7 fatos importantes sobre transmissão e prevenção de DSTs
Sabia que a boa saúde das gengivas tem tudo a ver com a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis?
Os conselhos para prevenção de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) são velhos conhecidos de todas nós. Desde cedo somos orientadas a sempre fazer sexo com camisinha, aprendemos que os testes frequentes para a detecção de infecções são aliados para o tratamento das doenças em um estágio inicial e que a conversa aberta sobre sexo seguro com as pessoas com quem transamos é essencial.
É tudo muito útil e necessário, mas parece que não tem sido 100% eficaz: os casos de sífilis aumentam no Brasil diante de nossos olhos, a super bactéria da gonorreia assusta médicos do mundo todo e metade dos brasileiros tem HPV (e a maioria nem desconfia disso).
Conversamos com a médica infectologista Joana D’Arc Gonçalves, da Aliança Instituto de Oncologia, e com a ginecologista Ana Katherine da Silveira Gonçalves, membro da comissão de Doenças Infecto-Contagiosas da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), para esclarecer alguns pontos sobre a transmissão e a prevenção de DSTs que podem fazer toda a diferença no seu dia a dia. Vamos aos fatos.
As DSTs nem sempre manifestam sintomas
Por isso, estão começando a ser chamadas pelos especialistas de ISTs: infecções sexualmente transmissíveis. “Doenças pressupõem sintomas, enquanto as infecções não precisam obrigatoriamente apresentá-los. Muitas dessas condições são assintomáticas, caso da gonorreia e do HPV”, explica Joana.
A ausência de sinais de alerta dificulta muito o diagnóstico nos estágios iniciais (ou o diagnóstico como um todo) e pode manter a disseminação das infecções indefinidamente.
O recomendado é que sejam feitos exames pelo menos uma vez ao ano para verificar se há algo a ser tratado. “Dependendo do grau de exposição, se foi feito sexo sem proteção, por exemplo, esse prazo pode ser menor”, orienta Joana.
A camisinha é ótima para prevenir DSTs, mas não é eficaz em 100% dos casos
Tanto na versão masculina quanto na feminina, a camisinha é o método mais prático, eficaz e difundido para a prevenção de DSTs. “Ela reduz substancialmente o risco individual de qualquer tipo de infecção. Os preservativos são altamente eficazes na proteção contra a infecção do HIV, desde que sejam usados corretamente em todo tipo de relação sexual”, afirma Ana Katherine.
A ginecologista conta que “os testes de laboratório mostram que nenhuma IST, incluindo a infecção por HIV, pode atravessar uma camisinha de látex intacta”.
O problema está nas áreas do corpo que as camisinhas não cobrem, ou seja, púbis, virilha, pernas, língua, dedos. “Uma ferida de sífilis que esteja na púbis pode infectar uma parceira ou um parceiro no contato com a pele sensibilizada”, exemplifica Joana, que também esclarece que verrugas de HPV podem aparecer em qualquer lugar do corpo, como os dedos. Daí já viu, né: na hora daquela preliminar delícia pode acabar havendo uma infecção.
Lubrificantes podem ajudar a evitar a infecção por DSTs
Joana destaca que a lubrificação adequada pode evitar DSTs. Isso porque o sexo sem lubrificação suficiente pode gerar feridas por fricção, que funcionam como uma porta de entrada para as infecções. “A pele é uma barreira, desde que não esteja machucada”, diz.
Mas deve-se tomar cuidado na hora de comprar o lubrificante: o ideal é que ele seja à base d’água. Ana Katherine explica por quê: “O uso de lubrificantes que contenham óleos, gorduras ou graxas pode enfraquecer o látex da camisinha e fazer com que ela se rompa.”
Há cerca de 30 DSTs circulando por aí
As DSTs podem ser, segundo a infectologista, virais (HIV e herpes), bacterianas (clamídia, gonorreia e sífilis), por fungos (candidíase – mas nem todos os tipos de candidíase são transmitidos sexualmente, é bom saber) ou por protozoários (gardnerella, tricomoníase). E são cerca de 30 as que existem atualmente.
Como foi colocado anteriormente, muitas vezes elas não têm sintomas de dor ou feridas, mas sempre haverá alguma espécie de corrimento vaginal ou uretral relacionado a elas. Quando algo diferente e com odor desagradável se manifesta no corpo, é interessante procurar auxílio médico.
Existem exames para detectar todas as DSTs existentes
São muito raras as ocasiões em que uma pessoa vai realizar testes para verificar se tem todas as DSTs existentes, mas eles existem e estão à disposição de quem tiver condições de pagar por eles. São os painéis moleculares para DSTs.
Há médicos super abrangentes que solicitam os exames quando a paciente decide começar a tentar engravidar, há indivíduos que tiveram muitas experiências sexuais desprotegidas e ficam inseguros. Há, ainda, pessoas que sofreram um estupro e querem tirar a prova completa, mesmo tendo passado pela profilaxia de emergência nas 72 horas seguintes à agressão. Mas estes casos são exceções.
“O recomendado pelo Ministério da Saúde é pedirmos os exames de acordo com os sintomas”, conta Joana. “O corrimento vaginal ou uretral normalmente é sinal de gonorreia ou clamídia, as úlceras genitais de sífilis e herpes são fáceis de identificar clinicamente. Com base nesses indícios pedimos exames para investigar o que é exatamente.”
A boa saúde bucal está intimamente ligada à prevenção de DSTs
Um estudo do Centro de Saúde da Universidade da Geórgia (EUA) mostra que sangramentos nas gengivas – sintomas de gengivite e de periodontite – são portas de entrada significativas para herpes, sífilis, clamídia, gonorreia, HPV e hepatite durante o sexo oral desprotegido.
Por isso, os médicos envolvidos no estudo recomendam duas atitudes. De um lado, que sempre seja usada a camisinha masculina ou feminina durante o sexo oral; do outro, que a pessoa não escove os dentes nem use fio dental imediatamente antes do sexo oral, para minimizar os riscos de sangramento. Se você quiser refrescar o hálito para sua performance, use um enxaguante bucal.
Além disso, a orientação é que um dentista seja consultado quando você notar qualquer sangramento nas gengivas, para manter a boa saúde bucal.
A ducha vaginal pode facilitar as infecções por DST
Ana Katherine explica que “a lavagem ou ducha vaginal com substâncias irritativas pode causar escoriações que podem favorecer a penetração de agentes infecciosos e até do HIV”.
“Existe uma única condição em que está formalmente indicado o uso da ducha vaginal, que é a vaginose citolítica. Nela, a vagina se torna muito ácida e é utilizada a ducha vaginal com bicarbonato de sódio para diminuto essa acidez”, ensina a ginecologista.
Por isso, nada de fazer lavagens vaginais à toa. A vagina só precisa ser lavada por fora, na área em que tem pelos. Internamente, ela é “autolimpante”.