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Como usar o tempo livre em casa para conhecer seu próprio corpo

Ao entender os próprios ciclos, a mulher consegue notar mudanças no corpo que podem ser importantes, além de se tornar mais produtiva

Por Colaborou: Maria Clara Serpa
Atualizado em 9 jun 2021, 17h46 - Publicado em 2 jun 2020, 12h00

Sono agitado, noites mal dormidas, pouca produtividade, dores de cabeça e ansiedade. Você ou alguém que você conhece possivelmente sentiu alguma dessas mudanças na sua vida durante o isolamento. A piora na saúde mental dos brasileiros fez com que crescesse também a demanda por conteúdos que busquem melhorar esses sintomas, promovendo o autoconhecimento. Com tudo o que se sabe sobre o tema, e por mais importante que ele seja, o autoconhecimento corporal – ou consciência corporal – foi deixado um pouco de lado.

Estamos o tempo todo criando, pensando, trabalhando e focando completamente no desenvolvimento do pensamento e, muitas vezes, acabamos deixando de lado essa outra fonte de conhecimento, que é o corpo. Especialmente as mulheres, que são seres cíclicos, e que pelo ciclo menstrual têm uma possibilidade de investigar problemas e mudanças em todos os aspectos do corpo.

Como não é algo que nos é incentivado desde pequenas, é normal que a conexão corpo-mente fique prejudicada ao longo da vida, mas é preciso mudar isso. Viver em um corpo alinhado faz com que nos conheçamos melhor e possamos descobrir doenças ou alterações no corpo rapidamente. Além disso, conhecer nossas potencialidades de cada período do mês ajuda a aumentar a produtividade e a manter um ritmo mais constante, além de diminuir a ansiedade e as frustrações.

A consciência corporal também é uma aliada importantíssima para melhorar a autoestima, porque conhecer o seu organismo pode fazer com que você finalmente perceba a potência que o corpo feminino tem, tornando-se assim uma mulher mais confiante, além de mais focada em seus objetivos. Com a rotina corrida, é mais difícil conseguir parar para se observar, então, que tal aproveitar um pouco do tempo livre na quarentena para se conhecer melhor?

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Ciclo menstrual

É comum que em momentos de grandes mudanças ou estresse, como é o caso de uma pandemia como a que estamos vivendo, o corpo sinta e se manifeste. O ciclo menstrual é um dos processos corporais que mais sofre alterações em casos como esse. “O ciclo menstrual é comandado pela hipófise, uma glândula que fica na base do cérebro e é muito próxima à glândula ligada às emoções. Essas duas glândulas são interligadas, o que explica o fato das emoções causarem alterações na menstruação. O cortisol, também conhecido como hormônio do estresse, também pode desregular a menstruação quando em altas quantidades e diminuir a produção de serotonina, o hormônio do prazer, nos deixando mais tristes, cansadas e estressadas”, explica a médica ginecologista Lídia Myung.

Observar e conhecer os efeitos das quatro fases do ciclo menstrual é um divisor de águas para se conectar consigo mesma. Para as mulheres que não usam métodos contraceptivos hormonais, que podem causar pequenas mudanças no ciclo, duas são as fases principais no nosso mês, e que devem ser observadas com mais cautela: a menstruação e a ovulação. Quando estamos sangrando, nossas energias ficam mais baixas, resultado da queda de hormônios como a serotonina. Neste momento, quando possível, é interessante fazer uma pausa, descansar mais e utilizá-lo como um momento de reflexão. Pense mais e aja menos.

Mais ou menos na metade do ciclo (em um ciclo de 28 dias, no dia 14), chegamos à fase da ovulação, o período fértil. Os hormônios estão a mil, por isso ficamos mais energéticas, criativas e sociáveis. É o melhor momento do mês para nos relacionar, conhecer pessoas novas, criar novos projetos e nos expressar. Saber o que está acontecendo dentro de nós e como isso se expressa fora, em nossas emoções e personalidades, nos ajuda a aceitar melhor quem a gente é e respeitar esses sintomas que se manifestam no nosso corpo. 

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Apesar dos padrões, cada mulher reage diferente a cada fase de seu ciclo. Por isso, é importante se observar e conhecer, para assim poder perceber mais rapidamente qualquer mudança brusca que possa significar que há algo errado no nosso corpo.

“Culturalmente, a mulher não é ensinada a se amar e se cuidar. Há essa exigência de cuidado, mas em relação aos outros, à família, aos amigos, e nunca a si mesma. É fundamental se analisar. Em situações como as que estamos vivendo, é normal que haja alterações no ciclo menstrual, mas é importante ficar de olho porque elas podem significar algo mais grave. O sangramento em excesso, por exemplo, é um sinal de alerta. Ao saber como funciona seu ciclo, a mulher pode perceber mais facilmente as mudanças e, então, procurar logo uma médica para saber se o que está acontecendo pode ser um problema maior”, diz Dra. Lídia.

