Como solidariedade pode ajudar o sistema imunológico
Estar em controle das emoções é essencial para manter a saúde
O corpo humano é um sistema perfeito, comandado pelo cérebro, o principal órgão e centro do sistema nervoso em todos animais. Fascinante e misterioso, ele concentra inclusive nossas emoções, no que é chamado de sistema límbico, onde estão o hipotálamo, hipocampo e a amígdala. O hipotálamo, por exemplo, regula hormônios e mantém o equilíbrio do corpo, então não é difícil entender o quão delicada é a estrutura de, simplificando, estar bem emocionalmente para manter a saúde.
Os desafios atuais colocam em cheque essa delicada equação porque insegurança, isolamento e rotina forçadamente nova podem funcionar contribuem para o estresse. No jogo de dominó emocional, aumentando o estresse pode derrubar a imunidade. Ou seja, mais do que nunca é a hora de manter as emoções em cheque. E não é fácil.
“A rotina de boa parte das pessoas foi alterada de forma abrupta e, para lidar com tantas mudanças é preciso uma boa dose de disciplina. Ter uma rotina é fundamental para manter o equilíbrio emocional, barrar a ansiedade e se manter produtivo”, explica Douglas Maluf, life trainer e criador do Método MD. “Estamos diante de um cenário que desperta a fragilidade, vulnerabilidade e uma sensação de impotência. Por isso, conseguir acessar os próprios recursos internos para lidar com todos esses desafios é algo extremamente valioso”, aponta.
Douglas sugere 3 estratégias para lidar com a situação, a começar pela manhã, com “pequenos rituais diários” onde automatizando tarefas ajudam na sensação de eficiência. “A repetição é poderosa, funciona como um gatilho para incluir na rotina hábitos mais saudáveis seja para se exercitar, meditar ou fazer um curso online, por exemplo”, ele sugere. A segunda parte é não ignorar os medos e ansiedades, aflorados com a pandemia. Reconhecer os sentimentos é primordial, mas é a terceira estratégia que é a mais importante: fazer escolhas. “São as nossas pequenas escolhas diárias que influenciam a nossa rotina. Nós não podemos controlar os fatores externos, porém, temos total controle sobre como escolhemos reagir diante deles”, diz.
O essencial é conseguir mapear nossas emoções para identificar onde estão nossas crenças limitantes ou padrões nocivos. Evitar a instabilidade emocional é importante para não gerar/contribuir para disfunções físicas no organismo, as chamadas doenças psicossomáticas. Isso porque se o cérebro detecta um nível maior de estresse e ansiedade, gera um alerta para o próprio organismo de algo errado. Ou seja, as variações de humor, influenciam os hormônios neurotransmissores. “Uma pessoa que vive estressada, apressada e ansiosa, acaba produzindo muito cortisol. Com o tempo, isso pode acabar gerando problemas no aparelho digestivo, doenças cardíacas e até Alzheimer”, ele cita o exemplo. A contrapartida do bom-humor também pode ser sentida no corpo. “A ocitocina, que é o hormônio associado ao amor, afeição e empatia, é considerada como antagônica ao cortisol. Por conta disso, é responsável por nos proteger de certas doenças”, ele dá a dica.
E como fazer quando parece impossível controlar os gatilhos à nossa volta? Segundo Douglas, a rotina ajuda muito nessa hora. Se está de home office, lembrar de incluir pausas ao longo do dia para despressurizar. Se está sem uma atividade com horas certas, se mantendo produtiva de alguma forma, fazendo exercícios e mantendo uma alimentação equilibrada. Mas o mais importante é aprender a filtrar as informações buscando fontes confiáveis. “Fazer um detox de notícias é uma forma de não ser engolido pelo medo, que gera ainda mais estresse e ansiedade. Ficar o tempo todo nas redes sociais ou de olho no noticiário, não é saudável. É claro que se manter bem informado é fundamental para entender o panorama da situação, mas escolha momentos específicos do dia para fazer isso”, ele sugere.
E sabe qual a principal dica para manter o equilíbrio emocional? Solidariedade. Isso mesmo, ajudar as pessoas ajuda a nos manter bem. “Quando ajudamos alguém, nosso corpo libera um hormônio chamado oxitocina. Essa substância, além de contribuir para amenizar emoções tóxicas, é responsável por ativar os centros de recompensa no cérebro e gerar uma sensação de bem-estar. Ela melhora o humor, aumenta o senso de propósito, reduz o estresse e derruba os níveis de ansiedade”, diz ele.
E é o que algumas pessoas têm sentido. Para ocupar a mente e o coração, a atriz e produtora Maria Gal se sentiu motivada para dar mais ajuda nesse momento. “Acabei abraçando muitas causas sociais. Apoio a “Gerando Falcões”, “Mulheres no Combate”, “SP contra o coronavírus”, “Listas Fortes” e “Uneafro Brasil”‘, ela conta. “Acredito que neste momento precisamos exercitar cotidianamente a nossa generosidade, cidadania e empatia com as pessoas”, diz.
A rotina da atriz mudou bastante nas últimas semanas, com altos e baixos de ansiedade. “Agora eu estou numa fase de equilibrar mais as coisas e os sentimentos, principalmente. Passei a me exercitar bastante e criei uma agenda de lives sobre assuntos que podem ajudar outras pessoas neste momento, como aulas de inglês – voltei a estudar este idioma que gosto muito -, exercícios físicos e debate sobre temas atuais, como racismo, por exemplo. Sempre com a ajuda de profissionais e pessoas inspiradoras, como é o caso da Djamila Ribeiro, que vai conversar comigo dia 5 de maio”, comenta.
Este momento é de ajudar! E acabei abraçando muitas causas sociais, além da “Gerando Falcões”, também estou apoiando “Mulheres no Combate”, “SP contra o coronavírus”, “Listas Fortes” e “Uneafro Brasil”, por exemplo, e tenho mobilizado o meu público, que tem sido incríveis e, ajudando cada mais vez mais pessoas.
A gerente de marketing digital, Tainá Martins também tem apostado na solidariedade como aliada neste período de quarentena. Logo na primeira semana de isolamento ela fez, sozinha, comida para 50 pessoas. As quentinhas foram doadas no Centro do Rio de Janeiro. “Assistindo ao jornal local sobre as notícias de pessoas em situação de rua que estavam com fome em meio a pandemia do Coronavírus, eu fiquei arrasada. Como poderia ajudar?”, ela comenta. “Não é muito, eu sei, mas foi o que consegui fazer. Levei um pouco de carinho e de energia para quem precisava, para quem sentia fome. Enquanto entregava, pensava que cada vez menos eu queria desperdiçar comida, que me desse forças para continuar fazendo e amenizando a dor de quem não tem nada”, ela conta.
É a alternativa para fazer o bem para ficar bem. Uma espécie de ‘egoísmo positivo’, que ajuda a todo mundo, especialmente a você mesma.
Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva: