Uma peça de teatro escolar em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife, em Pernambuco, deu o que falar na última semana. Davi Moraes, aluno homossexual de 16 anos, alega ter sido censurado pelos professores e organizadores da apresentação, cujo objetivo era a conscientização sobre vários tipos de doenças sexualmente transmissíveis.
O personagem do garoto no roteiro, Rafael, teria se curado de sífilis e integraria, na história, um grupo de pessoas com DSTs. Em determinado momento da peça, ele deveria mencionar explicitamente ter mantido relações sexuais desprotegidas com um homem. A fala sugerida era: “Boa noite, meu nome é Rafael, contraí sífilis há mais ou menos um ano, quando tive relações sem proteção com uma pessoa (…)”.
O “problema” começou quando, em vez de “pessoa”, Davi optou terminar a fala em questão com “tive relações sem proteção com um rapaz”.
Segundo nota compartilhada pelo Colégio Souza Leão com o jornal Diário de Pernambuco, “as alterações formuladas para denotar uma posição homossexual ao personagem poderiam levantar um estereótipo de que as doenças abordadas estariam associadas a determinada opção sexual, focando a temática na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis”. Por isso, um dia antes da apresentação, o jovem recebeu um ultimato: deveria modificar sua fala.
Davi acabou sendo retirado da peça e, nas redes sociais, não hesitou em mostrar indignação. De acordo com o jovem, uma de suas professoras chegou a lhe dizer que, “se quiser aparecer, que balance uma bandeira gay por aí”.
“Depois que me proibiram, eu liguei para meus avós, que foram no colégio e questionaram. Quando eu estava indo para casa, a professora me ligou, perguntando se eu não queria continuar. Mas eu não quis”, conta o jovem ao jornal. “Não levaram em consideração o que eu queria, me cortaram, foram totalmente inflexíveis – e depois pedem que eu volte, no mesmo dia, por causa da reação da minha família”.