Consumismo: como se livrar da cultura do exagero
Moda, beleza e internet estão apostando no exagero; descubra como sair dessa espiral excessiva com a ajuda de Alexandre Chahoud
Não desejam o suficiente, nem o necessário – exagerar é a nova obsessão cultural. Seja no bombardeio diário de informações, nos visuais perfeitos para ostentar, nas maquiagens superproduzidas ou nos discursos políticos, a cultura do excesso e do consumismo está presente. Passar do ponto, porém, tem um custo, e ele costuma ser alto.
Recebemos estímulos para acreditar que precisamos de mais (e mais) todos os dias: tenha o telefone do ano, adquira um e-book com a dieta das supermodels, compre o curso online para descobrir como ter uma vida produtiva, garanta todas as tendências criadas no TikTok, faça compras sempre que tiver uma ocasião nova e por aí vai.
“Vivemos em uma sociedade que nos incentiva a consumir exageradamente. A publicidade, a cultura do consumo e até mesmo a pressão social muitas vezes nos empurram em direção a compras desnecessárias”, explica Alexandre Chahoud, autor do best-seller Seja Minimalista.
Exagero e consumismo na internet
Os excessos permeiam a Internet: criadores postam centenas de conteúdos sobre seu cotidiano livre de defeitos para permanecer em alta, usuários passam longas horas em frente as telas e algoritmos recomendam milhares de produtos que combinam com seu perfil. Não há como sair ileso – atire o primeiro cartão de crédito quem nunca fez uma comprinha online ou foi influenciado a adquirir algo.
As redes sociais têm um grande impacto em nossos hábitos de consumo, segundo o ativista do minimalismo. “Elas nos expõem constantemente a imagens de vidas ‘perfeitas’ e produtos que supostamente nos farão felizes”, diz ele. Mas é preciso estar atento. “Devemos questionar essa narrativa, entender que a felicidade não está necessariamente ligada ao consumo material e saber controlar nosso consumo digital, buscando separar o conteúdo relevante daqueles que não agregam conhecimento.”
Exagero na estética
Moda, beleza e padrões sempre atuaram no ramo dos exageros, mas agora há buscas ainda mais enfáticas nesses setores. A ostentação com logos de grifes aparecendo nos looks e as maquiagens que modificam por completo narizes, bocas e olhos são a ponta do iceberg.
Temos disponíveis cirurgias plásticas e procedimentos estéticos capazes de transformar você em outra pessoa, distanciando cada vez mais os rostos e corpos da vida real – nesse aspecto, o Brasil é quase campeão, perdendo apenas para os Estados Unidos no ranking mundial de quem mais faz intervenções estéticas.
Na direção contrária do exagero
O minimalismo pode ser a resposta a esses estímulos excessivos. “Ele nos encoraja a refletir sobre nossos valores e necessidades reais, ajudando-nos a focar em experiências significativas em vez de acumular coisas”, segundo Alexandre.
Mas o que é exatamente esse movimento? “O minimalismo é um estilo de vida que valoriza o foco no essencial, reduzindo a necessidade de bens materiais. Sua função é nos libertar das distrações, permitindo-nos concentrar em aspectos mais significativos da vida. É uma ferramenta poderosa para alcançar a clareza e a paz de espírito em um mundo cada vez mais caótico”, explica ele.
Mas podem se apropriar até do minimalismo
Embora o minimalismo seja uma alternativa ao estilo de vida onde o consumo excessivo é protagonista, há quem se apodere do conceito para vender. “O minimalismo tem se tornado uma tendência de marketing, e vemos produtos sendo comercializados com o termo ‘minimalista’ para atrair consumidores. Isso pode ser um desafio para os verdadeiros adeptos do minimalismo, pois pode deturpar sua essência”, afirma o escritor.
No entanto, ele acredita que essa popularização também pode ser positiva. “Ela introduz mais pessoas ao conceito do minimalismo e, se bem aplicado, pode auxiliar muito em nossas vidas. É importante que as pessoas compreendam que o minimalismo vai além de produtos estilizados e envolve uma mudança de mentalidade e valores”, finaliza.