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Dor de cabeça: entenda os sintomas e as causas do incômodo

Prestar atenção às características da queixa ajudam a encontrar a solução do problema

Por Débora Stevaux Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 nov 2017, 13h43 - Publicado em 1 nov 2017, 18h09
dor de cabeça
dor de cabeça (millann/ThinkStock)
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Segundo dados divulgados pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN), em maio deste ano, mais de 80% dos brasileiros confessaram sofrer de algum tipo de dor de cabeça. E muito embora o estresse seja apontado como uma de suas principais causas, especialistas compilaram cerca de 150 a 300 causas identificadas que podem acarretar a condição, considerando desde fatores internos à externos.

De acordo com o Dr. Roberto Rached, fisiatra do Hospital das Clínicas, além do estresse a hipoglicemia (redução dos níveis de açúcar no sangue), disfunções de pressão, cardíacas também podem acarretar o seu aparecimento. “Temos uma prevalência tão grande da dor de cabeça porque ela é multifatorial, ou seja, uma série de fatores são responsáveis pelo seu surgimento”, esclarece o médico, que completa: “A queixa mais comum é justamente aquela ligada ao estresse, que nem sempre é emocional, mas também físico. O perfil é quase sempre o mesmo — o paciente trabalha demais, com o pescoço inclinado para baixo, sobrecarregando o músculo localizado na região inferior da cabeça”.

Para a Dra. Alexandra Tavares Raffaini, médica assistente da equipe de Controle da Dor da Divisão de Anestesia do Icesp – Hospital das Clínicas/Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, médica assistente da equipe de dor da Santa Casa de São Paulo, existem mais de cem tipos diferentes de dor de cabeça: “É a segunda causa mais frequente de dores crônicas. Seu aparecimento pode estar relacionado a diversos fatores desencadeantes, como a má alimentação, distúrbios do sono, contrações musculares, neuropatia (danos nos nervos), artrose da coluna cervical, entre muitos outros.”

Roberto também esclarece que a dor de cabeça ocasionada pela rotina exaustiva de trabalho é característica por provocar alterações na região das orelhas: “Essa musculatura fica muito próxima dos ouvidos, por isso a pessoa, geralmente, relata o aparecimento de zumbidos, tontura acarretadas por alterações significativas nos tímpanos e no labirinto”, comenta. Além disso, o especialista afirma que alterações hormonais decorrentes do início da menopausa também podem causar a condição. “Com a alteração hormonal, as artérias, veias e outros vasos que estão na cabeça podem perder um pouco do controle da pressão, o que, inevitavelmente, poderá causar dor”, conta.

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Como classificar os tipos de dor de cabeça?

Embora a dor de cabeça possa ser classificada em três diferentes causas e fatores desencadeantes, o Dr. Roberto acredita que “separá-las” antes mesmo de consultar um médico e fazer o diagnóstico das possíveis causas responsáveis pelo seu aparecimento pode ser perigoso. Bem como o consumo desenfreado de analgésicos pela automedicação pode mascarar sintomas e aumentar as chances de aparecimento de doenças mais graves. “O estresse diário pode causar uma dor muito semelhante com aquela causada pela hipertensão, e essa, por sua vez, pode causar uma dor parecida com a enxaqueca”, completa ele.

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O especialista também explica que a enxaqueca é uma dor muito forte e que pode não ter um fator desencadeante aparente, piorando significativamente com esforço físico. “Além disso, os pacientes relatam apresentar outros sintomas como a dificuldade com a claridade (fotofobia), cheiros muito fortes e sons muito altos. Por isso, quem comumente sofre de dores enxaquecosas, relata melhorar se permanecem em um ambiente escuro”, completa. Ricardo também revela que alguns pacientes podem apresentar uma dor enxaquecosa devido ao estresse. “Geralmente, ela é pulsátil e surge dos lados da cabeça ou no topo. Algumas pessoas também se queixam das dores que aparecem na região atrás dos olhos. A dor da enxaqueca é mais unilateral, ou seja, dificilmente acomete toda a cabeça”, conta.

A dor do estresse comumente aparece na base do crânio, na região da musculatura do pescoço e da orelha. “Também pode surgir na parte da frente, onde franzimos a testa, porque nessa região existe uma musculatura. Toda a nossa cabeça é ligada por um tecido muito grosso. No caso de dores que aparecem na frente, algumas pessoas costumam confundir com crises de sinusites, por isso é fundamental que as pessoas procurem a ajuda de especialistas para fazer o diagnóstico e dar início ao tratamento”, recomenda.

