Mães superaram dificuldade na amamentação com essas dicas profissionais
"Amamentar é essencial e não tem que doer", explica Daniele Marins, enfermeira especialista em aleitamento materno
A campanha Agosto Dourado incentiva a amamentação e reforça a importância de compreender os benefícios e sanar as dificuldades da lactante e do bebê.
“A relevância do aleitamento é inegável, principalmente porque, até os seis primeiros meses de vida, o leite materno é o único alimento que supre as necessidades do bebê”, explica Daniele Marins, enfermeira especialista em aleitamento materno e fundadora da consultoria de amamentação Bem Nascer Gestantes.
Para ela, além dos problemas físicos e psicológicos enfrentados, os tabus ainda são uma grande barreira. “Algumas mães ainda acham que só o leite delas não alimenta o suficiente. A falta de segurança de saber a posição certa e a carência na rede de apoio também as afetam”, conta Daniele.
E agora?
Mãe de primeira viagem, Monique Lima, 26 anos, foi uma das lactantes que enfrentou problemas na amamentação. “Eu não sabia que tinha uma ‘pega’ correta da bebê. A falta de informação trouxe feridas no meu seio”, desabafa a lactante, que passou a extrair o leite para oferecer à filha por conta das fortes dores. A rotina só ganhou um respiro após a ajuda de uma profissional especializada.
Em meio a essas dificuldades, ela percebeu a importância de sua saúde mental. “O emocional conta muito na hora da amamentação”, garante. “Toda carga emocional da mãe vai influenciar na amamentação e é sentida pelo bebê. Se a mulher está estressada, a criança também pode sofrer com irritabilidade”, explica Marilene Kehdi, psicóloga especialista em atendimento clínico.
A profissional aconselha sempre a verbalização dessa carga. “Procure manter a calma, peça ajuda e converse com seu companheiro ou companheira sobre o que está sentindo. Se for necessário, busque ajuda especializada com um psicólogo, que vai te ajudar muito. Além disso, não deixe de conversar com seu médico”, revela Marilene.
Fernanda Pereira, 36 anos, também compartilha experiências traumáticas em relação ao aleitamento materno. Quando sua filha Clara nasceu, ela não tinha informações sobre esse momento da maternidade. “A criação não vem com manual de instruções, principalmente de amamentação. E, na primeira noite depois do parto, eu tive uma madrugada do terror”, lembra.
Após quase 24 horas sem conseguir amamentar sua filha, Fernanda esperava que “um anjo entrasse no quarto” para ajudá-la. Então, na troca de turnos, ela pediu ajuda a uma enfermeira que, atenciosamente, ensinou a forma certa de amamentar. “Ela veio, colocou a Clara no meu colo, apoiou a cabecinha dela e direcionou a boca no meu peito. Conseguimos vir pra casa com ela mamando”, conta.
A dor, apesar de ser comum, não é normal, por isso é importante buscar acompanhamento médico e psicológico ao enfrentar dificuldades. “Amamentar não tem que doer, se está doendo ou desconfortável, é porque provavelmente tem alguma coisa errada. A posição ou pega inadequada ou até mesmo a presença de algum fator externo”, aponta Daniele.
Dica profissional
Segundo Daniele, uma das recomendações mais importantes para conseguir a pega certa é que a boca do neném esteja aberta e o mamilo no sentido do céu da boca.
“Você tem que corrigir durante a mamada até que os dois fiquem na posição correta. Não pode doer! Se sentir dor, tem que tirar e colocar o neném de novo”, conta.
As fissuras e a dor são resultado da pega errada do bebê no peito, o que causa muita desconforto. “Uma coisa prática que ajuda muito nas dores é passar o próprio leite na mama e pegar Sol, porque ajuda muito no processo de cicatrização”, explica a especialista.
A enfermeira também revela que a massagem é uma grande aliada na amamentação correta e saudável. “As massagens são extremamente importantes para deixar as mamas flácidas, facilitando o encaixe do bebê. Quanto mais dura e rígida a mama estiver, mais difícil vai ser pro bebê fazer a pega”, aconselha.