As adaptações do rastreamento de câncer de mama durante a pandemia
Nas cidades que estiverem em uma fase adequada, a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a mamografia em pacientes assintomáticas
Cada minuto na vida de uma pessoa com tumor interfere diretamente no resultado do seu tratamento. Sendo assim, o diagnóstico precoce se torna uma das principais armas para a recuperação do paciente oncológico. Com a mamografia, o câncer de mama pode ser descoberto bem no início, proporcionando uma diminuição drástica nos índices de mortalidade.
O fato de estarmos em uma pandemia fez com que o rastreamento de câncer de mama nos hospitais e unidades de saúde fosse interrompido, mas, com a flexibilização das medidas de isolamento social em algumas regiões do país, o exame de mamografia para mulheres assintomáticas com mais de 40 anos, idade sugerida pelas diretrizes internacionais, pode ser agendado.
Segundo a Dra. Paula Saab, membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia, o retorno do rastreamento, acompanhado das medidas de segurança, é necessário. “Não existe hora para isso terminar, por isso, mesmo nesse cenário, as mulheres precisam se atentar à própria saúde como um todo, até porque o câncer de mama sem tratamento é o que tem a maior letalidade. Seguindo as recomendações sanitárias, é possível fazer seu acompanhamento médico com segurança”, aponta a especialista.
A organização também explica que, com o retorno do rastreamento, as pacientes que tiveram alguma anomalia apontada nos exames de rastreamento serão contatadas para dar continuidade ao diagnóstico. De acordo com a Dra. Paula, durante a pandemia, houve uma diminuição de 70% de cirurgias e 50% de consultas. Para quem não chegou a fazer o rastreamento meses antes do isolamento, ao notar qualquer mudança na mama, é de extrema importância a procura por atendimento médico na unidade de saúde mais próxima à residência.
Outra ferramenta importante na percepção do nódulo nas mamas é o autoexame. Porém, o método não se iguala à mamografia, já que normalmente os nódulos maiores que são sentidos, enquanto que no rastreamento o tumor é encontrado em uma fase inicial. “A taxa de cobertura de mamografia no Brasil é de 24%, segundo um estudo nacional. Por isso, nesse cenário de pandemia, o autoexame tem mais importância, sim. A partir de 20 anos, ele pode ser feito todo mês, após 7 ou 8 dias da menstruação. Já para quem não menstrua, basta escolher uma data fixa para ser repetida mensalmente também”, aconselha.
Sobre o retorno dos tratamentos pelo Sistema Único de Saúde, a médica relata que o cenário é delicado. “Não vemos um planejamento para essa retomada e as filas estão aumentando. O ideal é que a pessoa faça o tratamento sem dificuldades, mas, se essa não for a realidade, é importante cobrar pelo serviço na unidade e procurar ajuda de ONGs que sejam referências na sua região”, alerta a profissional.
A Sociedade Brasileira de Mastologia ressalta que os exames e acompanhamentos do rastreamento devam retornar de acordo com a fase de cada cidade. “É importante ressaltar que pela heterogeneidade da situação da pandemia por Covid-19 no Brasil, não é possível adotar uma recomendação única a esse respeito. É recomendável que ao considerar o retorno das ações de rastreamento os gestores de saúde levem em conta indicadores locais”, apontam em nota.
Confira quais são as recomendações do Instituto Nacional do Câncer (INCA):
- As consultas devem ser agendadas previamente, seguindo as indicações de periodicidade e faixa-etária;
- Em caso de sintomas de Covid-19, é necessário reagendar a consulta;
- Os usuários vão passar uma triagem antes do atendimento;
- O distanciamento físico deve ser estimulado, organizado e monitorado por profissionais da unidade de saúde treinados, para evitar aglomerações nas salas de espera e nas áreas de atendimento;
- Deve haver limitação para entrada de acompanhantes na unidade de saúde;
- O ambiente, as superfícies e os equipamentos deverão ser desinfetados e limpos regularmente;
- Usuários e profissionais de saúde devem usar máscara facial e lavar frequentemente as mãos;
- Profissionais de saúde devem utilizar equipamento de proteção individual (EPI) segundo orientação específica.
- As unidades de saúde devem agendar consultas de seguimento, evitando idas desnecessárias das usuárias às unidades de saúde para fins de marcação de novas consultas.
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