Já a dor decorrente da hipertensão, nome técnico da pressão alta, caracterizada como a tensão acima do normal exercida pela corrente sanguínea sobre os vasos, é bem menos comum. “Ela pode ser confundida com outros tipos de dor porque, quando sentimos dores, liberamos substâncias que aumentam a pressão, e quando diminuímos, a pressão também apresenta uma queda, principalmente quando fazemos uso de medicamento. Mas isso não quer dizer que ela esteja abaixo do normal, mas sim, se normalizando”, pontua o médico.

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Quando um paciente sofre de hipertensão, é muito comum que as dores na base da nuca. “É uma dor com características irritativas, acompanhada, comumente de turvações visuais, aumento da frequência cardíaca e cansaço súbito. Mas é extremamente rara e precisa de tratamento urgente, pois pode desencadear problemas mais graves como o “derrame cerebral”, como é popularmente chamado o acidente vascular cerebral (AVC)”, conta.

O perigo da automedicação com analgésicos

Ainda de acordo com dados divulgados pela pesquisa realizada pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN), somente 61% daqueles que relataram sofrer frequentemente de dores de cabeça revelaram procurar ajuda médica para iniciar o tratamento. O que revela um problema de saúde pública, visto que as opções de analgésicos para sanar a dor são incontáveis em qualquer farmácia. Para o Dr. Roberto, esse é um dado muito preocupante: “Quanto mais analgésicos tomamos para a dor de cabeça sem saber, ao certo, qual é a sua causa, não conseguimos alterar o seu ciclo, ou seja, não conseguimos melhorar e cada vez mais precisamos de mais medicamentos para controlar”, revela.

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O especialista também ressalta que, ao suspender o consumo dos remédios de forma brutal, mais da metade dos pacientes não apresenta piora do quadro. “Alguns, inclusive, relatam melhorar. É uma conduta um pouco agressiva, mas além dos problemas relacionados à cabeça, outros órgãos podem ser prejudicados como o fígado e o rim devido ao uso de anti-inflamatórios, além do aumento da pressão arterial, frequência cardíaca, risco de arritmia e sangramentos intestinais. Uma classe específica de remédios também pode aumentar o risco de tromboses e infarto. O uso indiscriminado desses remédios também pode mascarar problemas mais graves como tumores cerebrais e aneurismas que podem se romper, colocando em risco a vida do paciente”, indica.

Tratamento sem remédios 

O especialista também afirma que estímulos de alguns pontos específicos, como prega a medicina chinesa – tanto da cabeça, quanto dos que estão localizados nas extremidades do corpo, como mãos e pés – podem ajudar. “Essa prática milenar é chamada de Do-In e age nos mesmos pontos musculares da acupuntura para o alívio da dor e das tensões, a diferença é que essa utiliza os dedos e a acupuntura, as agulhas. Cientificamente, é comprovado a sua eficácia no alívio das tensões, que na maioria das vezes, são as grandes causadoras das dores”, esclarece.

Há diversos pontos espalhados pelo corpo humano que são passíveis de estímulos, alguns localizados nas têmporas — entre o olho e a orelha —, na região da nuca, no canto interno dos olhos e no meio dos dois — chamado de terceiro olho. “Apesar de comprovada sua efetividade no tratamento, é fundamental que haja um cuidado para não se machucar e, consequentemente, aumentar a dor. Os pontos nos pés e nas mãos, entre os dedões e o segundo dedo, também são passíveis de receber estímulos”, completa. A prática também pode ser recomendada para gestantes, por não ter contra-indicações e acarretar maiores problemas para a saúde das mães.

Quando a dor de cabeça pode ser grave?

O especialista também reitera que a dor de cabeça, embora na maioria das vezes, não seja caso de emergência, há alguns sinais que os pacientes devem prestar atenção e podem, nesses casos, implicar uma gravidade. “Se é súbita e aparece relacionada a alguma alteração visual, caso apareça sem nenhum fator aparente ou decorrente de algum trauma, for prolongada, com queixas frequentes em mais de uma semana, já é recomendado procurar um neurologista para fazer o diagnóstico de exclusão de fatores graves”, ressalta.

As duas condições mais graves que a dor de cabeça pode estar relacionada são aneurismas e tumores, por influenciarem drasticamente o fluxo sanguíneo na região do cérebro, acarretando perda considerável de massa encefálica, com prejuízos, por vezes, permanentes. “O aneurisma pode surgir em pessoas jovens, temos visto muitos casos que surgem em pessoas com faixa etária de trinta anos, por exemplo. Então, é algo para se preocupar e procurar um neurologista que indicará alguns tipos de tratamento, de acordo com a gravidade e a natureza do problema”, finaliza.

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