé Crenshaw. Ele reconhece que nem todas as mulheres sofrem as mesmas opressões que as outras.

Além disso,o feminismo interseccional admite que nem sempre a mulher como indivíduo está em situação de desvantagem nas relações de poder. As mulheres brancas, por exemplo, ganham salários maiores que os homens negros. 

O feminismo interseccional é uma das vertentes mais receptivas à participação dos homens no movimento feminista.

Leia mais: “Nem sempre fica evidente pelo que estão me discriminando”

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Feminismo liberal

Emma Watson faz discurso transformador pela igualdade de gêneros na ONU
Emma Watson milita por uma mudança política na igualdade de gêneros e convida os homens a fortalecerem a luta (*/Reprodução)

O feminismo liberal é uma corrente que visa assegurar a igualdade entre os gêneros garantir que a mulher tenha sua liberdade de escolha por meio de reformas políticas e legais. “[É um movimento que luta por mudanças que respeitem] as escolhas da mulher diante da sua vida, seja qual for, pois estará exercendo seu poder de decisão.”, defende Monteiro.

Para suas militantes, a violência do Estado ajuda a promover a coerção sobre a liberdade da mulher e a reforçar as desigualdades de gênero na sociedade.

É a corrente feminista mais antiga que existe e surgiu no século XVIII. Porém se desenvolveu com força no século XIX, quando as mulheres da época buscavam melhores condições de vida e garantia à cidadania. Foi através das lutas que essas mulheres conseguiram suas primeiras reformas na igualdade entre os gêneros, como o direito ao voto.

Atualmente, a corrente luta para a ascensão de mulheres a posições em instituições como o Congresso, os meios de comunicação e as lideranças de empresas – além, é claro, da equiparação salarial.

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Um dos expoentes do feminismo liberal na atualidade é a campanha #HeForShe, criado pela atriz Emma Watson, que procura trazer os homens à luta das mulheres para ampliar a pressão política – a exemplo do que acontece no feminismo interseccional.

Leia mais: Conheça a Capitolina: uma revista teen que fala sobre aceitação e feminismo

Feminismo radical

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Shulamith Firestone escreveu aos 25 anos o livro ‘A Dialética do Sexo’, considerado um dos mais radicais da luta feminista (*/Reprodução)

O feminismo radical surgiu nos anos 1960 e 1970 como uma corrente da militância feminista inspirada nas obras de Shulamith Firestone (1945-2012) – autora do livro A Dialética do Sexo – e Judith Brown, que discutem o conceito de gênero e o apresentam como forma estrutural de opressão contra as mulheres.

As radfem (como são conhecidas as mulheres que militam no feminismo radical) argumentam que gênero é uma ferramenta social para que aconteça a opressão da mulher pelos homens, através da hierarquização entre o masculino e o feminino.

Dentro do próprio feminismo radical existe uma minivertente chamada TERF (“Trans-Exclusionary Radical Feminists”), que defende a ideia de que transexuais não podem se auto-identificar como feministas – uma vez que nasceram biologicamente com órgãos reprodutores masculinos.

Muitos a consideram, no entanto, transfóbica por desrespeitar a ideia de que mulheres trans são tão mulheres quanto as mulheres cisgênero – aquelas que nascem biologicamente no gênero que lhe foi atribuído no nascimento.

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