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Afeto intergeracional: a importância de ter amigos de diferentes idades

A necessidade — e alegria — de manter relações interpessoais com quem é mais velho ou novo do que você

Por Lorraine Moreira
13 set 2023, 08h55
Jovem e mulher idosa se divertindo juntas
As amizades intergeracionais geram benefícios mútuos (Anastasia Shuraeva/Pexels)
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Os amigos são a família que escolhemos – e ela não é composta apenas por pessoas de uma faixa etária. Desde crianças, somos estimulados a criar amizades com quem possui idade próxima, mas isso não precisa ser uma realidade depois de nos tornamos adultos. Muitas vezes, porém, seguimos essa lógica até os nossos últimos dias, abandonando as oportunidades que surgem e deixando de criar afetos com pessoas de outras gerações. Amizades intergeracionais, porém, são importantes e cheias de privilégios.

Cerca de 11,8 milhões de pessoas moram sozinhas no Brasil, segundo o IBGE, e 41,8% delas são idosas. Embora esse dado não signifique que indivíduos com mais de 60 anos vivam sós por falta de opção ou desamparo, é fato que a vida social tende a diminuir conforme envelhecemos.

As amizades intergeracionais atuam não só como uma prevenção ao isolamento involuntário e o etarismo, como também ampliam os conhecimentos de quem as mantém, afinal, é sempre tempo de aprender algo novo com quem é diferente de você.

“Estabelecer esse tipo de relação nos possibilita novos aprendizados, pois as trocas de experiências, partindo da transmissão de conhecimento práticos, orientações, conselhos e lições acrescentam muito ao outro. Não à toa, colabora na construção da comunicação empática, compreensão emocional, e resolução de conflitos”, explica a psicóloga de mulheres Isabela Teixeira.

Os jovens têm muito a ganhar com os idosos: a atenção e orientação que muitos não recebem em casa, especialmente entre populações mais vulneráveis, é uma possibilidade, segundo estudos da Universidade de Stanford. Paralelamente, as pessoas mais velhas podem se beneficiar aprendendo sobre inovações ou observando a perspectiva jovem sobre algo.

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Tirar proveito das diferentes visões que os dois grupos possuem também ajuda a lidar com fases tão complexas da vida. As pesquisas da mesma faculdade descobriram que os cérebros melhoram em muitos aspectos à medida que os anos passam, como a capacidade para resolver problemas. Nesse sentido, um jovem com tantas questões existenciais pode ser ajudado.

“Os estereótipos criam barreiras entre gerações. O etarismo pressupõe que pessoas mais velhas perdem seu valor socialmente, além de sugerirem que estas devam seguir uma ‘cartilha’ do que é esperado para a idade. Em contrapartida, algumas pessoas de gerações passadas chamam a geração atual de ‘nutella’, pois recusam-se a aceitar as mudanças e estereotipam os jovens como mimados e frágeis demais”, reflete a psicóloga Amanda Giglio.

Jovem e mulher idosa se divertindo juntas
Ter amizades com pessoas de idades diferentes ajuda a sair das mesmas conversas de sempre (Anastasia Shuraeva/Pexels)

Por outro lado, um relatório de 2021 da Generations United, ONG para a promoção de políticas para conectar gerações nos Estados Unidos, aponta que os adultos mais velhos que participam de programas intergeracionais podem experimentar uma redução na sensação de fragilidade. Também é uma oportunidade de sair das mesmas conversas de sempre e conhecer um mundo para além da sua bolha.

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As diferenças não podem ser vistas como empecilho para a construção de laços afetivos e empáticos. Mas os diferentes estereótipos corroboram para o desenvolvimento de crenças disfuncionais que contribuem para as limitações e prejudicam a qualidade dessas relações, seja pelo preconceito ou discriminação, culminando na falta de respeito ou dificuldade de construção de relacionamentos que sejam significativos. Também devido a um possível déficit na comunicação, ou a resistência às mudanças e a compreensão das diferenças geracionais e etárias”, acrescenta Isabela.

Como desenvolver o afeto intergeracional?

As relações intergeracionais precisam ser incentivadas na sociedade através de políticas públicas e estratégias de conscientização para que haja uma educação sobre o assunto. “É necessário abrir mão de preconceitos e quebrar paradigmas. Precisamos nos manter abertas à novas experiências e compreender que essa troca agrega conhecimento e traz uma rede de afetos e apoio”, pontua Amanda.

“Diálogos precisam ser iniciados, matérias como esta colaboram para a disseminação do assunto. Nós, como pessoas, precisamos ter uma escuta ativa para que conexões autênticas ocorram”, lembra Isabela. Participar de atividades intergeracionais também é funcional, conforme ela explica, para que gerações possam compartilhar experiências e interesses, colaborando para a inclusão em comunidades e ambientes de trabalho como forma de fomentar o afeto intergeracional.

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