Entre as alterações normais em momentos de estresse estão o atraso da menstruação – não ligado à gravidez –, o aumento das cólicas – já que estamos mais tensas e sensíveis e sentimos mais dor –, e mais cansaço e estresse. Menstruação em excesso – por mais de dez dias ou em quantidade muito maior que o regular em seu ciclo – e alterações bruscas no peso, seja para mais ou para menos, podem ser sinais amarelos de que há algo errado.

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Urina

Apesar de sempre ligarmos as mulheres à menstruação, a urina também é um fluido muito importante e que pode nos mostrar o que passa dentro do corpo. Segundo Dra. Lídia, mudanças no aspecto do xixi podem significar infecção urinária e até candidíase. “Se com a hidratação normal, ou seja, bebendo a mesma quantidade de água que bebe normalmente, a mulher observar que a urina está mais concentrada ou com cheiro diferente, é importante ficar alerta, porque mesmo sem dor, pode ser infecção urinária“, afirma.

Apesar de ser uma condição relativamente comum entre as mulheres, a infecção de urina é perigosa, porque quando não tratada rapidamente pode tornar-se mais grave e causar febre, dores fortes e até complicações nos rins. Quando há casos de repetição, a mulher também pode desenvolver candidíase, que causa coceira e desconforto, piorando muito sua qualidade de vida.

Vida sexual

“Várias pacientes relataram uma piora na vida sexual durante o isolamento. Isso pode ser normal, porque é compreensível uma piora na libido quando há tanto estresse e preocupação. O que não é normal, em nenhum caso, é sentir dor durante a relação sexual, seja hétero ou homossexual”, relata a ginecologista. Segundo Lídia, com tanta pressão e tantos afazeres, a tensão pode afetar até o sistema reprodutor, causando contrações involuntárias e, consequentemente, dor durante o sexo. Nestes casos, é perigoso seguir com o ato, já que pode causar até machucados na área da vagina por causa do atrito.

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“Para a mulher, já pode ser difícil ter uma vida sexual satisfatória devido a todas as pressões e padrões aos quais ela é imposta desde cedo e todas as preocupações são agravadas na pandemia. Mas ter uma vida sexual satisfatória impacta na autoestima e na qualidade de vida, por isso é importante procurar um profissional ou então maneiras de relaxar mais nesse período para evitar a dor”, diz.

Sono

Mudanças no padrão de sono também são comuns em fases como esta. Em uma sociedade pautada no sucesso profissional, com lemas como “trabalhe enquanto eles dormem” e rotinas corridas, o sono é deixado em segundo plano. “Na minha visão, é melhor você dormir melhor do que se exercitar sem estar descansado, por exemplo. Já está provado que dormir menos de 7 horas por noite pode aumentar muito a chance de ter câncer e as mulheres estão adoecendo cada vez mais cedo, com câncer de mama, endometriose e burnout. É preciso que as pessoas parem de deixar o sono de lado e se dediquem a ele, como se fosse tão importante quanto o trabalho ou exercícios físicos”, diz Lídia.

É óbvio que, em alguns dias, vamos querer dormir mais, mas quando isso se torna algo recorrente, pode ser sinal até de depressão. O oposto também vale. É recomendável tentar manter uma rotina mesmo nos dias em casa, dormindo e levantando no mesmo horário, para que seja mais fácil observar as alterações.

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Práticas

Além de prestar atenção em seu corpo, existem algumas outras práticas que ajudam na hora de se conhecer. Os exercícios físicos, independentemente de quais sejam são uma excelente maneira de melhorar a consciência corporal. A meditação também é defendida por profissionais como uma das principais práticas para quem busca o autoconhecimento. Segundo a pesquisadora e docente na área de Neurociência e Comportamento Elisa Kosaza, a meditação também pode ajudar a acalmar alguns sintomas do corpo que ficam mais fortes em momentos de estresse, como a TPM e as cólicas.

“As pessoas estão ansiosas, com medo e desesperanças. Esses sentimentos prevalecem mais nas mulheres, por isso pode ser que elas estejam sendo mais afetadas nesse período, inclusive fisicamente. É importante que a pessoa se conheça para saber como é a melhor maneira de se acalmar, e a meditação pode ser uma forma”, explica Elisa.

Porém, a pesquisadora alerta que a prática pode não servir para todas as pessoas nesse momento. Caso esteja sentindo sintomas de tristeza profunda ou já tenha tido histórico de depressão, é mais indicado procurar um médico antes de tentar meditar. “Como a meditação é uma prática que nos faz entrar muito dentro de nós mesmos, pode não ser ideal para quem tem depressão. Porém, com acompanhamento, ela é uma forte aliada”, diz.

Se você está saudável e quer incluir a prática na sua vida, a especialista sugere que você crie uma rotina e um horário certo para meditar todos os dias. Neste primeiro momento, você pode investir em apps que ensinam a meditação e seguir lives de professores no Instagram. “É importante entrar na prática com a cabeça sabendo que você não vai conseguir logo de cara, para não se frustrar. É difícil no início e quem já pratica há um tempo, com certeza, colherá mais frutos agora. É como num exercício físico, você vai melhorando com a prática e os maiores benefícios são a longo prazo. É para ser algo diário, não algo que você tenta fazer apenas em momentos de crise”, afirma Elisa.

Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva:

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