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Câncer no Brasil: é preciso coragem e cooperação na busca por avanços

Temos muitos caminhos para avançar na prevenção, no diagnóstico precoce e no tratamento do câncer: aprendizados do 14º Fórum Oncoguia

Por Michelle França Fabiani
23 Maio 2024, 20h22

Recentemente, fui impactada pela história de uma mulher diagnosticada com câncer de colo de útero que esperava havia sete meses para começar o tratamento. Ela só foi conhecer a Lei 12.732 por meio de um post das redes sociais do Instituto Oncoguia, associação de pacientes com câncer. Conhecida como Lei dos 60 Dias, prevê o direito de pacientes do SUS iniciarem seu tratamento oncológico em até 60 dias após o diagnóstico. Como ficava aquela mulher, que já esperava mais de 200 dias para fazer a cirurgia indicada por seu médico?

Ouvi esse relato durante o 14º Fórum Oncoguia, evento que ocorreu nos dias 8 e 9 de maio em São Paulo e anualmente traz luz a discussões essenciais da oncologia e da jornada dos pacientes. O depoimento causa inquietude não apenas pela demora no início do tratamento, mas também porque o câncer de colo de útero é um dos poucos tipos de câncer totalmente evitáveis. A vacinação de HPV para meninas e meninos, amplamente disponível no sistema público de saúde, protege contra o vírus causador deste e de outros tipos de tumor, e existem exames simples para diagnosticar lesões precocemente.

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É possível imaginar um futuro em que o câncer de colo de útero é erradicado com a imunização geral da população. Como sociedade, porém, ainda não fomos capazes de nos mobilizar para tanto. Temos as ferramentas e um programa desenvolvido pelo Ministério da Saúde, mas o que cada um de nós pode fazer para mudar esse cenário? Olhando para o papel da indústria, falei durante o Fórum Oncoguia sobre ações educativas que a Roche tem apoiado nas escolas, convidando profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para conscientizar alunos e pais sobre a importância da imunização do HPV. Também apoiamos o projeto Anariá, desenvolvido pela organização social SAS Brasil, que tem a missão de levar atendimento ginecológico a mulheres adultas, coletando exames que rastreiam lesões precursoras da doença em consultórios itinerantes.

Outro exemplo em que temos as ferramentas para avançar é o câncer de pulmão, o que mais mata no Brasil. É consenso entre sociedades médicas que o rastreamento com a utilização da tomografia computadorizada do tórax com baixa dose de radiação na população de risco aumenta as taxas de diagnóstico em estágios iniciais e reduz a mortalidade da doença, mas a prática ainda não se tornou política pública por aqui, diferentemente de outros países. Hoje, segundo o Radar do Câncer, do Oncoguia, 9 em cada 10 pacientes são diagnosticados em estágios avançados, o que torna o tratamento mais difícil e custoso.

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Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT), o Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) e a Roche se uniram em uma parceria para ampliar o rastreamento do câncer de pulmão no país, tendo como principal entrega um estudo inédito para avaliar a custo-efetividade do rastreio do câncer de pulmão e convencer os gestores a investir no rastreio como política pública, da mesma forma que é feito com o câncer de mama, por exemplo.

No Fórum Oncoguia, também conheci os novos resultados do estudo “Meu SUS continua diferente do seu SUS?”, que trouxe um recorte sobre a situação dos pacientes com câncer de pulmão. Em linhas gerais, os dados apontam que as inovações não são acessíveis aos pacientes que mais precisam delas. Segundo o levantamento, que comparou os tratamentos oferecidos nos hospitais do SUS com as diretrizes nacionais e internacionais, quase nenhum hospital público conta com a oferta de imunoterapia, abordagem terapêutica feita com medicamentos biológicos que estimulam o sistema imune para reconhecer e combater os tumores.

Ao analisar a disponibilidade de imunoterapia e terapia-alvo – este sendo um grupo  de medicamentos endereçados a receptores específicos nas células cancerígenas -, o estudo viu que apenas 4% dos hospitais respondentes contam com medicamentos recomendados pela Sociedade Europeia de Oncologia Médica para o tratamento de câncer de pulmão avançado.

Temos muitos caminhos para avançar na prevenção, no diagnóstico precoce e no tratamento do câncer

Michelle França Fabiani
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Eventos como o Fórum Oncoguia são essenciais para discutir a realidade do câncer em nosso país, acender alertas e mostrar rotas possíveis. É imprescindível dedicar um esforço contínuo para expandir o acesso à educação, informação e às inovações médicas, visando aprimorar o panorama do câncer em nossa nação e garantir que nenhum paciente seja deixado para trás.

Michelle França Fabiani é líder médica da Roche Farma Brasil

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